20 de dezembro de 2013

Carta ao Pai Natal - Abarth 500


Caro Pai Natal,

Antes de mais nada, espero que esta missiva o vá encontrar de ótima saúde e em grande forma.
Eu sei, deve estar a estranhar… por que carga de água é que passados mais de 40 anos, desde a última vez que lhe escrevi uma carta, estou agora a fazê-lo de novo e por isso mesmo, peço-lhe desde já mil desculpas por nunca mais ter dado notícias, mas sabe como é, uma pessoa cresce, torna-se adulta, vida cheia de responsabilidades, família, etc., etc., e algo vai ficando para trás. 
Mas posso garantir-lhe, nunca deixei de acreditar na sua existência e tanto é assim que agora, passados tantos anos, volto a escrever-lhe e desta vez para lhe fazer um pedido muito especial.
Sei que nem sempre me portei como deveria, uma vez por outra excedi-me, mas ninguém é perfeito, ficando como minha defesa o facto de sempre ter tentando corrigir-me, mesmo que o resultado nem sempre fosse o ideal. 
No entanto, penso que no cômputo geral, destas quase 4 décadas, até que me portei “benzinho” e por isso mesmo acho que este ano merecia algo diferente, um brinquedo especial.

A coisa que eu mais queria receber neste Natal era um automóvel! Sim, eu sei, os adultos fazem sempre este pedido, mas o automóvel que eu queria como prenda de Natal, não é um qualquer, ou apenas mais um na multidão. Não, nada disso. Para isso já temos cá em casa a “station” da minha mulher, perfeita para o dia-a-dia mas... monótona, chata e preguiçosa!



O automóvel que desejava ver estacionado lá fora na rua, com um grande laçarote, na noite de Natal, é um tudo ou nada mais egoísta, apesar de poder levar 4 pessoas a bordo, o espaço lá atrás não é o mais abundante, mas isso a mim não me interessa, até porque devido às suas características, raras serão as vezes em que vou andar acompanhado. Sim eu sei, egoísta, mas como já escrevi, seria o meu “brinquedo”.

Andei a pensar, a pesquisar na internet e… fiquei apaixonado por um desportivo italiano! Calma, não se assuste! Sei que a crise também chegou ao Polo Norte, pois a notícia do despedimento de alguns dos seus ajudantes por falta de verba para lhes pagar o ordenado, foi muito comentada por estas bandas. 
Não é nenhum superdesportivo que custe uma fortuna, antes pelo contrário.



Refiro-me em concreto ao Abarth 500, a “pequena” bomba italiana que de pequeno apenas tem as suas dimensões, pois sobra e chega para muitos “matulões” que por ai andam!

Depois de algum tempo a “namorar” o Abarth 500 na internet (http://www.abarth.com.pt), dirigi-me a um dos seis concessionários oficiais que existem em Portugal, para poder vê-lo ao vivo e principalmente “sentir” o seu interior.

Baseado no Fiat 500, este  automóvel é um verdadeiro e puro Abarth, carregando nele toda a carga histórica da marca desportiva, que tanto sucesso teve na década de 60 e 70. 



Olhando para a sua dianteira, notamos imediatamente que a parte frontal, com o símbolo Abarth ao centro, foi "avançada" para dar espaço ao turbocompressor, tornando o seu perfil mais pronunciado e vistoso, fazendo recordar um pouco, os modelos 850 TC e 1000 TC. 



De ambos os lados, entre rodas, temos a referência “Abarth” ao longo da carroçaria, assim como os símbolos Abarth atravessados por uma seta tricolor, tal como sucedia nos modelos 595 e 695 Abarth dos anos 60 e que ainda hoje simbolizam a imagem desportiva da marca.



Para mim, ainda mais espetacular, é a zona traseira onde sobressai um bojudo para-choques, o extrator aerodinâmico e o spoiler colocado por cima do vidro. Tornando ainda mais atraente e “raçuda” esta belíssima traseira e servindo também de aviso aos que circulam atrás do Abarth 500 como que a dizer, “não te metas comigo, senão és humilhado” temos as duas magníficas ponteiras de escape. 



