9 de agosto de 2016

"Five Dias de Vacances"

Honda CRF1000L Africa Twin "Gloriosa" DCT

1º Dia - "Partida, largada, fugida"!


Não dormi nada! A ansiedade é mais do que muita! Ansiedade no que diz respeito a poder ter, finalmente, uns dias de férias para fazer o que tanto gosto, vadiar por aí de moto e também porque, a moto que vai ser a minha companheira de viagem durante estes "Five dias de Vacances", é uma Honda Africa Twin CRF1000L DCT.

Apesar de ontem ter-me deitado tarde – culpa dos Scorpions, que mais uma vez deram uma grande concerto! - às 8 horas da manhã já estava levantado, de banho tomado e em pulgas para ir buscar a Africa Twin. Calma, que ainda é cedo!

Para fazer tempo, revejo novamente a bagagem que vou levar:

Duas resmas de cuecas e meias? Check!
Uma palete de t-shirts? Check!
Calças de ganga? Check!
Calções? Check!
Uma Sweet-shirt, mais grossa? Check!
Chinelos? Check!
Bolsa com produtos de higiene pessoal? Check!
Computador portátil e respetivos acessórios? Check!
Material fotográfico? Check!
Telemóvel devidamente carregado e respetivo carregador? Check!
Documentos? Check?
Pilim, guito, money, cartão de crédito? Check!
Vontade de fazer muitos km? Checkíssimo!!!!

Ok, tudo visto e revisto, acho que não me esqueço de nada. Apenas espero que tudo isto caiba nas malas da Africa Twin.

Pelas nove e meia da manhã pego na minha moto e finalmente vou até às instalações da Honda Portugal Motos, na Abrunheira, para fazer a troca. A "Xijota" fica lá e trago a "Gloriosa". Sim, batizei-a com este nome, pois além do vermelho acentar que nem uma luva, foi gloriosa a forma como se comportou durante os dias em que a tive como companheira de viagem. Mas já lá vamos...


Lá vamos nós!
Quando foi feita a troca de emails, entre mim e o Carlos Cerqueira da Honda, para a marcação deste trabalho/passeio/férias, referi algures que, como ia de viagem por cinco dias, seria ótimo que a moto viesse equipada com o respetivo kit de malas. E o que me esperava era a uma moto não só equipada com o kit completo de malas – duas laterais e top-case – mas também, com o parabrisas mais alto, proteção de motor, barras de proteção laterais e faróis de nevoeiro (led)! Maravilha!

Saí da Honda e num instante cheguei a Linda-a-Velha, onde moro, para carregar a Africa Twin com as minhas tralhas e (finalmente!) começar estas mini-férias, às quais dei o nome de "Five Dias de Vacances"! Eu sei, uma foleirada, mas foi do que me lembrei!

Já tinha testado a Africa Twin na versão normal, com caixa de seis velocidades – http://motoratual.blogspot.pt/2016/03/honda-crf1000l-africa-twin-carisma.html – e por isso a curiosidade era mais que muita, para experimentar a mesma moto, mas equipada com o famoso sistema DCT da Honda, sobre o qual irei falando ao longo deste texto.  

Moto carregada até às "orelhas" e lá vou eu, através do trânsito normal de um  dia de semana, em Lisboa, atravessando a cidade, usando o IC17 (CRIL), 2º Circular, para depois apanhar a A1 em direção ao Norte, saindo depois em Aveiras como faço sempre pois, prefiro viajar sempre pelas nacionais em detrimento das monótonas autoestradas, a não ser que vá com pressa, o que não era o caso.

Ainda na cidade, no meios das tradicionais filas de trânsito da 2ª Circular, dei por mim a pensar por que é que alguns dos proprietários deste tipo de motos, teimam em andar na cidade, no meio deste trânsito infernal, com as malas laterais colocadas, o que transforma algo tão versátil como é uma moto, num "quase" automóvel, quando as suas deslocações diárias são o habitual, casa-trabalho-casa e não precisam de carregar nada. Opá, deixem as malas em casa (eu sei, adoram mostrar à malta que possuem motos equipadas com tudo e mais alguma coisa, capazes de ir ao fim do mundo e voltar (caso os seus donos tivessem coragem para o fazer!) e deixem de atrapalhar quem circula no meio das filas dos "enlatados"!

Aproveitando o facto de estar naquele troço secreto de "autobahn"e para ver como se comportava a Africa Twin, equipada com as três malas e com bastante peso, e como tive de "fugir" de um monovolume – conduzido por um idiota que ia mais atento ao seu smartphone, estrategicamente colocado no centro do volante, do que ao que se passava à sua volta! – resolvi apertar com ela e tal como esperava, acima dos 170 começamos lentamente a sentir a frente a "velejar", aumentando proporcionalmente, conforme maior for a velocidade a que circulamos. Nada de anormal e que não estivesse à espera pois, numa moto equipada com roda 21 na frente, até me admira como é que isso não acontece a velocidades mais baixas pois vi isto acontecer em outras "Big Trail", sem malas e a velocidades mais baixas, o que apenas comprova a excelente qualidade de toda a ciclistica, principalmente suspensões, desta Honda.

Retirem as duas malas laterais e, nada disto acontece, passando alegremente dos 200 km por hora, sem abanões ou varejamentos. 
Claro que o estado dos pneus - a "Gloriosa" estava equipada com dois pneus novinhos em folha, colocados de propósito para este trabalho (obrigado Honda) – tem um papel muito importante no comportamento da moto, tal como a afinação da suspensão, neste caso, totalmente de origem como saiu de fábrica. 


Nesta foto vê-se o reflexo do guiador no parabrisas.
Tenho também de elogiar a proteção proporcionada pelo parabrisas mais alto (opcional), principalmente ao nível da cabeça. 
Pela negativa, temos sempre refletido no parabrisas e de forma algo incómoda, o guiador. Reflexo que também se estende ao painel de instrumentos. 
Nesta versão com a coloração designada como "CRF Rally", o guiador está pintado com um cinzento bastante claro e o seu reflexo é bastante forte, o que se torna incomodo, principalmente nos dias com bastante sol. Tal não acontece noutras colorações, como por exemplo na "AT" que testámos anteriormente, com as cores tradicionais da Africa Twin, branco, azul e vermelho e o guiador em "dourado".

Rapidamente cheguei à saída de Aveiras e a partir daqui e num ritmo mais turístico, segui pela Nacional, tal como faço sempre que vou de viagem e sem pressa. Nestas condições, seguir pela autoestrada é um desperdício de dinheiro (portagens!) e cumprir o limite de velocidade é extremamente difícil e quando cumprimos, torna a viagem demasiado monótona e aborrecida.

 Para mim, viajar por autoestrada, apenas quando tenho pressa para chegar ao destino ou se as condições meteorológicas estiverem más. De resto, sempre pelas nacionais!


