16 de julho de 2018

HONDA CIVIC TYPE R GT – Simplesmente... FANTÁSTICO!


Aviso: quaisquer problemas de saúde – desmaios súbitos, subida de tensão, ataques de ansiedade,  etc –, causados pela leitura e visualização das fotos deste ensaio, não são da responsabilidade do Motor Atual.
Pedimos também  desculpa pelo uso de algumas palavras ou termos menos próprios, devido ao entusiasmo exacerbado deste vosso escriba.

Introdução – Escrever sobre automóveis não é fácil e muito menos quando temos de escrever sobre um automóvel  tão especial e único como é o novo Honda Civic Type R. 

Se, para muitos, escrever sobre um automóvel resume-se quase sempre a efetuar um “copy-paste” dos excelentes press-releases que a maioria das marcas nos enviam, fazendo um “figurão” de entendido na matéria com o uso e abuso de tudo o que são termos técnicos e despachando a coisa em menos tempo do que vocês levam a ler esta introdução, para mim, que sou um gajo que "apenas" gosta de automóveis (e motos!), a coisa é diferente pois além do debitar quase obrigatório de alguns dos tais termos técnicos e lista extensiva do equipamento que cada veiculo possuí, tento, acima de tudo, escrever sobre todas as sensações - positivas ou negativas – que me são transmitidas pelo veículo que estou a ensaiar, desde a primeira vez que o vejo quando o vou levantar à marca, o seu design, a forma como sou recebido e envolvido no seu habitáculo, o toque e a qualidade dos materiais usados na sua construção, o equipamento  que tenho ao meu dispor, a envolvência da sua condução, a segurança que transmite, as suas performances, etc... tendo depois a difícil tarefa de traduzir todas estas sensações em palavras, aqui furiosamente, escritas!



Ora bem, isto tudo para vos dizer que este vai ser para mim, provavelmente o texto mais difícil de redigir pois, é sempre muito difícil escrever de forma totalmente imparcial e isenta sobre um veículo pela qual me apaixonei desde a primeira foto que o vi, ainda como Concept. Mas juro que vou tentar.

No entanto... parece que não sou o único que ficou totalmente “apanhadinho do clima”, por este Honda e isto pode ser comprovado pela já extensa lista de prémios que o Civic Type R já venceu:

“Melhor Automóvel Desportivo do Ano de 2017” - Revista alemã “sport auto”;
“Melhor Automóvel na Categoria Performance 2017” - Women´s World Car of the Year (votado por um júri composto exclusivamente por mulheres);
“Hot Hatch of the Year 2017” - BBC TopGear;
“Carro do Ano para os Editores Internacionais 2017” - BBC TopGear;
“Carro do Ano 2017” - BBC TopGear;
“Desportivo do Ano 2017” - Na edição de 2018 dos prémios “Carro do Ano”, em Portugal.

Depois deste desfilar de prémios, senhoras e senhores, apresento-vos, o Honda Civic Type R GT!

Design & Acabamentos – Antes de mais nada, este Honda não é para pessoas discretas e que gostem de passar despercebidas pois, tal é impossível de acontecer quando estamos ao volante do novo Civic Type R!

Para alguns, o design deste novo desportivo da marca japonesa poderá ser um exagero no que diz respeito ao seu aspeto visual, muito por culpa das suas linhas agressivas, alargamentos e apêndices aerodinâmicos. Já para outros, entre os quais me incluo, é uma obra de arte, uma ode aos sentidos. Seja de que ângulo for, o Honda Civic Type R, é um espanto! 



Confesso que passei largos minutos (durante as vezes que o fotografei, sempre que parava por qualquer motivo, ou simplesmente porque... sim!) em pura contemplação, apenas a olhar por olhar, descobrindo todos aqueles pequenos (e também os grandes!) pormenores que fazem toda a diferença, quando comparamos este Civic, com os seus “irmãos normais”. 

Se ficámos surpreendidos com a Honda, devido ao design moderno e arrojado do seu novo Civic, o que dizer então da versão mais desportiva do seu modelo de maior sucesso?



O novo Type R parece que foi desenhado pela ponta afiada de uma espada de samurai, tal a quantidade de cortes e recortes que encontramos ao longo da sua carroçaria, seja na longa frente, onde destacamos no para-choques dianteiro mais bojudo, as óticas afilada, o grande “H” em vermelho que simboliza os modelos desportivos da Honda, o “lábio” dianteiro – tal como as saias laterais e o difusor traseiro - “debruado” a vermelho. 



