30 de julho de 2013

Nostalgia - Renault Avantime Privilége V6.



«Primeiro estranha-se, depois entranha-se»


Foi com estas palavras que o «nosso» Fernando Pessoa descreveu de forma notável um conhecido refrigerante, e essa é também a primeira frase que nos vem à cabeça depois de termos experimentado o novo Renault Avantime.


Normalmente quando circulamos com um automóvel novo, é habitual tornarmo-nos alvo dos olhares e da curiosidade dos transeuntes e dos restantes condutores. Mas o que se passou durante os dias em que tivemos à nossa disposição o Renault Avantime ultrapassou tudo o que poderíamos imaginar. 
As expressões de espanto e de incredibilidade perante a passagem deste Renault só encontram paralelo na forma como as pessoas se acercavam do carro quando este se encontrava estacionado. 
Se um dos objectivos da marca francesa era construir um automóvel que «desse nas vistas», podemos afirmar que o conseguiu, pois com este automóvel é impossível passar-se despercebido seja em que lugar for!



Ao lançar o Avantime, a Renault criou um novo sub-segmento no mercado automóvel, o dos monovolumes coupès. «Um monovolume coupé?», estará por certo o leitor a interrogar-se. 

Pois, exactamente como nós antes de termos visto e -- principalmente -- conduzido este espectacular automóvel, essa era uma dúvida que tínhamos. 
Será possível construir um automóvel tão prático e versátil como um monovolume, mas que possua ao mesmo tempo as qualidades desportivas de um coupé? 

È possível sim... e a Renault teve o arrojo de o construir e a audácia de o comercializar!



Ao juntar no mesmo automóvel uma frente moderna e agressiva, um corpo maciço mas ao mesmo tempo elegante (parece um paradoxo mas não é!) e uma traseira original e quiçá um pouco excêntrica -- dominada pelo arredondamento do vidro traseiro e pelo formato geométrico das luzes --, a Renault criou um automóvel que, goste-se ou não, será por certo o ponto de partida para uma nova classe de automóveis de topo de gama que nascerá nos próximos anos.



Assente sobre o chassis da Espace encontramos uma carroçaria de duas portas, sendo a parte superior totalmente construída em alumínio. 
Os técnicos franceses tiveram de dar especial atenção à rigidez estrutural do Avantime devido à vasta área envidraçada e à ausência dos pilares centrais, colocando reforços nos principais pontos de ligação entre a carroçaria e o chassis, contando também com a ajuda das enormes e pesadas portas.



Falando em portas, temos de destacar a forma como é realizada a sua abertura: a Renault criou um sistema que facilita a abertura e fecho destes autênticos «monstros» -- cada uma mede 1,4 m de comprimento e pesa 55 kg. 

Contrariamente ao movimento de abertura clássico, onde a porta roda sobre um eixo, no Avantime a porta primeiro afasta-se da carroçaria e só depois roda no seu eixo, isto graças a um sistema de dupla articulação – ou dupla cinemática, nome dado a este sistema pelos técnicos da marca -- construída em alumínio.



Ao acedermos ao seu interior ficamos fascinados com a luminosidade ai existente, fruto da vasta área envidraçada e do enorme tecto panorâmico – que se encontra divido em duas partes, sendo possível abrir a zona da frente e todos os vidros laterais com um simples toque no botão «Grand Air».

O Avantime tem lotação para 5 passageiros. Cremos, no entanto, que a marca francesa concebeu-o para ser usado somente por quatro pessoas, pois só assim é possível usufruir de todo o conforto e ergonomia proporcionado pelos assentos de pele.



A bagageira é descomunal, pois com uma capacidade de 530 L, pode-se transportar quase tudo. Peca talvez por ser demasiado funda, mas que o espaço não falta, lá isso é verdade...

O painel dos instrumentos é basicamente o mesmo que equipa o Espace, mas assenta que nem uma luva no Avantime dado o seu aspecto futurista, tipo «nave espacial».



O equipamento posto à disposição de quem viaja neste automóvel é completo, pois, desde os estofos em pele, passando pelo ar condicionado automático, regulador e limitador de velocidade, vidros e espelhos eléctricos (estes últimos rebatíveis electricamente), airbags frontais e laterais e acabando no computador de bordo e no auto-rádio, com leitor de cassetes, leitor de 6 Cds incorporado e, pasme-se, com comando à distância (!), encontra-se à altura do preço de aquisição: 56.738 Euros.

Para locomover este peso-pesado, a Renault socorreu-se do conhecido V6 de 3.0 litros, já visto noutros veículos da marca, nomeadamente no Laguna. 



Com um binário máximo de 285 Nm às 3.750 rpm e 210 cv, este motor consegue proporcionar óptimas prestações, mostrando-se bastante rápido -- 8,6 segundos dos 0 aos 100 km/h e 220 km/ de velocidade máxima -- e eficiente.

Pode-se usufruir de toda a potência deste nobre propulsor, pois o seu chassis e a regulação da suspensão (mais dura que na Espace), proporcionam momentos de condução que só estão ao alcance dos... coupés desportivos. 

Apesar de toda a sua envergadura e peso (1741 kg), mostra-se sempre imperturbavelmente «colado» à estrada.



Para concluir, podemos afirmar que quando fomos buscar o Avantime às instalações da Renault Portuguesa, íamos com a ideia que este automóvel não era mais do que um «capricho» da marca francesa, ao inventar um monovolume com «ares» de «nave espacial». 
Três dias depois, quando o devolvemos... bem, olhámos várias vezes para trás e podemos dizer que nos deixou saudades.




«Primeiro estranha-se, depois....».

Informação Técnica


Motor – 6 cilindros em V, 24 válvulas

Cilindrada – 2946 cm3

Potência máxima – 210 cv às 6000 rpm

Binário Máximo – 280 Nm às 3750 rpm

Transmissão – Caixa manual de 6 velocidades

Peso do veículo – 1741 kg

Peso bruto do veículo -  2300 kg

Sistema de travagem
Discos dianteiros ventilados – 305 mm
Discos traseiros – 265 mm

Capacidade da mala traseira - 530 L

Capacidade do depósito de combustível – 80 L

Performances
0-100 km/h - 8.6 seg      

Velocidade máxima – 220 km/h



Fonte: (Artigo publicado na revista PGA Magazine, em 2002) 
Texto - Carlos Veiga
Imagens - Fernando Correia


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