O "coração" da "Gloriosa".
Entretanto, a "Gloriosa", continua a rodar impávida e serena enquanto aqui e ali, vou experimentando os diversos modos de condução do sistema DCT, constituídos por dois modos principais, o D e o S e este último, subdividido em mais três: desde o S1, aquele que mais se ajusta à minha condução (e mais confortável) ao S3, o mais agressivo e que apenas usei uma vez para experimentar, pois estou aqui para viajar/passear e não para fazer corridas, com a agravante de ver o consumo aumentar substancialmente, devido ao motor funcionar sempre a rotações mais elevadas.
Quanto ao modo D e tal como acontece em todas as motos que usam este sistema, está sempre a fazer passagem de caixa às 2000 rpm o que, pelo menos para mim, é deveras irritante, além de que, sentimos muitas vezes o motor quase, quase a "bater", por efetuar a troca das mudanças a tão baixa rotação. 
Para os "maluquinhos" dos números e médias, o Modo D será porventura o preferido. 
Para mim e levando em conta a diferença de consumo entre este modo, o D, e aquele que seria a minha escolha durante a maioria dos quilómetros efetuados nestes dias, o S1, o pouco que se gasta a mais compensa bem o conforto proporcionado e o prazer de condução, com o motor a trabalhar num regime de rotações ligeiramente mais elevado, sempre pronto a responder ao mais pequeno toque de acelerador e sem estarmos a ser incomodados com a constante troca de mudanças e a sentir as vibrações do motor por este ser obrigado a trabalhar a tão baixas rotações.

Para mim, o modo S1 é aquele que melhor se adequa ao meu tipo de condução, seja em que situação for!



Viagem para Norte não é viagem, sem uma paragem no "Bigodes"!
Uma aceleradela, aqui, uma ultrapassagem acolá e rapidamente chego ao conhecido Restaurante "O Bigodes" onde, como sempre, efetuo uma paragem para esticar as pernas e, neste caso, tomar o pequeno almoço, o belo do galão e um croissant misto.

Sigo viagem sempre em ritmo normal, tendo no entanto de fazer dezenas de ultrapassagens tanto a camiões, como principalmente a veículos ligeiros conduzidos por pessoas que pensam que conduzir na principal estrada nacional (sem ser autoestrada) deve ser o mesmo que conduzir nas ruas das suas vilas ou aldeias. Por incrível que pareça, chego a ver automóveis a circular a 30 km/h, provocando longas filas de trânsito e obrigando a que a maioria dos veículos pesados tenham de proceder às respetivas ultrapassagens, o que gera sempre grande confusão  e perigosidade no tráfego.


Mosteiro da Batalha...
Breve paragem na Batalha, apenas para a fotografia da "praxe" e sigo em direção à bela cidade de Coimbra, sempre acolhedora.


Coimbra tem mais encanto... de moto!
Uma visita rápida a uns familiares (as melhoras Carolina, tudo vai correr pelo melhor!) e... tenho o estômago a "refilar", pois está mais do que na hora de almoçar.

Como faço sempre que viajo de moto, evito grandes refeições... a não ser que o propósito dessa viagem, seja mesmo um grande almoço ou jantar, o que não era o caso. 
Assim sendo, escolho a Pastelaria Camões, ali na Av. Fernão Magalhães, mesmo junto ao terminal da camionagem de Coimbra e lá vou eu trincar qualquer coisa.


Almoço "light"...
Uma sopa de legumes, uma empada de galinha e uma Coca-Cola Zero depois e já estou pronto para seguir viagem. 
E...fiquei na dúvida: sigo pelo IP3 ou vou pela Nacional 117, mais conhecida como Estrada da Beira? 

"Hum... ainda não fiz uma curvinhas a sério com a "Gloriosa..." 

Está decidido, siga pela N117, antes que se faça tarde!

Pois é, queria curvas e realmente elas estavam lá para todos os gostos e feitios só que, devido ao muito trânsito que apanhei, apenas aqui e ali pude "puxar" pela Africa Twin e mesmo assim, nada que desse para entusiasmar. 

Ok, fica para mais tarde. Lá sigo eu bem comportadinho (que remédio!!), efetuando sempre uma condução com muito juizinho (curvas e muito trânsito, não se compadecem com condução mais agressiva e por vezes "shit happens"!). 
Rodar a baixa velocidade num dia de muito calor e devidamente equipado, ao fim de algumas dezenas de quilómetros pede uma... água fresca, pois claro. 


Que bem que sabe uma água fresca, com tão bela paisagem!
Paragem para "matar" a sede em Poiares, mais concretamente junto ao cruzamento principal onde, alguns minutos depois, deixaria a Estrada da Beira para trás e seguiria pela N2 até Góis. 
E finalmente curvas, muitas, esquerda, direita, a subir a descer, como se gosta. 

Apesar de não ter grande confiança na qualidade do piso, alcatrão daquele mais claro e aqui e ali, cheio de manchas, o certo é que pela primeira vez pude puxar pela "Gloriosa" a sério. 

Sempre no modo S1 e fazendo um uso mais intensivo dos dois "gatilhos" que permitem "meter" mudanças, a Africa Twin, mesmo bastante carregada, permite efetuar uma condução bastante rápida, agressiva, mas sempre fluída, com absoluta segurança e sempre previsível nas suas reações... mesmo quando "limpamos" o pneu traseiro quase até ao limite! 


Pneu novo, já sem goma...
Claro que não pudemos esquecer que vamos a bordo de uma moto Trail de grandes dimensões, com suspensão de largo curso e pneus mistos, mas o prazer de condução desta máquina é grande e realmente surpreende.


Góis Moto Clube
E em menos de nada estava em Góis, com paragem obrigatória, logo ali na entrada onde está situada a sede do Moto Clube desta simpática vila, responsável pela famoso Concentração Internacional de Motos, da qual sou visitante assíduo. 

De volta à "Gloriosa", mais 8 km até Celavisa, uma pequena aldeia que se encontra situada entre Góis e Arganil – onde irei pernoitar nestes breves dias de "Vacances" – para descarregar a tralha que levava nas malas, para depois dar um saltinho rápido até Arganil, ao Intermarché para comprar o jantar e também atestar a depósito da moto e fazer contas ao consumo e quilómetros percorridos, neste primeiro dia de viagem.
Depois foi chegar a casa, em Celavisa, colocar a Africa Twin na garagem, tomar banho, comer qualquer coisa e... ir bem cedinho para cama, pois amanhã, o dia vai começar bem cedo.

Resumo do dia: 

Percurso – Abrunheira (Sintra), Linda-a-Velha, Lisboa, Aveiras, Batalha, Leiria, Coimbra (Estrada da Beira), Góis, Celavisa, Arganil e Celavisa.