Já na traseira, além das três ponteiras de escape, o destaque vai todo para o enorme aileron que, na minha opinião, assenta-lhe como uma luva e que não está ali apenas para enfeitar, aliás, tal como acontece com todos os cortes e recortes e apêndices aerodinâmicos da carroçaria deste Civic.
  
A “cereja no topo do bolo”, no que diz respeito à beleza e agressividade desportiva, é dado pelas jantes de liga leve de 20 (pneus R20 245/30) polegadas de 5 braços duplos.  

Ergonomia & Equipamento - Abrindo a porta, a decoração, não engana. Preto e vermelho, são as cores dominantes do interior de qualquer Type R e como é óbvio, este não seria a exceção!



Ao sentar-me no lugar do condutor, sou “abraçado” por uma autêntica “bacquet” de luxo forrada de tecido e camurça – que alternam entre o preto e o vermelho – que me mantém bem preso, principalmente quando passo do modo condução, para o modo “pilotagem” e que proporciona uma posição de condução perfeita, tanto em relação ao trinómio volante/pedais/seletor da caixa de velocidades como em relação à visibilidade exterior, pois, até mesmo a enorme asa traseira e ao contrário do que seria lógico, não prejudica a visão para o que se passa lá atrás. 



O volante, bicolor (preto e vermelho, pois claro!) e com uma excelente “pega” está forrado a couro e tal como nas versões “normais” do Civic, incorpora uma série botões que acedem a diversas funcionalidades, tanto do sistema de som, telefone mãos-livres e "cruise control", como  de diversas informações sobre o automóvel que são visualizadas no ecrã “TFT-LCD  a cores de sete polegadas, situado no centro do painel de instrumentos. 

Deixando os lugares da frente e olhando para os traseiros, digo que... a Honda podia ter feito mais. Sabendo que atrás apenas podem viajar duas pessoas (sim, o Type R está homologado apenas para 4 pessoas) e que estamos perante um automóvel de performances excecionais, estes dois lugares deveriam ser mais “cavados”, de forma a proporcionarem melhor apoio lateral, ou seja, segurarem melhor, quem ali se senta, principalmente quando o condutor decide dar “liberdade” aos 320 cv. 
Espaço é algo que não falta em qualquer dos quatro lugares, tal como na bagageira, com os seus 414 litros de capacidade, cobertos por uma original  cobertura deslizante.



Muito bem integrado na consola central (detesto aqueles que são “penduricados”) temos o ecrã touchscreen a cores de 7 polegadas Honda Connect que nos dá acesso às funções de controlo do sistema de info-entretenimento, climatização e imagem do que se passa lá atrás, quando se efetua marcha-atrás. 
O seu manuseamento, requer algum tempo de habituação pois, não é dos sistemas mais fáceis de utilizar.



À frente do condutor, integrado no painel de instrumento (totalmente digital) está situado o interface de informação do condutor (DII) com ecrã colorido TFT-LCD de sete polegadas, tal como acontece com todos os Civic.  

Tal como no Civic “normal”, o Type R também está equipado com o “Honda Sensing” que consiste num conjunto de tecnologias de segurança, dos mais completos da classe e que engloba os seguintes itens:

- Sistema atenuante da gravidade da colisão;
- Aviso de colisão frontal (FCW);
- Aviso de saída de faixa (LDW);
- Sistema atenuante de saída de estrada (RDM);
Sistema de assistência à manutenção na faixa de rodagem (LKAS);
- Cruise control adaptativo;
- Reconhecimento de sinalização de trânsito (TSR);
- Limitador inteligente da velocidade;
- Cruise control inteligente (i-ACC).



No Type R aqui em teste, a versão GT,  temos ainda: 

- Detetor de ângulo morto (BSI);
- Monitor de trânsito lateral (CTM);
- Ar condicionado Dual Zone; 
- Espelho retrovisor interior com escurecimento automático; 
Honda Connect Navi Garmin; 
- Carregamento Wireless; 
- Sistema áudio com 12 altifalantes de 542 watts; 
- Faróis dianteiros de nevoeiro em LED.

Em relação ao interior do Type R, falta apenas falar de dois aspetos que acho negativos, presentes também nas versões normais e que nada tem a ver com a modernidade e até futurismo assumido pela Honda, neste Civic. 
Falo por exemplo da “pilinha” situada no painel de instrumentos e que serve para colocar a zeros, os conta quilómetros parciais.
E o que dizer do “plafonier” que liga a luz interior traseira? 

