18 de dezembro de 2017

Honda CR-V 1.6 i-DTEC 2WD LifeStyle – Valor Seguro


 A primeira geração do Honda C-RV, foi lançado em 1996, tendo chegado ao mercado português no ano seguinte. 

Desde então, tem tido um lugar de destaque, nomeadamente em mercados tão distintos como o norte-americano, australiano, grego, alemão, britânico, etc. No total, o C-RV já passou largamente  fasquia dos 7 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, o que é obra! Já por cá, neste cantinho à beira-mar plantado e sem eu que perceba porquê, as vendas têm sido mais discretas. 



E foi precisamente isso que me levou a efetuar este ensaio com o Honda C-RV 1.6 i-DTEC 2WD, na versão Lifestyle, gentilmente cedido pela Sôzô Portugal, que me levou durante 4 dias, até à zona centro do país, com maior incidência nas zonas de Arganil e Góis, percorrendo caminhos de terra, levando-nos até locais que com outro tipo de veículo seria impossível ir. 

Sem dúvida, o Honda C-RV é grande e imponente. Ao olharmos para este automóvel, conseguimos perceber que a sua conceção original, ao nível do design (e não só!) levou em conta o gosto do consumidor norte-americano (daí o sucesso deste modelo por terras do "Uncle Sam"). No entanto, nesta 5ª geração a Honda soube dar ao C-RV, pelo menos na dianteira, aquele ar mais moderno desportivo, tão ao gosto do condutor europeu. 



Penso que os designers da marca nipónica fizeram um excelente trabalho pois nem era preciso termos o símbolo da marca, de grandes dimensões, colocado no centro da grelha frontal, para percebermos que estamos perante um Honda, contribuindo também para isso o novo para-choques e respetiva proteção inferior que aliado aos novos faróis com luzes diurnas em LED e projetores HID   de desenho mais esguio, contribuem para o aspeto arrojado que o C-RV possui.



Quanto à traseira, confesso que merecia ter tido tratamento idêntico, pois apesar dos pequenos retoques estéticos que recebeu, de onde se destaca a faixa cromada e os dois farolins de LED, continua demasiado "pesada", "troncuda", para o gosto europeu. 



Mas o facto é que é precisamente esta traseira "troncuda", que lhe transmite a personalidade que ostenta e que o faz distanciar-se da maioria dos seus rivais que, fora raríssimas exceções, são quase todos iguais. E isso para mim é sempre positivo, apesar de, sinceramente, também não morrer de amores pela traseira do C-RV, mas lá está, gostos são gostos e por isso mesmo, não entram em linha de conta na pontuação final dos testes efetuados pelo Motor Atual.




Entrando no habitáculo, o que mais impressiona é o espaço disponível tanto nos lugares dianteiros, como nos traseiros, ao que acrescenta uma bagageira com capacidade para albergar 589 litros com os assentos colocados na posição normal e uns enormes 1648 litros, com os assentos deitados!





 Espaço a rodos, para todas as envergaduras e pesos e aqui vemos o lado positivo de termos um automóvel que foi construído levando em conta as dimensões dos "gigantes" americanos! Ali dentro cabem 5 pessoas tamanho XXL e bagagem.


Fiquei agradado com os materiais usados se bem que, aqui e ali, alguns plásticos, nomeadamente nas zonas inferiores das porta e do tablier podiam ter um aspeto de plástico menos, digamos... "baratucho"... 
No entanto, muito positivo é o trabalho cuidadoso efetuado ao nível da montagem deste habitáculo pois, mesmo levando o C-RV para caminhos muitos "duvidosos" (estradões de terra, alguns em muito mau estado), é praticamente impossível ouvir-se um ruído parasita, seja de que tipo for: tic tic, toc toc, plinc plinc, nhec nhec, ronc, ronc, ou qualquer tipo de zoada, gemido ou ressonância é algo inexistente no interior deste automóvel. 

Além disso, o excelente trabalho efetuado ao nível da insonorização, mostra-nos que estamos a bordo de uns dos mais silenciosos SUV do mercado, mesmo sendo propulsionado por um motor a diesel, naturalmente mais ruidoso que aqueles que são alimentados a gasolina. 