Modo de Condução – Ao longo da viagem fui experimentando os diversos modos de condução do sistema DCT da Africa Twin – Drive, Sport I, II e III, e cheguei à conclusão que aquele que mais se adequava ao mesmo estilo de condução, era o Sport I, auxiliando sempre que necessário, com o sistema sequencial, que permite mudar de mudança, sempre que queremos, através dos dois "gatilhos", situados no punho esquerdo.

Distância percorrida – 283 km.

Combustível gasto - 16,07 L.

Consumo médio do – 5,68 L (Aferição efetuada no depósito de combustível)

2º Dia - "Serra da Estrela, aí vou eu!"

Às sete horas da manhã (maldito galo que não se calou desde as cinco da manhã!), já estava mais do que pronto para arrancar para aquele que seria na verdade, o primeiro dia a "sério" de férias, por isso nada como acordar cedo para aproveitar bem o dia.


Céu nublado, nevoeiro e ninguém à vista!
Mas.. ò diacho! Abro a porta de casa e... está um calor deveras esquisito! Olho lá para diante e nada, não se vê nada. O nevoeiro é rei e senhor e está frio! 
Que se lixe o frio, estou de "vacances" e por mim até podia estar a chover ou a nevar! "Bora" mas é acordar a "Gloriosa"!

Uma rápida vista de olhos à moto, pneus ok, corrente ok, chave rodada para a posição "on", uma dedilhada no botão do start e eis que a "Gloriosa" parece querer acordar a pacata aldeia. O que vale é que por estes lados, toda a gente madruga e por isso não devo ter acordado ninguém... pelo menos ninguém se queixou.... 
Realmente aqui, no campo, o silêncio é mesmo... silencioso, daí que o som produzido pela ponteira dupla do escape da Africa Twin, mesmo ao ralenti, mais pareça o ribombar de uma tempestade de relâmpagos e trovões que a voz trabalhada de um motor de dois cilindros paralelos.


Onde está o forro térmico do blusão? Pois... não está! Siga!
Está fresquinho. Direi mais: está um frio do caraças!

E de repente lembrei-me que tinha deixado em Lisboa o forro térmico do meu blusão e que apenas tinha comigo as luvas "sem dedos". Bom, que se lixe! Vamos mas é até Arganil – num ritmo bastante moderado, pois pneus frios e piso húmido, nunca se deram muito bem – para o respetivo pequeno almoço. 
E que bem que me soube aquele galão (sim eu sei, sou "galãomaníaco"!) e a respetiva torrada bem quentinha pois quando cheguei a Arganil, tanto eu como a"Gloriosa" estávamos completamente molhados, devido à muita humidade que se fazia sentir. Parecia Inverno.

De regresso à rua e agora mais quentinho e aconchegado, vejo que o nevoeiro se mantém. Nada que me assuste, ou não estivesse eu acompanhado pela "Gloriosa" que está equipada com os projetores de luz de nevoeiro (Led), ou seja, nada como com condições climatéricas como estas, onde a visibilidade é muito reduzida, sermos vistos à distância e nestas condições estes projetores extra, contribuem muito para a nossa segurança. Mas atenção, são apenas e só para serem usadas de noite ou quando a visibilidade é reduzida e não, como se vê muitas vezes, serem usadas durante o dia e... em cidade. O tuga adora mostrar que tem a moto "carregadinhas" de acessórios extra, simplesmente ridículo!

Saída de Arganil tendo como destino Seia, sempre pela N17. O piso muito húmido, pede condução muito calma e foi assim que rodei praticamente até Seia, sempre acompanhado pelo nevoeiro que teimava em manter-se.


Muito nevoeiro (e um frio do caraças!), na Estrada da Beira...
Nestas condições tenho de referir, outra vez, pela negativa o parabrisa alto, que nestas condições, fica rapidamente molhado e a visibilidade através dele diminui drasticamente. É o mal de todos os parabrisas altos e este, como é lógico, não é exceção. 

Em condições normais e rodando a velocidades mais elevadas, a sua proteção é ótima, mas nestas condições, sinceramente, acho que prefiro o parabrisas de origem. 
Pessoalmente prefiro ir limpando a viseira do capacete do que... parar para limpar o parabrisa! 
Por isto, tenho alguma curiosidade em experimentar uma "AT" equipada com o parabrisas normal, o de série, para ver se realmente vale a pena trocar por este, de maiores dimensões, ou se a proteção que oferece é a suficiente.


A "Gloriosa" também conquistou os primos de Seia...
Viva o sol! Pois é, em Seia e durante a curta visita que efetuei aos meus primos Ricardo, Fátima e filhotes, o sol resolveu aparecer e cheio de força! Ou seja, vamos até à Torre, lá bem no topo da Serra da Estrela.

Seia e tudo o que a rodeia incluindo a portentosa Serra da Estrela, são locais muito especiais para mim, devido às minhas raízes serranas, por parte do meu pai. Por isso,  é um dos locais que mais me diz e que não me canso de visitar, sempre que posso. 
É sempre bom, passear pelas ruas de Seia que tão boas recordações me trazem, principalmente as do Bairro Nossa Senhora do Rosário, onde viviam os meus avós e tios. 
Por isso lá levei a "Gloriosa" a passear por aquelas ruas, mostrando-lhe a antiga casa dos meus avós e os locais onde brincava. 

E... tive a felicidade de voltar a reencontrar de novo, a minha professora da primeira classe, a D. Celeste, sã que nem uma pêra, fresca que nem uma alface e animada como sempre! Adorei.


Olhar ameaçador da "Gloriosa", como que a dizer: "deixa lá as lamechices sobre Seia e vamos mas é subir a Serra!"
Bom, visitas feitas e vamos lá então ver como se comporta a Africa Twin, nas subidas íngremes na Serra mais alta de Portugal.

Aqui, coloquei o DCT no modo D e... rapidamente voltei ao S1! Será que só a mim é que irrita o modo D? 
A forma como muda constantemente de mudança, é mesmo irritante. 
Está decidido, apenas usarei o modo D, quando circular em estrada planas, podendo assim rodar em sexta velocidade, sem solavancos e sem sentir o motor quase a "bater" e efetuar consumos mais baixos e... apenas quando me apetecer viajar a velocidades de... "condutor de fim de semana"!

S1 de novo e lá vou eu Serra acima. 

Para efetuar o "meu" andamento, aqui e ali, principalmente na saída das curvas, tenho de dar uma ajuda ao DCT, metendo por vezes uma (ou duas) abaixo, de forma a não perder tempo e a  não deixar o regime de rotações descer em demasia, mantendo desta forma um andamento constante. 

