8 de dezembro de 2013

Biografia - Henry Ford




«Construirei um automóvel paras multidões... será tão acessível que nenhum homem se sentirá incapaz de comprar um.»  


Ninguém poderia adivinhar que aquela criança de aspecto franzino, nascida algures numa quinta em Greenfield Township, perto de Dearborn, no estado de Michigan, mudaria para sempre o mundo com a sua genialidade e poder criativo, chegando a ser eleito «Empresário do século XX» pela organização «Car of the Century International».


Henry, nascido a 30 de Julho de 1863, foi o primeiro de seis filhos do casal de agricultores irlandeses William e Mary Ford.

Tendo estudado durante alguns anos numa escola perto de casa, cedo demonstrou o seu gosto e jeito para a mecânica. O mesmo não acontecia com a agricultura, que simplesmente detestava, ajudando no entanto nos trabalhos da quinta, de que os seus pais eram proprietários.

Aos quinze anos de idade Henry Ford constrói a sua primeira máquina a vapor. Com dezasseis anos vai para Detroit, onde consegue o seu primeiro emprego como aprendiz de mecânico/maquinista. Passados três anos regressa à sua terra natal, voltando a auxiliar o seu pai na quinta e começando também a trabalhar numa pequena fábrica de Detroit como operador de máquinas – onde, por diversas vezes e para espanto dos seus superiores, se entretinha a consertá-las...

No ano de 1888 contrai matrimónio com Clara Bryant, também ela natural de Greenfield Township, e em 1891 torna-se engenheiro da Edison Illuminating Company em Detroit. 
A rápida promoção a engenheiro-chefe (1893) trouxe-lhe estabilidade financeira e tempo disponível, começando então a realizar as suas próprias experiências com motores de combustão interna.

A 6 de Novembro de 1893 nasce Edsel B., o único filho de Clara e Henry Ford.

Na noite de quatro de Junho de 1896 e após mais de dois anos de experiências, Henry Ford sai da pequena oficina situada nas traseiras da casa onde habitava conduzindo o primeiro automóvel que construiu: o Quadriciclo.


Um pequeno motor de combustão interna com 2 velocidades para a frente (não existia a marcha-atrás) fazia mover este veículo. Com quatro rodas de bicicleta, podia transportar duas pessoas, tendo à frente uma campainha e na traseira um farolim de bicicleta.

Este automóvel teria um papel muito importante no seu futuro, pois foi com o Quadriciclo que conseguiu incentivar onze investidores (um negociante de carvão, um contabilista, um banqueiro, dois irmãos que possuíam algumas máquinas e ferramentas, dois advogados, um carpinteiro, um empregado de escritório, o dono de uma loja e um construtor de espingardas de pressão de ar) a juntarem-se a ele e a transformarem o seu sonho em realidade. 


Com 28.000 dólares e alguma maquinaria, a 16 de Junho de 1903 nascia para o mundo a Ford Motor Company, sediada numa antiga fábrica de vagões na Mack Avenue em Detroit.

O primeiro Ford foi vendido a um médico de Chicago, acto que foi efusivamente festejado, pois com o saldo bancário a descer até aos 200 dólares a situação vivida pelos accionistas da empresa não era a melhor.

No primeiro ano foram comercializados quase 1.700 Ford Modelo A, facto que obrigou a empresa a mudar para umas instalações maiores, um enorme edifício situado entre a Piquette e a Beaubien Street.
Nos anos seguintes, Henry Ford mais a sua equipa de engenheiros continuaram a evoluir, sempre experimentando e testando novas ideias para tentar construir o automóvel a que ele chamaria universal.


Atribuindo uma letra do alfabeto sempre que construía um novo veículo, foi equipando os carros com motores de dois, quatro e seis cilindros e novos tipos de transmissão. O mais bem sucedido, até então, foi o Modelo N, comercializado por 500 dólares.

Ao contrário dos seus sócios, que diziam que se devia construir veículos para pessoas abastadas, Ford afirmava que os automóveis deveriam estar ao alcance de qualquer «bolsa», pretendendo com isso vender veículos que fossem ao mesmo tempo económicos e fiáveis. 

Foi produzido o Modelo K (uma limousine), equipado com um motor de seis cilindros e custando 2.500 dólares, que foi um enorme fiasco, dando razão a Ford.