Rapidamente encontramos a posição de condução ideal que é alta, mas não em demasia, tal como gosto quando conduzo um veículo com estas características e dimensões, o que nos dá sempre uma grande vantagem quando circulamos por caminhos de terra bem estreitos, com subidas e descidas bastante íngremes, algures perdidos na Serra do Açor, com a carroçaria do C-RV a passar a escassos milímetros de tudo o que é pedregulhos, rochedos e galhos de árvores, pois a ideia é devolvermos o C-RV com a sua pintura "Vermelho Passion", no mesmo estado imaculado em que se encontrava, quando o fomos levantar ao concessionário.



Em relação ao equipamento que temos ao nosso dispor, apenas uma nota menos positiva para o facto do sistema Honda Connect do C-RV, não possuir já as ultimas atualizações que encontrámos por exemplo, no novo Honda Civic que testámos recentemente. 
Assim e apesar de termos acesso a um grande naipe de informações (acesso à internet, apps pré-instaladas, Honda App Centre, sistema de navegação opcional por satélite Garmin, rádio DAB/FM/AM e via internet, interface para telemóvel e ligação Bluetooth, câmara traseira com linhas-guia dinâmicas e uma série de outras informações do veículo, tais como conta-quilómetros parciais, indicadores de consumos e tempos de viagem) através do ecrã de 7 polegadas colocado na consola central, o certo é que o acesso a algumas destas informações não é das mais fáceis que já encontrámos, o que me obrigou, por duas ou três vezes, a ter mesmo de encostar o C-RV para, em segurança e com tempo, encontrar o que procurava.  
Com a nova atualização, a tal que já existe no novo Civic, mais moderna e bastante mais e intuitiva, tudo se torna mais fácil. 
Nada que com o uso e a prática não se torne também fácil, mas... já devia estar atualizado, até porque não estamos a falar de um automóvel que seja propriamente um "low-cost".


Felizmente, pela positiva e como demonstração de que, no que diz respeito a segurança, a Honda "não brinca em serviço"! 

O C-RV está equipado com os devidamente atualizados – sistemas activos de segurança baseados em sensores, denominados sistemas ADAS (Advanced Driving Assist Systems - Sistemas Avançados de Assistência à Condução) que incluem tecnologias como o FWC (Forward Collision Warning - Avisador de Colisão à Frente), LDW (Lane Departure Warning - Avisador de Saída de Faixa), TSR (Traffic Sign Recognition - Reconhecimento de Sinalização de Trânsito), BSI (Blind Spot Information - Informação de Ângulo Morto), CTM (Cross Traffic Monitor - Monitor de Trânsito Lateral) e HBSS (High Beam Support System - Sistema de Suporte do s Máximos), ao que acrescenta o Sistema Inteligente de Controlo da Velocidade de Cruzeiro Adaptável (i-ACC - Adaptive Cruise Control) e ainda um novo sistema automático de travagem a baixa velocidade instalado de origem, o que contribuiu para que esta nova geração do Honda C-RV atingisse a classificação de cinco estrelas nos testes efetuados pela Euro NCAP. 

Segurança, acima de tudo!



Nesta versão Lifestyle do crossover maior da Honda, temos ainda à nossa disposição o seguinte equipamento:

- A/C automático bizona;
- Assentos dianteiros aquecidos;
- Assentos "mágicos";
- Espelhos retrovisores exteriores elétricos;
- Sensores de estacionamento (frente e trás);
- Luzes de nevoeiro (que incluem sistema de viragem ativa (ACL));
- Faróis HID com nivelamento automático;
- Vidros escurecidos;
- Barras de tejadilho (pintadas);
- Faróis automáticos com sensor de luz;
- Limpa-vidros (automáticos) com sensor de luz.



Rodo a chave sim o C-RV nesta versão de equipamento, ainda tem chave e o seu propulsor, o conhecido 1.6 i-DTEC entra imediatamente em funcionamento.
Confesso que estava muito curioso em relação ao comportamento deste motor, aqui a puxar por um automóvel, mais pesado em cerca de quase 300 kg que um Civic ou um H-RV!



Se nestes dois modelos tinha ficado bastante agradado com o seu comportamento, nomeadamente ao nível das suas performances, quanto ao uso deste mesmo propulsor no SUV maior da Honda, tinha sérias duvidas pois, afinal de contas estamos a falar de um motor a diesel de baixa cilindrada, 1.6 cc.. 

Não é por acaso que eu digo que este motor "made in Honda" e fabricado em Swindow, Inglaterra a um ritmo de um motor a cada  2 minutos e dezoito segundos é o melhor da sua classe simplesmente porque, também no C-RV, deixou-me com um sorriso nos lábios.