Aqui foi bem notória a forma como o sistema DCT, consegue "ler" o nosso estilo de condução e "adaptar-se" a ele. No inicio, quando apareceu o DCT e me falaram sobre isto, lembro-me de pensar "bela treta". Então agora a moto adivinha quando é que eu quero meter as mudanças?" 
No entanto, a realidade é que, se o sistema DCT não adivinha qual a mudança que quero engrenar, o certo é que consegue adaptar-se ao estilo de condução de quem conduz. 

Durante este percurso (e já anteriormente), o DCT "reparou" que eu fazia a maior parte das curvas sinuosas em terceira velocidade. Assim, independentemente da velocidade a que viesse e da mudança que estivesse a ser usada, a verdade é que mal me aproximava da curva seguinte, quando desacelerava e começava a travar, miraculosamente, o DCT começava a reduzir, até à terceira velocidade e aí ficava, independentemente da velocidade de entrada em curva, pois o sistema não consegue, como é lógico, saber que tipo de curva é que temos pela frente, "sabendo" apenas que a terceira velocidade é aquela que normalmente era utilizada naquelas condições de condução – desaceleração súbita e travagem aplicada. E podem ter a certeza que testei isto muitas vezes! 
Claro que, se a curva "pedisse" outra mudança que não a terceira, eu, através dos dois "gatilhos", teria de dar uma ajuda ao sistema, mas que esta adaptação ao modo de conduzir é algo muito bem feito, lá isso é! 

Mas não é tudo em relação ao DCT. Também gostei muito da forma como, automaticamente, este sistema efetua um verdadeiro "ponto de embraiagem" no arranque. 
Conforme arrancamos, seja a plano, a subir ou a descer e esteja a moto leve, ou pesada, ela faz um arranque perfeito. Quem, do lado de fora vê, por a "Gloriosa" a arrancar, nunca irá pensar que o arranque foi feito automaticamente e não por quem a conduz. Excelente!

E... ou não fosse a Africa Twin uma moto de todo-o-terreno de raiz, o DCT possui um modo totalmente novo, o Modo G ( Gravilha – Gravel em inglês), que é ativado a partir de um botão posicionado à direita do painel de instrumentos. É um modo novo, adaptado à condução fora de estrada que  permitindo um tipo de condução mais direta e agressiva, totalmente adaptado ao todo-o-terreno. 

Não, não experimentei, porque, como já referi quando teste a Africa Twin “normal”, o todo-o-terreno, decididamente, não é a minha praia. Deixo isso para os experts...

Sabugueiro, a aldeia mais alta de Portugal.
E cheguei ao Sabugueiro, aquela que é a aldeia mais alta de Portugal e que, curiosamente, até está situada num vale.

Ir à Serra da Estrela e parar para fazer umas festinhas aos cães, faz parte da tradição. 
Uma rápida paragem apenas para ver, como é hábito, os "canitos" e de novo a "Gloriosa" regressa à estrada, tendo como destino, primeiro a Lagoa Comprida e depois, finalmente, a Torre.

Embora o excelente estado de conservação da estrada seja "apetitoso", o certo é que os abismos que a rodeiam e também os muitos carros e bicicletas que por ali circulam em ritmo de passeio, convidam a ter um certo cuidado. 


Momento "Zen I"...
Mas na verdade, o que nos impele a fazer um andamento realmente moderado e a efetuar diversas paragens, são as assombrosas paisagens que nos rodeiam. 


Momento "Zen II"...
É algo impossível de descrever por simples palavras, o que sentimos e vemos quando paramos. 
Para começar, quando se desliga o motor da moto, somos inundados por um total silêncio, difícil de descrever que, associado à magia daquele local, é algo que apenas estando lá, se pode sentir. 


Deve ser por isso que adoro a Serra da Estrela e que sempre que posso a visito. 
Pelo menos para mim, não existe nada melhor, nada mais gratificante, do que trepar serra acima, de moto. 
Não existe nada melhor para libertar as energias negativas, efetuar um "reset" ao meu "sistema operativo", vulgo, mioleira e lavar a alma! 
É algo que aconselho vivamente, todos a fazerem!


Momento "Zen III"...
E com esta conversa toda, passei pela Lagoa Comprida, aquela que é a maior das lagoas serranas, construída no local onde existia um antigo glaciar. A sua construção começou em 1912 tendo ficado definitivamente terminada, apenas em 1966. Uma obra e tanto!


Momento "Zen IV"...
Continuando a subir, a vegetação que por estes lados já não é muita, diminui drasticamente, aumentando a grandiosidade de tudo o que a nossa vista consegue alcançar. Lindo! 


Momento "Zen 5" ou... Torre à vistaaaaaa!
Ao longe, lá bem no "cocuruto" da serra (1993 metros de altura!), já consigo vislumbrar as formas das "torres cogumelo" que ladeiam a rotunda onde está situado o pequeno monumento que simboliza o ponto mais alto da Serra da Estrela e respetivo marco geodésico.


Finalmente, no lugar mais alto de Portugal Continental!
Foto aqui, foto ali, aproveito para esticar as pernas e apreciar a paisagem. 

Ar puro, silêncio e uma paisagem de cortar a respiração! Só por isto, vale a pena visitar a Torre.


Nada como desfrutar deste local, sem turistas à vista! Muito bom!
Motor ligado, um toque no botão situado junto ao punho direito para "engatar" o Modo D, mais um toque para colocar o DCT no Modo S1, "desengatilhar" a manete do Travão de Parqueamento, situado no local onde, na versão normal da Africa Twin com caixa manual de seis velocidades, se situa a manete de embraiagem e lá vou eu de volta, num ritmo bastante moderado, usando o "travão-motor", para não deixar a "Gloriosa" ganhar velocidade por ali abaixo. 
E é neste preciso momento, estando eu praticamente a rodar ao "ralenti",que reparo que levo um passageiro, mais concretamente uma passageira! 


Ela queria boleia... 
Então não é que a Dona Joaninha, provavelmente pensado que eu estava já de regresso a Lisboa, tentou aproveitar a boleia para, como diz a lengalenga, "ir visitar o pai a Lisboa"? E foi assim durante alguns minutos que tive a companhia da Joaninha, até ela se ter fartado – provavelmente por ir tão devagar! -, abriu as asitas e lá foi ela, aproveitando a rapidez dos ventos serranos.  
Entretido com a Joaninha, quando dei por mim já estava novamente próximo do Sabugueiro, tendo até lá, seguido atrás de um grupo de motociclistas italianos – provavelmente jornalistas –, conduzindo as novas Suzuki VS650, lideradas por uma poderosa Hayabusa. 
Pararam no Sabugueiro e eu ainda pensei parar também para meter conversa, mas a "Gloriosa", olhou para mim com aquele ar fulminante de "mulher ciumenta" (vocês sabem como é!) como que a dizer "se vais para junto daquelas "gajas", deixo-te aqui plantado no meio da serra e vais regressar a pé!". 