Como consequência deste desentendimento, um dos sócios, Alexander Malcomson (o negociante de carvão), demitiu-se, tendo Ford comprado as acções, passando então a ser o sócio maioritário.

Em 1906 faleceu John S. Gray (o banqueiro), até ai o presidente da empresa, tendo então Henry Ford assumido a liderança da Ford Motor Company.

Entretanto, mais nuvens negras «pairam» sobre a Companhia. Um senhor de nome George Selden tinha patenteado «as locomotivas de estrada» com motor de combustão interna, obrigando a que lhe fossem pagos os direitos sobre qualquer automóvel construído ou vendido no E.U.A.. Ao contrário de outros construtores que pagavam, Ford afirmava que essa patente não devia existir e assim iniciou uma batalha jurídica que só terminou ao fim de oito longos anos, dando razão ao presidente da Ford Motor Company.


O ano de 1908 é marcado pela concretização do seu sonho, quando finalmente comercializa o automóvel «universal» que iria motorizar o seu país e transformar a indústria automóvel numa das mais importantes fontes de rendimento dos E.U.A.: o Ford Modelo T.

Baseado numa ideia sua, o «Tê» foi construído para ser um veículo robusto e de pouca manutenção. Estávamos no principio do Século XX e as poucas estradas que existiam transformavam-se em verdadeiros lamaçais quando chovia, criando enormes dificuldades a quem por elas circulava.


Como possuía uma altura elevada, rodas finas e um peso reduzido, o Ford T «passava por cima de toda a folha», superando quase todos os obstáculos e muito dificilmente ficava atascado na lama.


Com o sucesso do «Tê» a tornar a procura maior que a oferta, Ford desenvolveu um novo e revolucionário sistema de construção de automóveis: a linha de montagem. 
Através de cabos e roldanas, o veículo circulava pela fábrica, parando em locais pré-estabelecidos, onde estavam posicionados os operários que procederiam à montagem dos diversos componentes do automóvel. 


No fim da linha de montagem, o carro saía a rodar já pelos seus próprios meios e era arrumado num parque, no exterior da fábrica, de onde posteriormente o levavam para os locais de venda.


Com o aperfeiçoamento deste inédito sistema de trabalho, a marca norte-americana batia uma vez mais todos os recordes de produção, conseguindo que o tempo de construção de um Ford T diminuísse das habituais 12 horas e 8 minutos para 1 hora e 33 minutos.

A 5 de Janeiro de 1914 Henry Ford uma vez mais revoluciona a indústria automóvel quando implementa novas regras nas suas fábricas, diminuindo de nove para oito horas cada turno de trabalho e aumentando o salário diário de 2,34 para 5 dólares (mais do dobro do salário mínimo nacional).

Uma vez mais com a razão do seu lado, afirmava que se os empregados pudessem comprar os automóveis que eles próprios construíam aumentavam as vendas, ao mesmo tempo que garantiam os seus postos de trabalho.


A Ford Motor Company constrói o seu milionésimo automóvel a 10 de Dezembro de 1915 e a partir de 1917 inicia a comercialização dos camiões Modelo TT e dos célebres tractores Fordson (que seriam fabricados até 1928).


Em 1915, Henry participa em diversas campanhas humanitárias, entre as quais se destaca aquela onde, na companhia de 117 influentes cidadãos norte-americanos, embarca a bordo do seu «barco da paz», o «Oscar II», e navega até aos mares da Noruega com o intuito de acabar com a 1ª Guerra Mundial. 
A iniciativa revelou-se um fracasso, pois a grande Guerra duraria mais três anos.


Edsel Bryant Ford sucede a seu pai na presidência da companhia a 1 de Janeiro de 1919 e Henry decide então dedicar-se à política, candidatando-se por duas vezes ao Senado, eleições essas que nunca logrou vencer.

A 28 de Maio de 1943, com 49 anos de idade, morre Edsel Ford, voltando Henry a assumir novamente a presidência da Ford Motor Company, posição que cede dois anos mais tarde ao seu neto, Henry Ford II.


Com a provecta idade de 83 anos, a 7 de Abril de 1947, Henry Ford fecha pela última vez os olhos deixando um legado ímpar, já que com a sua visão, poder inventivo e espírito lutador, revolucionou a indústria e o mundo, transformando um engenho que era considerado de luxo e só para alguns, num instrumento de trabalho, transporte e também de lazer: o Automóvel.

Carlos Veiga

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