Senhores da Honda, não “habia nexexidade” de colocar num automóvel tão moderno, estas peças que pertencem a modelos do... século passado! 
Ok, ok, eu percebo que se deve aproveitar o que existe em stock mas, será que ficaria assim tão caro, ou iria encarecer tanto o produto, se tivessem  modernizado estas duas “coisitas?

Na Estrada - E chegou finalmente a parte em que carrego no botão e... naaaaa, ainda não cheguei a essa parte e por isso, das duas uma: ou continuam a ler ou... seguem para a parte do teste em que finalmente ligo o motor e...
Estava a brincar, vou falando do resto enquanto conduzo pois também eu já estou a começar a “stressar” com tanta teoria!

Assim sendo e como já me encontro sentado no Type R, dou um toque no botão “start” e eis que os 320 cv começam a ronronar através das três saídas de escape situadas lá atrás, bem centradas, sob o difusor traseiro. 

Como podem ver nas fotos, estão lá atrás três ponteiras, sendo as duas exteriores, as que estão diretamente ligadas ao motor e a central, a responsável pelas qualidades vocais deste propulsor que para mim, são mais do que as suficientes - provavelmente não serão para os que pensam que quanto mais barulho faz, mais um carro anda! 



O som que sai lá de trás é mais do que suficiente para nos pôr com “pele de galinha”. E isto apenas ao ralenti.

Tal como já referi a posição de condução é simplesmente perfeita. Tudo está onde deve estar para que este “very special Civic", tanto  possa ser conduzido de forma completamente tranquila e pacata ou, como diria o grande Markku Alen, no modo “Maximum  Attack”!



Após ter levantado o “azulinho” nas instalações da Honda em Alfragide e enquanto percorro o caminho para casa, nas calmas e  vou apreciando e tomando conhecimento com este automóvel, começo também a tirar as primeiras conclusões. Para começar, em qualquer dos modos de condução,-    Comfort, Sport e +R, este novo Type R é sempre mais confortável que o modelo que agora saiu de cena. 

Sim, é durinho, mas nunca chega a ser tão “cepo” como o anterior era e no modo Comfort, ao contrário dos seus principais rivais e para minha surpresa, até chega a ser... confortável! 
Tenham calma, nunca chega ao nível do conforto de um Civic “normal”, mas também não nos deixa as costas feitas em mer... doridas, tal como acontecia na versão anterior, sempre que o conduzíssemos 3 ou 4 horas de seguida. 



Ou seja, pode ser usado como carro do dia-a-dia desde que se tenha algum cuidado com tudo o que é buraco, lombas e tampas de esgoto pois, os pneus de baixo perfil sofrem um bocado nestas condições e principalmente as jantes, algo salientes e por isso mesmo sujeitas a encontros não desejados com tudo o que é passeios (bastou ver as “quincas” que as jantes do “azulinho” já tinham, para nos apercebermos imediatamente disso!).



Quando se liga o Type R, ele assume sempre o modo de condução “Sport” e por isso mesmo, nas minhas voltinhas diárias, alterava sempre para o modo Comfort, mais adequado para um ritmo de condução, digamos “normal”, apesar de nunca se negar a pôr em sentido, algum “fumarento” mais atrevido. 

E podem crer que isso é o que acontece diariamente e vezes sem conta durante o dia. Vá se lá saber porquê, tudo o que é “fumarento” e “xunings” "chipados" até às orelhas, normalmente conduzidos por gajos com cara de mau e um boné na cabeça (deve ser por causa da barba e das tatuagens da moda!) tenta medir forças com o “azulinho”. Até parece que consigo imaginar as conversas deles: 

“- Manos (ou “môr”, conforme a conversa é com os "brothers" ou com a "dama"), nem imaginas a coça que dei hoje a um Type R dos novos conduzido por um velho gordo (o velho gordo sou eu, como é óbvio!). Passei pelo gajo em segunda e ele nem me viu!”

Ver, vi, mas... como sou um condutor “consciente” (hum... tem dias...), raramente ligo a provocações... a não ser que venham de um Audi A7, conduzido por um “betinho”, acompanhado pelo papá... mas isso é assunto lá mais para a frente...



Pronto, ok, eu conto pois foi a primeira vez que espremi a sério este "bichinho"! 