Linda... de qualquer ângulo!
Pois... tive de contentar-me com apenas uma apitadela e um aceno de despedida ao grupo de motociclistas (e nem uma olhadela às Suzuki porque senão...) e continuo a descida da Serra... mas juro que me vingo... 
E a "vingança" não tardou, ou pensava eu que seria vingança, mas... vamos por partes: logo a seguir ao Sabugueiro e toldado por pensamentos vingativos "tenho de tramar a "Gloriosa" por não me ter deixado conhecer aquelas Suzuki tão charmosas" e por isso mesmo decidi descer a serra, não pelo mesmo caminho que me levaria de volta a Seia, mas sim em direção a Gouveia, por uma estrada cujo estado, não é dos melhores: alcatrão em mau estado, curvas muito apertadas, buracos e muita gravilha solta.


"Gloriosa" e Poderosa!
Pensei eu que a Africa Twin não iria gostar nada e que seria a minha pequena vingancinha só que... saiu-me o tiro pela culatra. A "Gloriosa" não gostou, mas sim adorou, incentivando-me até a efetuar uma condução mais arisca e divertida, numa plena demonstração dos seus dotes ciclisticos. E que dotes! 
Que se lixe a paisagem (que também é lindíssima) e vamos mas é aproveitar a vontade da "Gloriosa" em se mostrar. 
Curva após curva, reta, mais um curva, quase reta e ainda outra curva e mais uma curva,quase todas bem apertadas e cheias de gravilha, a "Gloriosa" vai doida e eu, feliz e contente, tento estar à sua altura e aqui digo, abençoados "anjos da guarda" que são o ABS e o sistema de controlo de tração (HSTC) – possui, 4 modos de ativação, incluindo o modo totalmente Off –, porque naquele ritmo e com tanta gravilha na estrada, principalmente nas curvas, a coisa poderia não ter corrido tão bem. 

O certo é que, quando parei em Gouveia e se alguém tivesse olhado para mim por certo teria pensado: porque razão é que aquele idiota, todo transpirado, está com um ar tão feliz?! 

Porque, se somarmos uma Honda Africa Twin DCT + calor + estrada com curvas + condução "divertida", o resultado só pode ser um: Motociclista Feliz!

Ainda em Gouveia, uma rápida visita a uns familiares (neste casos uns tios que já não via há muitos anos, ficando a promessa de voltar com mais tempo) e aponto a "Gloriosa" novamente a Seia, onde páro para fazer uma refeição ligeira (quando ando de moto até me esqueço de comer!) e como é da praxe, aproveito para comprar um queijo da serra e porque sou um gajo muito simpático (aldra...), oferecem-me uma deliciosa farinheira. 


"Ainda se fosse gasolina 98" - pensou a "Gloriosa".
Gente serrana pois claro, donos de de uma simpatia e hospitalidade, como raramente se encontra. A curiosidade é sempre muita: de onde venho, para onde vou que moto é aquela e quando digo que sou "praticamente" filho da terra e sabem de quem sou neto, tudo fica ainda melhor. Maravilha!


Momentos únicos...
O regresso, de Seia, outra vez pela N17 mas agora sem frio e nevoeiro, foi efetuado num ritmo bastante tranquilo, aproveitando cada minuto e cada quilómetro, percorrido a bordo desta magnífica máquina, chegando a Arganil (Celavisa) já com o sol a desaparecer no horizonte, para o merecido descanso, meu e da "Gloriosa".

Resumo do dia: 

Percurso - Arganil, S. Romão, Seia, Sabugueiro, Lagoa Comprida, Torre, Gouveia, Estrada da Beira, Vila Nova de Poiares, Góis e Arganil.

Modo de Condução – Sport I. Piso húmido, curvas para todos os gostos, subidas íngremes e prolongadas, tanto conduzindo em modo "Zen", como em "maximum atack".

Distância percorrida – 220 km.

Combustível gasto – 12,04 L .

Consumo Médio – 5,47 L. (Aferição efetuada no depósito de combustível)

 3º Dia - Rodar nas calmas ou... como ir a S. Pedro do Sul visitar uns amigos que... estão a caminho do Algarve?!

Filho da p#%# do galo que não me deixa dormir!!!! 

Bom, do mal o menos, assim levanto-me cedo e aproveito melhor o dia... e a "Gloriosa"!

Neste terceiro dia de "vacances", aproveitei para efetuar mais duas visitas.
Assim sendo, o primeiro destino foi S. Pedro do Sul, mais concretamente, mesmo ali ao lado, na pequena aldeia de Nespereira Alta onde residem uns grandes amigos.

Felizmente o dia acordou limpo e com uma temperatura já bastante agradável e nada de nevoeiro. Ainda bem.
Como já é da praxe, galão e torradinha na pastelaria do costume, em Arganil e depois lá vou em direção à Moita da Serra, nas calmas, sempre acompanhado pelo bater compassado e poderoso do propulsor da "gloriosa" apreciando a paisagem e sorvendo o ar puro daquelas bandas misturado com uma miscelânea de cheiros entre os quais se destaca o dos muitos eucaliptos que por ali habitam. Qualidade de vida é isto meus amigos, sem dúvida alguma!


É tão bom andar de moto!
Por questões de logística – ir "cravar" o almoço aos meus amigos -, decido seguir viagem pelo IP3 até Tondela e depois aí, primeiro pela N230 quase até Campo de Besteiros depois pela N228 e finalmente um "poucachinho" da  N16 em direção a S. Pedro do Sul.

E foi precisamente a seguir a Tondela, algures na N230 que tive uma sensação algo estranha. Cruzo-me com um carro que pareceu-me ser familiar (Citroen C4 Picasso) e por breves instantes, passou-me pelos miolos a ideia de que aquele Picasso poderia ser dos meus amigos que ia precisamente visitar a S. Pedro e... cravar o almoço! 

"Não, não podem ser, é um carro igual..."

Com S. Pedro do Sul quase à vista, decido dar a conhecer primeiro à "Gloriosa", as Termas de S. Pedro do Sul, ali junto às margens do rio Vouga, com direito às respetivas fotos.


Termas de S. Pedro do Sul
Sempre que aqui venho não deixo de ficar maravilhado com a vegetação luxuriante desta zona e ainda mais com as suas cores. 


A "Gloriosa" fica sempre bem em qualquer lugar!
Já andei por muitos lados, mas "verde" como este, nunca vi em lado nenhum. Seja na mais frondosa árvore, ou na erva mais rasteira, o verde é sempre mais forte, mais intenso, que noutro local qualquer e penso que isso tenha a ver com a qualidade e abundância da água por estas bandas. Um local único, sem dúvida.