Primeiro, não sentimos o peso extra do C-RV em relação aos seus "irmãos" mais leves e mesmo puxando por ele naquelas estradinhas sinuosas e íngremes da Serra do Açor, nunca em momento algum, senti a falta de potência, incluindo nos muitos estradões de terra por onde andei a vadiar! 

Também em estrada e autoestrada, demonstra capacidade para manter, com grande facilidade, velocidades de cruzeiro bastante interessantes (e aqui que ninguém nos ouve, muito acima do que é permitido por lei...) e sempre com com consumos excelentes.

Rodando em ritmos normais, facilmente baixamos dos 6 litros de gasóleo consumidos por cada 100 km percorridos.




Mais interessante ainda foi verificar,, quando devolvi o C-RV, que o computador de bordo marcava 6,3 litros de média, após mais de 700 km percorridos em todo o tipo de piso, desde a mais aveludada autoestrada até ao mais sinuoso caminho de terra (muitas vezes a circular durante muito tempo em 2ª e 3ª velocidade) e sem qualquer preocupação extra no que diz respeito ao consumo de combustível. 
E segundo o mesmo computador de bordo, ainda restava combustível suficiente para percorrer mais 140 km, até a ida obrigatória à bomba de gasolina!

6,3 litros de média, é ótimo! 



Construído em alumínio e fazendo uso de peças de peso reduzido, onde se incluem as bielas e os pistões mais curtos (o que também contribui para uma menor fricção mecânica), este motor pesa menos 47 kg que o antigo 2.2 i-DTEC.
Fazendo uso de um turbo Garrett (4ª geração) e com a ajuda de um sistema de injeção da Bosch, capaz de trabalhar até pressões de 1.800 bar, a Honda conseguiu que este propulsor fosse capaz de oferecer, uma resposta imediata logo acima das 1500 rpm, sem o habitual atraso que normalmente existe na entrada em funcionamento dos motores de baixa cilindrada equipados com turbocompressor, proporcionando uma condução mais descansada e… rápida, pois não existe nenhum tempo de espera. 
Não é por acaso que o binário máximo de 300 Nm, é atingido logo ali às 2000 rpm. Excelente!



Conclusão: Com um preço que não chega aos 40 mil euros (39.520 €) nesta versão 1.6 i-DTEC 2WD LifeStyle, o C-RV, é uma excelente alternativa e um valor seguro para todos aqueles que, pretendendo um automóvel tão versátil e na moda!) como é um SUV/Crossover, não querem ao mesmo tempo abdicar do conforto e espaço (e equipamento) de uma "berlina". 
E se é isso que pretendem, então este Honda é exatamente aquilo que precisam! 


Aspetos Positivos:
- Retoques no design, continuam a manter o C-RV bastante atual. Pena a traseira...
- Equipamento completo;
- Cuidado na montagem;
- Conforto a bordo;
- Espaço interior; 
- Dimensões da bagageira, com uns excelentes 589 litros de capacidade (1146 litros com assentos rebatidos);
- Conforto;
- Motor; 
- Performances;
- Consumos excelentes.

Aspetos Negativos:
- Design da traseira, merecia um restiling mais profundo.
- Alguns revestimentos plásticos suscetíveis a ficarem facilmente riscados, nas zonas inferiores do habitáculo.
- Sistema de infoentretenimento desatualizado e a requerer uma maior habituação. 
    
Especificações Técnicas
Motor – Diesel, 4 cilindros, DOHC 16 válvulas;
Cilindrada - 1.597 cc;
Potência máxima – 120 cv às 4000 rpm; 
Binário máximo – 300 Nm às 2000 rpm; 
Transmissão – Tração dianteira / Caixa manual de seis velocidades;
Pneus – 225/60R18;
Dimensões
Comprimento – 4.605 mm,
Largura total (incluindo os espelhos das portas) – 2.095 mm,
Altura total (incluindo a antena) - 1.685 mm;
Distância entre eixos  - 2.630 mm;
Altura ao solo - 155 mm;
Capacidade da bagageira (bancos traseiros levantados) – 589 litros;
Peso (em ordem de marcha) - 1.545 kg, 
Capacidade do depósito de combustível – 50 Litros;

Avaliação Motor Atual
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(sete pontos em dez possíveis)

Carlos Veiga (Dezembro 2017)

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