Ia eu nas minhas calmas (120/130...), na terceira faixa de rodagem de uma conhecida “autobahn" quando, ao ultrapassar um elegante e vistoso Audi A7 de cor preta, ele imediatamente cola-se à “tábua de engomar” (um dos muitos nomes que a minha filha Inês deu ao enorme spoiler traseiro) do Type R. 
Perante isto, fiz pisca para a direita, mudei para a faixa à direita para o deixar passar e não é que ele continua encostado à “mesa de piquenique” (sim, outro dos tais nomes...) do Type R? 
Entretanto, ao aproximar-me de um carro  que seguia mais lento, abro novamente o pisca e vou para a faixa da esquerda para ultrapassar e... adivinhem, lá tinha o A7 colado ao “estendal da roupa” (eu sei, a Inês é tramada!) do Honda. 
Foi nessa altura que olhei mais atentamente pelo espelho retrovisor e reparo nas caras risonhas do "betinho" que ia ao volante e do papá que ia sentado ao lado - deviam ser pai e filho pois as parecenças eram óbvias e o riso parvo também! 
Eh lá! O que querem vocês? Ah... querem festa? Ok, vamos lá dançar um bocadinho! Rapidamente mudo para o modo Sport (o R+ não é necessário e é despropositado usá-lo em qualquer tipo de estrada cujo piso não esteja num estado imaculado como numa pista), baixo de sexta para quarta velocidade e... entro em modo “Warp”! 



“Cum catano”! Já tinha saudades de conduzir um automóvel a sério! Quarta, quinta, rapidamente passo dos 200, 210, 220 e o Audi sempre atrás, engreno a sexta velocidade 230, 240, 250, 260 e mais uns "trocos",  e... adeus A7!
Pena não ter conseguido ver a cara dos "betos", (pai e filho) quando viram aquele reluzente Type R azul a ir embora! 
Acho que já não deveriam estar tão risonhos (apesar de manterem a cara de parvos...) e a pensarem que foram “comidos” por um “carrito” que custa praticamente metade do valor do seu todo-poderoso “panzer” germânico!

A força e pujança deste propulsor de 2 litros VTEC Turbo é verdadeiramente impressionante!
A forma veloz como sobe de rotação ao longo de toda a sua extensa faixa de rotação é simplesmente inebriante e consegue ser ainda melhor que a versão anterior. Sim, porque o motor continua a ser o mesmo – que tantos prémios já recebeu – que equipava o anterior Type R só que, foi alvo de muitas e minuciosas alterações que o tornaram ainda melhor!



Com uma potência de 320cv às 6500rpm e um binário máximo de 400 Nm, entre as 2500 rpm e 4500 rpm, segundo a marca consegue ir de 0–100 km/h em 5,7 segundos e atinge uma velocidade máxima de 272km/h (não andei muito longe...).

Fazendo uso conjunto do conhecido sistema VTEC (Controlo Eletrónico do Comando e Abertura Variável das Válvulas) e do Dual VTC (duplo controlo de temporização variável) da Honda fornecem – o VTEC varia o grau de levantamento da válvula de escape para reduzir o turbo lag através do aumento da pressão de escape com rotações mais baixas enquanto fornece um alto rendimento com rotações mais elevadas. Já o Dual VTC permite um grau de sobreposição na abertura da válvula que é finamente controlado ao longo de rotações amplas para melhorar a capacidade de resposta e a eficiência do combustível – as vantagens são mais do que óbvias e a subida de rotação limpa, extremamente rápida e sem qualquer quebra ou “poço”, são as provas exemplares disso mesmo.



Depois de uma pequena paragem, para arrefecer pneus e também os meus nível de adrenalina, dirigi-me então para uma zona montanhosa, com estrada perfeita e cheia de curvas para experimentar o Type R nessas condições e... azar, começa a chover!

Sendo eu um motociclista com muitos anos de experiência  (muitas quedas) e grandes molhadelas, conduzir com piso molhado faz atuar imediatamente e de forma automática, o meu modo de "Condução Defensiva" no grau mais elevado da “coisa” que é o mesmo que dizer que para mim, conduzir, seja que veículo for, à chuva, é sempre: devagar, devagarinho e parado! 
Daí o meu desalento quando vi as primeiras pingas de água a serem varridos pelas escovas do limpa-vidros. 



Só que... e surpreendentemente, dei por mim a conduzir o Type R de forma bastante “engraçada” e isto apesar do estado do piso, completamente encharcado e da chuva que caia de forma impiedosa, naquela altura. 