Impaciente...
 Como ainda era cedo para ir cravar o almoço aos meus amigos Mariana, Laurinda e Fernando, decido parar numa pastelaria em S. Pedro do Sul, para um cafézinho e um água (para o ano peço um patrocínio às Águas das Pedras!), aproveitando para ir à net ver o que se passava no mundo e.. no Facebook. Maldito vício, chiça!


Ainda nas Termas...
S. Pedro do Sul é um daqueles locais, onde não me importava de viver. Para começar e como já referi atrás, tem aquele verde tão especial e muita água. Depois os ares são magníficos e impera a calma e serenidade que muito prezo e a paisagem é espetacular! E a comidinha...

Falando em comida, "bora" lá até Nespereira Alta "cravar" o almoço. Devagar, a "sorver" tudo o que me rodeia – o ar e a paisagem – chego à casa dos meus amigos e... está tudo fechado? 
Dou a volta à casa e nada...querem ver que... naaaa... deixa cá telefonar, se calhar foram às compras a S. Pedro do Sul e ainda não voltaram.

- Estou, Fernando?
 - Oi Carlos, tudo bem contigo?
- Opá, onde andam vocês?
- Nós? Estamos a caminho do Algarve!
- Ai o c#$%"%"!!!
- ??? Então e tu, onde estás?
- Estou à porta de vossa casa!!!!
- Não estás nada! Deixa-te de tretas!
- Pá, estou sim. Como estou de férias, decidi fazer-vos uma visita surpresa (e "mamar" um almoço à conta...)
- Pois, estás com azar...
- Diz-me uma coisa: vocês não passaram à coisa de 1 hora ali na zona de Tondela?
- Sim pá, vamos a caminho do Algarve.
- ...
- Não me digas que nos viste?
- Opá, passou por mim, em sentido contrário, um Citroen C4 Picasso e na altura e por breves instantes pensei que podiam ser vocês. E eram mesmo!
- Azar, o teu, pois claro.
-E eu a pensar que vinha comer o celebre cabrito assado feito pela Laurinda. Tem de ficar para a próxima.
- Pois tem, porque não voltamos para trás ehehehe.
- Ok, fica para a próxima. Façam boa viagem. Abraço.

Lá se foi o almoço...


Indo eu, indo eu, a caminho de Viseu...
Motor a trabalhar e lá vou eu (cheio de fome...) mais a Gloriosa em direção à cidade das rotundas, Viseu. 

Decididamente, gosto de Viseu, mas não das suas rotundas! Para quê tanta rotunda, em locais onde... se não existissem, também ninguém, daria pela sua falta? Ok, percebo, uma rotunda é um bom descongestionador de trânsito, mas... em locais onde passa um automóvel de meia em meia hora... é para descongestionar o quê? Haja paciência! Será que a ideia era colocarem Viseu no Guiness, como a cidade com mais rotundas por metro quadrado, do mundo? E conseguiram?

Enquanto eu conduzia, embirrando com todas as rotundas que apareciam-me pela frente, a Africa Twin, ao contrário de mim, parecia divertir-se à brava com tanta rotunda. Desgraçada!

Como já estava mentalizado para tirar a barriga de misérias com o tal cabrito assado que... "ia a caminho do Algarve", decidi que hoje tinha de almoçar como deve ser e não uma "coisinha leve", como tinha feito até aqui. Assim sendo, vamos lá à procura de um local onde se coma bem e se pague pouco. Uma voltinha pelo centro de Viseu, páro aqui e ali à porta deste e daquele restaurante, mas vá se lá saber porquê, nenhum me cativou.

Porque estás a perder tempo e não fazes o que fazes sempre, ou seja perguntar a quem sabe?

Se assim o pensei, rapidamente o fiz, ou seja, procurar por um grupo de idosos da terra, que esses sim é que percebem do assunto, das comezainas e afins! 
Mais uma voltinha e logo ali, à sombra das árvores do bonito jardim Tomás Ribeiro, situado junto à Câmara Municipal da cidade, estavam três "velhotes" na conversa – provavelmente a apreciarem e a comentarem as "vistas femininas" – e tal como esperava, foram extremamente simpáticos e por ali fiquei largos minutos na "converseta". De onde vinha, para onde ia, que moto era aquela, o costume.
Por fim, segui as indicações que me deram e fui almoçar. Peço desculpa, mas não me lembro o nome do restaurante, sabendo apenas que comi (muito) bem e "(muito) barato!


Almocinho "light"...
Por apenas 6 euros (!!!!) tive direito a pão, manteiga e azeitonas, sopa (que não comi),uma bebida à escolha (escolhi água fresca pois claro.) e escolher entre três pratos diferentes, tendo escolhido uma deliciosas lulas estufadas, acompanhadas por batata frita (da verdadeira e não daquela congeladas!) e legumes cozidos e para terminar, uma sobremesa à escolha (que também não comi, por já estar empanturrado) e por último, o respetivo café. Seis euros!!! E tudo servido à grande e com direito a repetir se assim o desejasse!

Mais gordo, no mínimo mais três quilos, dou mais umas voltas pelas ruas da  bela cidade de Viriato e depois de ter feito, no mínimo, mais de 5594573,4 rotundas, finalmente encontro a N231 que nos levaria, a mim e à Honda Africa Twin, até Nelas, onde apanhei a N234 e um pouco mais à frente, a A35 até ao Carregal do Sal, para visitar a minha irmã Carla e... cravar o jantar. Espero que não tenham ido para o Algarve...

Como cheguei bastante cedo, lá fomos, eu e o meu cunhado, até à esplanada apreciar a "paisagem" e fazer horas até ao jantar.

Jantar, matar saudades, pôr a conversa em dia "cortar na casaca" deste e daquela e... eram quase 22 horas, quando liguei o motor da "Gloriosa", despedi-me da "famelga" e apontei as potentes luzes da Africa Twin em direção a Arganil. 

"E da noite se fez dia!"
E que luzes! 

Se a luz de Leds, desta Honda, já espanta pela sua qualidade, garantido uma boa iluminação, juntando a esta os faróis auxiliares com que esta Africa Twin estava equipada, é caso para dizer que, da noite faz-se dia e viajei com toda a segurança a casa, em Celavisa.


"Góis by night"...

Mas... como estava a gostar tanto de conduzir a "Gloriosa" à noite ainda fui até Góis, pelo simples prazer de rodar mais alguns quilómetros.

Confesso, estou literalmente apaixonado por esta "menina"! 

Resumo do dia: 

Percurso - Arganil, Tábua, Tondela, S. Pedro do Sul, Viseu, Carregal do Sal e Arganil

Modo de Condução  S1.

Distância percorrida – 290 km.

Combustível gasto – 16,14 L .