Sentei-me e apesar de ser um automóvel pequeno o certo é que os meus 1,78 m de altura e quase 100 quilinhos de peso couberam que nem uma luva nas baquets de desenho exclusivo Abarth. Confortáveis e com um sistema de rebatimento fácil de acionar e com memória – o que significa que depois de rebatidos para permitirem o acesso aos lugares traseiros, voltam à posição em que estavam –, poderiam ser um bocadinho mais envolventes, para melhor segurarem o corpo nas curvas mais… rápidas. 
A baquet do condutor permite a regulação longitudinal e das costas, assim como em altura. Só não percebi porque é que a manete que faz esta ultima regulação e que está colocada à direita do assento é tão grande, mas tão grande, que por vezes a confundi com o travão de mão!

Para se sentarem dois adultos lá atrás, quem vai à frente tem de fazer uma ligeira concessão ao seu espaço, que é o mesmo que dizer, puxar o seu assento um pouco para a frente, para que atrás se viaje mais confortável, mas mesmo assim nada de mais e sinceramente, estava à espera que o espaço disponível na traseira, fosse menor do que é realidade.



O painel de instrumentos é composto pelo velocímetro, conta-rotações – que na minha opinião devia estar em maior destaque – e um display multifuncional com indicadores do nível de combustível (a luz de reserva acende quando existem apenas 5 litros de combustível no depósito) e da temperatura do motor.

Do lado esquerdo, junto ao painel de instrumentos, está colocado o manómetro analógico indicador da pressão do turbo e no centro deste o GSI Shifht Up, que assinala, de duas formas diferentes a altura ideal para mudarmos de velocidade. 
Conduzindo no modo Normal, o Shift Up privilegia a economia de combustível, dando a indicação de passagem de velocidade a baixas rotações. 

Já no Modo Sport, o acendimento do Shift Up está definido para otimizar a condução desportiva, acendendo apenas quando estamos perto do regime máximo de rotações. 



Ainda no display, no centro do painel de instrumentos, temos o conta-quilómetros total e dois parciais – cada um destes contendo informações sobre o consumo médio e instantâneo, tempo do percurso e distancia percorrida – a indicação da autonomia, o relógio, indicação da data e da temperatura exterior, posição do alinhamento dos faróis, estação de rádio que estamos a ouvir e ainda, através dos botões de comando, situados na parte inferior direita, o acesso ao menu do computador de bordo permitindo o acesso e a configuração do próprio computador de bordo assim como a certas funções do próprio veículo, ao gosto do condutor.

O volante forrado em pele, tal como a zona à volta do painel de instrumentos, é “cortado” na parte inferior e tem uma excelente pega, possuindo regulação em altura mas não em profundidade, o que muito sinceramente, não senti que fizesse falta, pois num instante encontrei a minha posição ideal de condução.

Os espelhos exteriores possuem regulação elétrica e o espelho retrovisor interior é electrocrómico, que é o mesmo que dizer, anti-encandeamento.

O ar condicionado possui regulação automática da temperatura pré-definida.

Na consola central, por baixo do rádio, temos três botões: o que fica situado mais perto do condutor, aciona o modo Sport, o do centro aciona as luzes de emergência (vulgo 4 piscas, que também se acendem automaticamente no caso de uma travagem de emergência) e botão mais à direita acende as luzes de nevoeiro, tanto na dianteira (um toque) como na traseira (dois toques).

Quanto aos espaços para arrumação, apesar de ser um automóvel pequeno, está bem servido pois temos os normais compartimentos nas portas, na consola central, meio escondida, existe uma pequena gaveta que roda e também dois locais para a colocação de copos/garrafas, ou do cinzeiro móvel, no túnel central. Junto a estes, está a tomada para carregamento de telemóveis e afins, e também a ficha USB do sistema BlueMe.

A rematar isto tudo, temos ainda os pedais de alumínio com aplicações de borracha, o punho da alavanca da caixa e o travão de mão, revestidos em pele.

Como vê Pai Natal, o Abarth 500 pode ser um pequeno automóvel, mas em relação ao equipamento é superior a muitos de gamas superiores, pois não lhe falta nada!



Falando agora do propulsor, é um Fire 1.4 16v gasolina Turbo que debita uma potência máxima de 135 cv às 5500 rotações por minuto e um binário máximo de 180 Nm às 2500 rotações no modo “Normal”, pois quando “clicamos” no botão “Sport” o motor transfigura-se aumentando o Binário máximo aumenta para os 206 Nm às 3000 rotações. 