Ainda digo mais: conduzi este Honda, à chuva, de uma forma tão confiante, como nunca tinha conduzido qualquer outro automóvel! 
É por esta altura que começo a reparar na qualidade deste chassis e principalmente no trabalho efetuado pelos técnicos japoneses no que diz respeito às suspensões, mas não só pois, todos aqueles apêndices aerodinâmicos, recortes, entradas de ar e etc e tal, que existem no Type R, não estão ali apenas para dar ao Civic um aspeto agressivo mas, acima de tudo, para o transformar naquele que é apenas e só, o automóvel de tração dianteira mais rápido no circuito de Nurburgring, fazendo uma volta completa no estratosférico tempo de 7 minutos e 43,8 segundos! Fantástico!



Devido à chuva e como não existiam as melhores condições para fotografar o Type R, decidi ir almoçar e deixar isso para a parte da tarde, na esperança que o sol voltasse e... ainda bem que o fiz, pois o sol apareceu forte e radioso, o que deu para secar quase completamente as estradas daquela zona. Ótimo!

Depois de um almoço tranquilo e agora já com o piso quase totalmente seco, chegou a altura de mudar de chip, de condutor de domingo, para o chip do gajo que tem a mania que conduz alguma coisa de jeito, eu! 



Felizmente, devido à chuva que se fez sentir da parte da manhã, a zona onde decidi testar as qualidades do Type R a curvar – uma deliciosa estrada de montanha de bom piso e com curvas para todos os gostos –, estava completamente vazia dos “rebanhos” de ciclistas e condutores de domingo que por ali costumam deambular e por isso mesmo as condições, senão era as perfeitas, eram quase! Vai daí, ajustei melhor a bacquet, para uma posição, digamos, mais a preceito para o tipo de condução que ia efetuar a partir daí, troquei o modo Comfort para o Sport, duas abaixo, pé em baixo e... ao fim de algumas centenas de metros e três ou quatro curvas, vieram-me à memória as sensações que tinha tido ao conduzir o anterior Type R. 

No entanto, neste nova geração, a subida de rotação é ainda mais brutal, o manuseamento da caixa de seis velocidades é ainda melhor, curtinha e exemplar nas passagens e com aquele toque “mecânico” que os adeptos de condução desportiva tanto gostam.



Na direção, bastante acutilante, e mesmo que não notemos, contamos com a ajuda do Sistema de Assistência à Condução Ágil (AHA - Agile Handling Assist), especialmente afinado para as prestações deste novo Type R. 
E para que serve este tal AHA, perguntam vocês? Ora bem, esta ajuda funciona através do sistema de assistência à estabilidade do veículo, aplicando uma ligeira força de travagem às rodas interiores quando viramos o volante, o que melhora, tanto a estabilidade, a baixa e alta velocidade como, nas curvas feitas no limite, reduzindo a derrapagem da roda interior durante a aceleração a meia curva. 

E isto foi algo que notei efetivamente, nas saídas das curvas feitas no limite, de acelerador em baixo, onde este Type R segue exatamente na direção que queremos, enquanto o anterior tinha uma ligeira tendência para abrir mais a trajetória, quando puxado aos limites. 
Claro que para isto, também contribui de forma fantástica a suspensão, completamente renovada, que tanto surpreende no Modo Comfort, precisamente pelo conforto que proporciona, se comparado com o antigo Type R e com a maioria dos modelos adversários, como principalmente, neste tipo de condução, de pé em baixo!



Na frente, temos a suspensão reforçada MacPherson e um eixo
duplo, com uma geometria revista que minimiza o efeito do binário da direção e maximiza a manobrabilidade desportiva. Além disso, visando o aumento da rigidez e a redução do peso, os braços inferiores e as juntas articuladas das escoras são agora fabricados em alumínio de alta rigidez.

Na traseira, vamos encontrar uma montagem Multilink totalmente renovada e braços de suspensão de alta rigidez, o que contribui para a melhoria significativa da estabilidade durante a travagem, reduzindo o movimento de rolamento total do automóvel. 
Por ter uma distância maior entre eixos e um centro de gravidade mais baixo, permite que se trave ainda mais tarde e de forma mais brusca e isso de facto é algo que faz a diferença para melhor, entre este e a versão anterior.