Consumo Médio – 5,56 L. (Aferição efetuada no depósito de combustível)

4º Dia – "Curvas para todos os gostos e feitios".

Será que ao fim de semana o c%br#% do galo não canta?? 

Ou será que eu é que já me habituei e nem dei conta do bicharoco cantar? Bom, não interessa. Apenas sei que acordei mais tarde do que o costume – por volta das dez horas – e que desta vez o passeio seria mais curto mas nem por isso menos interessante... antes pelo contrário.

Com o motor da "Gloriosa" devidamente aquecido e debaixo de um sol já bastante quente, segui em direção a Góis onde, durante largos momentos e enquanto tomava o pequeno almoço (torradinha e galão quentinho, que eu sou um gajo que gosta de variar bastante!), sentado na conhecida esplanada da pastelaria "May Tay", ponto de encontro das gentes daquela simpática vila e local de grande animação durante a Concentração de Góis, fui matutando sobre qual seria o meu destino naquele dia.


Algures...
Primeira decisão do dia: "bora" até à Pampilhosa!

Meus amigos, o certo é que foi a melhor decisão que podia ter tomado pois a estrada que une Góis à Pampilhosa, passou a estar no "Top Five" das minhas estradas preferidas para fazer de moto. Sim, já conhecia a estrada, mas de carro e não de moto. Se de carro é algo monótona, salvando-se apenas a paisagem, já de moto, a conversa é outra!

Perguntem à "Gloriosa" se não gostou!


Parar, desligar o motor e ouvir o silêncio...
Para quem realmente gosta de andar de moto, esta estrada, digamos que é quase perfeita. Alcatrão perfeito e de boa "agarradura", curvas para todos os gostos e uma deliciosa paisagem. O que mais se pode pedir? Estar a conduzir a "Gloriosa", pois claro. Sim eu sei, não é uma RR, mas olhem que o seu comportamento é deveras... simpático! 
Apenas os pneus, novinhos em folha quando peguei na moto nas instalações da Honda na Abrunheira, é que não devem ter achado grande piada, pois foram "limpos" de extremo a extremo, sem dó nem piedade. 


A caminho da Pampilhosa da Serra. Tapete imaculado, curvas perfeitas!
E o mais importante e o que realmente interessa reter, é que esta Big Trail da Honda, mesmo equipada com as malas laterais e a top-case, curva como "gente grande" e dá grande prazer de condução acrescentando  conforto e segurança à condução. Fiquei rendido! Que moto fantástica!


Pampilhosa da Serra
E... cheguei à Pampilhosa, onde estava a pensar que iria almoçar só que, por incrível que pareça e provavelmente devido ao muito calor que se fazia sentir, não se via ninguém nas suas ruas e estava tudo praticamente fechado, incluindo restaurantes.


Monumento ao Bombeiro, construído em 2009.
Uma voltinha por ali, uma paragem aqui e acolá para as fotos do costume e decido regressar a Góis, onde almoçaria e decidiria para onde seguiria da parte da tarde. 


Muito bonito mas... completamente vazio. É pena...
Só que, logo ali na saída da Pampilhosa da Serra, vejo um desvio à direita com uma placa a sinalizar o Parque Eólico da Pampilhosa da Serra. 
"Gloriosa", como é? Vamos?" Claro que sim pois uma Honda Africa Twin, nunca se nega a nada. 


A caminho do Parque Eólico da Pampilhosa da Serra.
Vou subindo nas calmas, apreciando a grandeza da paisagem até perder de vista e a majestosidade das enormes turbinas eólicas que ali existem em grandes quantidades. 
Se ao longe, cada um destes "moinhos" parece grande, então quando estamos mesmo debaixo de uma, ficamos assoberbados com o seu tamanho. 

Vuuuch, vuuuch, vuuuch...
O som produzido pelas enormes pás das suas hélices é algo de surreal. Vuuuch... vuuuch... vuuuuch... debaixo de um monstro destes sentimo-nos realmente pequeninos pois reparem no seguinte: cada torre tem uma altura média de 80 metros e cada uma das quatro pás que compõe a hélice, tem 45 metros de comprimento, ou seja, um total de 125 metros de altura desde a base da torre até à ponta da pá que estiver no topo. 
Se estes valores já demonstram a grandiosidade de cada um destes engenhos eólicos, então aqui vão mais alguns:  cada rotor pesa 40 toneladas e uma "coisa" destas completa – torre, rotor e hélice –, pesa no total, 156 toneladas! Uma monstruosidade! 
Até a Africa Twin que é uma "menina" de dimensões generosas sente-se intimidada e... vuuch...vuuch.. vuch...

Aposto que o D. Quixote morreria de susto se visse um destes "moinhos"!


Virar à esquerda e sempre a descer!
Devagar,  vou avançando pela estrada que serpenteia pelo planalto, salpicado por dezenas de torres eólicas, até onde a vista alcança, até que chego a um pequeno cruzamento onde tive de decidir se voltaria para trás, ou seguiria em direção a Arganil, mas através  dos montes e vales, por caminhos desconhecidos. 
Claro que escolhi os caminhos desconhecidos e ainda bem que o fiz, por duas razões: primeiro, porque passei por pequenas localidades, algumas constituídas apenas por três ou quatro casas habitadas e outras já em ruínas, mostrando que antigamente ali vivia muita gente mas que atualmente, poucos, principalmente os mais idosos, teimavam em ali permanecer e viver do que a terra lhes dá. 
Uma mostra bem real e muito triste da terrível desertificação sofrida nos últimos anos, nas terras do interior.

A segunda razão é que pude mais uma vez comprovar as reais qualidades de conduzir e viajar numa moto como a Africa Twin. 
Explicando melhor, sim é verdade que numa verdadeira GT, do tipo Honda Pan European, BMW RT, Yamaha FJR1300 e outros modelos semelhantes, até podemos viajar de forma mais confortável, só que são motos menos versáteis no que diz respeito ao tipo de estrada que se percorre e principalmente à qualidade do chão que pisamos. 


É nestas estradas que a "Gloriosa" mostra toda a sua versatilidade, destreza e facilidade de condução!
Nesta parte do percurso, através das altas montanhas desta zona e especialmente na descida em direção a Arganil, a estrada é apertada, muito sinuosa, com curvas de quase 360º graus (sim é verdade, quase que voltava ao local da partida!) e a qualidade do piso muda drasticamente de quilómetro para quilómetro, desde o alcatrão lisinho e bastante escorregadio, até troços onde imperam "crateras lunares" e gravilha em toda a sua extenção. 
Nestas condições as excelente suspensões da "Gloriosa", fazem toda a diferença, principalmente quando comparadas com as tais "GT", Não é que estas não se consiga circular por este tipo de estradas, só que o esforço a que obriga a sua condução, torna o seu uso demasiado cansativo nestas condições. 
Não é por acaso que cada vez mais, possuidores de grandes "GT" estão a trocá-las pelas mais versáteis Big Trail... 