Segundo dados da marca, este Abarth 500 (existem outros mais potentes e ainda mais velozes!) atinge a velocidade máxima de 205 km/h e faz os 0 a 100 km/h em apenas 7,9 segundos. 

Claro que estas performances são atingidas apenas no modo Sport que atua sobre a regulação da eletrónica, pressão do turbo e sobre a carga ao volante que fica mais “pesado”. 

Para mim, o Abarth 500, foi mesmo “paixão à primeira vista” e seria, sem dúvida alguma o melhor presente de Natal que eu poderia receber.

Pode ter a certeza que no dia de Natal, mal acorde, irei a correr até à árvore de Natal para ver se debaixo dela, encontro um presente com o símbolo da Abarth, contendo a chave e os documentos do “meu” Abarth 500.

Um grande abraço deste seu grande fã que nunca deixou de acreditar em si.

Carlos Veiga


Resposta do Pai Natal

Caríssimo Carlos Veiga,

Foi com imenso prazer e orgulho que li a sua carta, pois não é todos os dias que recebo uma carta vinda de alguém com quase 50 anos de idade. Com essa idade, as pessoas em vez de acreditarem em mim, teimam é em imitarem-me, comprando aqueles fatos ridículos na loja do chinês e assustando as crianças com os seus “Ho Ho Ho” roufenhos de desafinados!

Por isso, deixe-me desde já agradecer-lhe o facto de, ao fim de tanto tempo, ter-me enviado esta carta e por esse mesmo motivo resolvi que seria eu mesmo a tratar do seu pedido em vez de o delegar a qualquer um dos meus ajudantes. E sendo este presente algo tão especial, decidi experimentá-lo antes de o entregar. 

Para começar, posso desde já dizer-lhe que algo que me surpreendeu bastante foi o som do Abarth 500. 



Instalado ao volante e mal se liga o motor, chega até nós um ronco abafado. Mesmo num andamento bastante moderado, esse ronco, está sempre presente, sendo autêntica música para os nossos ouvidos. 

Já conduzindo no modo Sport e quando resolvemos “brincar”, o som que chega até nós faz-nos lembrar algo parecido entre o “borbulhar” de um Ferrari (com as devidas distâncias claro!) e para quem ainda se lembra, o som de escape que alguns Fiat faziam. De repente, lembrei-me do Fiat 124 Special T ou do Fiat 124 Spider, donos de um “cantar” único, que em aceleração pura passavam de um som grave a um estridente agudo, num piscar de olhos. 

O “cantar” do Abarth 500 é uma mistura dos dois e claro, é música para os meus ouvidos já velhos e cansados, fazendo-me lembrar outro tempos.



Rodando com este pequeno desportivo pela cidade, principalmente por aquelas ruas onde abundam buracos e afins, as minhas pobres costas sofrem um bocado, pois o Abarth 500 é rijo, muito rijo, mas não podia ser de outra forma, pois é precisamente por ser rijo que depois em estrada sinuosa este se transforma e…fica diabólico!

Sim é verdade, também eu quando o vi quase o desprezei pois, pensava eu, um carro de dimensões tão pequenas, nunca poderia ter um comportamento digno de um desportivo. Puro engano! 

Em estrada e quanto mais curvas tivermos pela frente melhor, muitos dos chamados desportivos (onde se incluem alguns TDi), se tentarem medir forças com o Abarth 500, o mais certo é serem humilhados. 

Pequeno no tamanho mas grande no comportamento e performances. 



A melhor forma de o conduzir? Com brutalidade! Esqueçam a condução “limpa” que normalmente têm de fazer com um tração dianteira, pois se conduzirem dessa forma este “escorpião” provavelmente ficarão desiludidos. 

O Abarth gosta de levar “porrada com fartura” e é assim que ele se sente bem. Venham em grande velocidade, reduzem duas ou três velocidades com o motor a gritar a plenos pulmões e atirem-no para dentro da curva e acelerem! Vão ficar espantados com a forma como ele entra e saí sem “estrebuchar”! 

E quando nos limites, é um automóvel que facilmente se controla – pelo menos eu gosto de sentir este comportamento num automóvel, ou seja, ao contrário do que seria de esperar, nem foge de frente e… nem de trás! Começa sim, a escorregar devagarinho às 4 rodas, sendo facilmente corrigido, mantendo o acelerador em baixo e corrigindo apenas com o volante! Tirar o pé do acelerador apenas irá desequilibrá-lo, o que poderá causar alguns calafrios aos menos experientes. 