Estranhamente, ou talvez não, deu para notar que em arranques mais agressivos em primeira e até mesmo em segunda velocidade - quando a rotação que nem um foguete em direção ao red line -, que as rodas dianteiras têm tendência a esgravatar mais o alcatrão, com os pneus a tentarem desesperadamente ganhar tração, que o Type R anterior, o que me leva a pensar que é sinal que com esta configuração e potência, estamos mesmo nos limites daquilo que um automóvel de tração dianteira consegue fazer e isto mesmo contando com as ajudas eletrónicas.



E como num bom automóvel, não basta ter apenas um chassis bom e um motor forte, também o sistema de travagem deste “very special Honda” está à altura daquilo que se exige. Ou seja, apenas o melhor poderia equipar este Type R e o melhor tem nome: Brembo, pois está claro e neste caso, desenhado exclusivamente para este automóvel. Na frente, estão dois enormes discos ventilados de 350 mm e atrás discos simples de 305 mm, que nunca demonstraram o mais pequeno sinal de fadiga, apesar de todas as “maldades” que fiz a este Honda.

Mais uma vez, aqui seria uma daquelas partes onde entraria mais um copy-paste do press-release da Honda e faria, outra vez, um grande “figuraço” a debitar todos aqueles termos técnicos e especificações técnicas, para caracterizar as qualidades dinâmicas do Type R e as quais, a maioria (e muitas vezes nem eu!) não entende.
Por isso  e sem armar-me em mais um inteletualóide da treta, digo apenas isto: este Type R, curva para caraças!!! 



Por muito que se puxe por ele – até mesmo com o piso molhado! – o seu comportamento é sempre extraordinário e deixa-me sempre com um sorriso parvo estampado na tromba!
É incrível ver um tração à frente a curvar desta forma e a fazer frente, até mesmo a rivais equipados com tração às 4 rodas, sendo as diferenças quase sempre mínimas, o que vem enaltecer ainda mais a excelência do trabalho efetuado pelos técnicos da Honda, neste automóvel! 
E isto tudo sem ser tão bruto como era o modelo anterior pois, até mesmo no modo +R, é sempre mais “user friendly” e isto sem perder a alma típica “Type R”!



Algo que também notei durante o percurso que efetuei por uma estrada de montanha, estreita e sinuosa foi que, as dimensões deste novo Type R, encontram-se nos limites do que deve ser um “Hot Hatch”. Ou seja, na minha humilde opinião, maior que isto, torna-se demasiado grande para aquilo que se pretende: um carro que seja ágil e que “devore” curvas como poucos dos seu rivais consegue fazer!  




E como também tenho de referir os consumos (como se num automóvel destes, isso fosse importante, o certo é que apesar da imensa ganadaria que temos ao dispor, tanto, facilmente, se consegue efetuar consumos na casa dos sete litros e picos. 



Como também se passa alegremente dos 14 litros, principalmente quando nos aparecem pela frente "betinhos" montados em Audi A7!

Conclusão: Sendo o primeiro produzido fora do Japão, o novo Honda Civic Type R é fabricado na fábrica da Honda em Swindon, no Reino Unido e exportado para o mundo inteiro, mantém ou, dizendo melhor, aumenta ainda mais toda a aura mágica que existe à volta da sigla “Type R”, mostrando - como se tal fosse preciso! - que na classe dos “Hot Hatchs”, não existe automóvel como este!



O Honda Civic Type R GT é simplesmente... FANTÁSTICO!

Especificações Técnicas 
Motor  4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro, refrigeração líquida;
Cilindrada 1996 cc;
Potência 320 cv às 6500 rpm;
Binário 400 Nm entre as 2500 e 4500 rpm;
Alimentação Injeção Direta, Turbo Intercooler (VTEC), Start/Stop;
Transmissão Dianteira; 
Caixa Manual de 6 velocidades;
Suspensões
Dianteira MacPherson;
Traseira – Multilink com Controlo de Amortecimento Adaptativo;
Travões
Frente Discos duplos ventilados Brembo (350 mm); 
Traseira Discos (305 mm); 
Pneus 245/30 R20 (Continental SportContact6); 
Dimensões 
Comprimento 4.557 mm,
Largura (incluindo espelhos retrovisores exteriores) 2.076 mm;
Altura 1.434 mm;
Distância entre eixos 2.699 mm;
Via dianteira 1,599 mm;
Via traseira 1.593 mm; 
Bagageira 420 litros;
Depósito combustível 46 litros;
Peso (sem carga) 1380 kg;
Performances (dados de fábrica)
Velocidade Máxima 272 km/h;
0-100 km/h 5,7 segundos.

Carlos Veiga (2018)

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