A descida por entre montes e vales foi tranquila, parando por breves momentos aqui e ali, desfrutando da paisagem que me rodeava, chegando a Arganil, já a meio da tarde... para almoçar (!) no "Eduardus", local com ambiente familiar e ótima comida.
Depois do almoço/jantar, regresso a Celavisa, dando por terminada a passeata deste dia.

Resumo do dia: 

Percurso - Arganil, Góis, Pampilhosa da Serra, Parque Eólico da Pampilhosa da Serra, Fajão, Torrozelas, Folques e Arganil.

Modo de Condução – S1.

Distância percorrida – 157 km.

Combustível gasto – 9,44 L .

Consumo Médio – 6,01 L. (Aferição efetuada no depósito de combustível)

5º Dia – "O regresso..."

Das duas uma: ou o galo está afónico ou foi parar a alguma panela! Não o ouvi!

"O que é bom, acaba depressa", lá diz o ditado e com toda a razão. 


"Estou triste... preparar o regresso..."
Enquanto preparava a "Gloriosa" para a viagem de regresso a Lisboa, voltando a encher as malas laterais e a top-case com a tralha que já tinha trazido e agora mais algumas coisinhas (quejinhos, chouriços, um capacete novo, etc..) não deixo de olhar para a "Gloriosa" e pensar que brevemente teria de despedir-me dela...

O regresso pouco tem para contar. Muito calor, pouco trânsito, até Coimbra e viajar num ritmo normal pela velhinha estrada nacional, tentando cumprir os limites de velocidade, ao mesmo tempo que me vou desenvencilhando das inúmeras "chicanes móveis" que vou apanhando pela frente (fim de semana, pois claro...) mas sempre com aquele sentimento de... fim de viagem e amanhã, ter de devolver a minha companheira de viagem, a "Gloriosa". 


Hora do "almoço", na batalha...
Paragem novamente na Batalha, desta vez para um lanche rápido e siga de novo em direção a Lisboa.


Papa-quilómetros...
Aproveito os poucos quilómetros que me restam para dar por concluídos estes "Five Dias de Vacances" para, mais uma vez e numa de... despedida, "picar" os noventa e cinco cavalos do seu propulsor, ao que ela, danada para a brincadeira,  faz subir furiosamente os dígitos do velocímetro digital, para lá da marca dos 200 km/h!

Maravilha!

Resumo do dia: 

Percurso - Arganil, Moita da Serra, Estrada da Beira, S. Martinho da Cortiça, Coimbra, Leiria, Batalha, Lisboa, Linda-a-Velha.

Modo de Condução – Sport I.

Distância percorrida – 266 km.

Combustível gasto – 15,20 L .

Consumo Médio – 5,71 L. (Aferição efetuada no depósito de combustível)

"The end"... ou o regresso à realidade...

Muito devagar! Foi assim que percorri a distância que separa a minha casa em Linda-a-Velha e a Honda na Abrunheira, como que a tentar prolongar o tempo em que a "Gloriosa", esta magnifica Honda CRF1000L Africa Twin DCT, foi minha. E que tempo! 

"Five dias de Vacances" depois e mais de 1200 quilómetros percorridos.


"Pura Paixão"
Sendo já fã da nova Africa Twin, foi com alguma curiosidade que iniciei esta viagem pois, se em relação à moto em si, não tinha qualquer tipo de dúvida, já em relação ao sistema DCT adaptado a uma moto deste tipo, as dúvidas eram mais que muitas. 
Até aqui, a minha experiência com o DCT resumia-se a dois testes que efetuei, com a Integra 700 e mais tarde com a Vultus, duas excelentes máquinas, mas que pertencem a outras "guerras".

E o que posso dizer sobre a "Gloriosa" equipada com DCT, após estes mais de 1200 km? Apenas isto:

A Honda Africa Twin CRF1000L DCT passou a ser a líder do meu Top Five de motos preferidas. E de preferência com esta decoração e equipamento! 

Sem espinhas!

Resumo final:

Distância percorrida – 1216 km

Combustível consumido – 68,89 litros

Média final – 5,665 litros por cada cem km percorridos.

Especificações Técnicas
Motor - Dois cilindros paralelos, 4 válvulas por cilindro, sistema Unicam, refrigeração líquida.
Cilindrada – 998 cc.
Potência – 95 cv às 7500 rpm.
Binário – 98 Nm às 6000 rpm.
Alimentação – Injeção PGM-FI 
Caixa de velocidades – DCT (6 velocidades), com modos de condução em estrada e em fora-de-estrada 
Transmissão final – Corrente.
Sistema HSTC (Controlo de Binário Selecionável Honda) -Três níveis + interruptor de desligar. Somente versão ABS e DCT.
Quadro – Tipo berço (semi-duplo) em aço.
Dimensões
Comprimento – 2335 mm.
Largura – 930 mm (875 mm versão Standard)
Altura - 1475 mm.
Distância entre eixos – 1575 mm.
Altura ao solo – 250 mm.
Altura do assento 870 mm (versão rebaixada 750 mm).
Suspensões
Dianteira - Forquilha telescópica invertida Showa de 45 mm. Ajuste de pré-carga em extensão e compressão. Curso de 230mm.
Traseira - Braço oscilante monobloco em alumínio fundido. Amortecedor traseiro com reservatório de gás separado. Ajuste em extensão e compressão. 220 mm de curso.
Travões
Dianteiro - Dois discos flutuantes de 310mm, cubo radial e pinças de 4 êmbolos.
Traseiro - Disco flutuante de 256mm com pinça de 1 êmbolo. 
Versão DCT com travão de estacionamento por bloqueio da manete com pinça adicional lateral de 1 êmbolo.
ABS de 2 canais com interruptor de desligar o ABS traseiro (*somente versões ABS e DCT).
Pneus
Dianteiro - 90/90-21 com câmara-de-ar.
Traseiro - 150/70-18 com câmara-de-ar.
Depósito combustível – 18,8 litros.
Peso a seco – 222 kg (DCT).
Peso em ordem de marcha – 242 kg (DCT).


Acessórios extra que equipavam a "Gloriosa"


Vidro Alto – 153,75 €
Malas laterais – 728,58 €
Pack faróis de nevoeiro (faróis, cablagem e barras de proteção) – 1020,90 €
Kit completo Top Box (Top-Box, base e encosto) – 513,12 €


Agradecimento
Honda Motor de Portugal, por mais uma vez, ter-me confiado uma moto, neste caso a Honda CRF1000L Africa Twin DCT, para a realização deste trabalho de longa duração.

Carlos Veiga (2016)

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