Simplesmente endiabrado!

E isto com toda a segurança, pois não nos podemos esquecer que este automóvel vem equipado de série com 7 airbags (dois anteriores, dois de janela, dois laterais e um para os joelhos do condutor, sendo uma referência no seu segmento no que diz respeito à segurança passiva. 

Quanto à segurança ativa, podemos sempre contar com ABS com sistema EBD (Electronic Brake Distribution), ESP (Electronic Stability Program), ASR (Anti Slip Regulation), Hill Holder e o HBA (Hydraulic Brake Assistance). 



Com isto tudo, claro que o Abarth não é o mais económico dos automóveis no que diz respeito ao consumo de combustível e nem poderia ser. No entanto, com algum (muito) cuidado até se conseguem fazer consumos na casa dos 6 litros, mas esqueçam, não é para isso que o Abarth 500 nasceu!



Caro amigo, confesso que fiquei muito surpreendido pela positiva com este pequeno “escorpião” e essa é a razão por que deixei a má notícia para o fim desta minha resposta ao seu pedido:

Sabe Carlos, ao longo destes anos todos e de toda a trabalheira que tenho para que na véspera de Natal tudo corra na perfeição, para que todos possam receber os presentes que pediram, nunca, mas mesmo nunca, ofereci um presente a mim mesmo, colocando sempre os outros em primeiro lugar.



Assim, peço-lhe muitas desculpas, mas este ano, vou oferecer a mim mesmo um presente… e que presente! Gostei tanto dele que, este ano, vou dar folga ao Rudolfo e restantes renas e na noite de 24 de Dezembro, vou fazer a entrega dos presentes com… o Abarth 500. 

Mas não se preocupe que não me esquecerei de si pois, tal como acontece todos os anos, receberá os presentes do costume: as peúgas, o pijama, o Aftershave e a caixinha de Ferrero Rocher.


FELIZ NATAL PARA TODO

HO, HO, HO... 


Ficha Técnica
Motor – 4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro. 
Cilindrada – 1368 cc.
Potência – 135 cv às 5500 rpm
Binário máximo – 206 Nm às 3000 rpm (Modo "Sport")
Sobrealimentação – Turbocompressor IHI RHF3-P de geometria fixa 
Transmissão - Caixa C510 de 5 velocidades 
Suspensões
Dianteira – McPherson e barra anti-oscilação
Traseira – Posterior de rodas interligados por eixo de torção com barra anti-oscilação
Direção – Assistida elétrica Dualdrive, com modalidade "Sport"
Travões
Dianteira – Discos autoventilados (284 x 22 mm); pinças flutuantes tipo ZPH 4.1.2.
Traseira - Discos (240 x 11 mm)
Rodas
Standard – Jantes de liga de alumínio 6.5 x 16’’; Pneus 195/45 R 16"
Opcional – Jantes de liga de alumínio 7 x 17’’; Pneus 205/40 R 17"
Nível ecológico – Respeita a normativa Euro 5 CEE-F5
Emissões de CO2 – 155 g/km
Prestações 
Velocidade máxima – 205 km/h
Aceleração 0-100 km/h – 7,9 s


Agradecimento

Abarth Portugal

Avaliação

Praticidade - @@@@@@@@@@@

Diversão - @@@@@@@@@@

Carlos Veiga (2013)




2 comentários:

  1. Caro Veiga, essa também seria uma excelente prenda no meu "grande" sapatinho. Sou um apaixonado pela fiat desde sempre e um abarth desses na garagem...adoro carros pequenos e aínda por cima quando é um 500 turbinado nem é bom falar. Pena que em Portugal se veja a Fiat com desdem e se prefira os turbodiesel como se fossem a melhor coisa do mundo! - Farmoboy83

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    1. Concordo plenamente! Já tive automóveis de muitos modelos, cilindradas e potências e muitos mais conduzi e testei e posso garantir a quem quiser, que automóveis perfeitos não existem e quem disser que existem, ou não percebe patavina do assunto ou só pode ser fundamentalista. Sim é verdade houve uma época em que os automóveis italianos, deram problemas é verdade e são as próprias marcas que o confirmam no entanto, atualmente ao nível de fiabilidade estão a par de todas as outras marca. dos mesmos segmentos. Quanto ao Abarth 500 posso garantir que surpreendeu-me muito.

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