19 de outubro de 2013

TEST-DRIVE - YAMAHA FJR 1300 A



A moto que vos trago hoje, a Yamaha FJR 1300, apesar  de já ser uma veterana, foi atualizada e melhorada, continuando a ser uma excelente opção para os grandes viajantes.  

O mercado das grandes Grande Turismo (GT), sempre foi dominado por motos de grande envergadura e muito pesadas, cujas performances e comportamento dinâmico era (e é em alguns casos!) apenas mediano. 
Se isto agradava (e agrada) a muitos, existe um grande número de motociclistas para os quais uma GT não serve apenas para percorrer centenas de km de seguida, carregada até às orelhas. Para isto existem várias alternativas no mercado, passando até pelas Big-Trail, cada vez mais populares entre os que pretendem partir à descoberta do mundo.


No entanto, as GT continuam a ser as rainhas da estrada apesar de, na sua grande maioria, por muito boas estradistas que sejam (e muitas são, sem dúvida alguma), quando se pretende exigir mais, puxar mais por elas, seja ao nível das performances (rapidez e velocidade) ou dinâmica (comportamento em curva), grande parte claudicam quase imediatamente, mostrando que são limitadas nestas duas áreas, tão do agrado de inúmeros motociclistas, muitos deles ex-proprietários de motos desportivas e que agora querem ou precisam de uma GT, mas qu,e de alguma forma, mantenham em parte o prazer e diversão de condução que tinha nas suas anteriores montadas e é aí precisamente que entra em ação a Yamaha FJR 1300. 

Visualmente não temos dúvida, é a nossa “velha” conhecida FJR.

No entanto, a Yamaha foi muito feliz no pequeno refresh que fez, principalmente na inclusão dos leds nas óticas frontais, e mais uns toque aqui e ali, levando principalmente em conta uma melhor aerodinâmica, tornando o aspeto frontal da moto, mais moderno, leve e até mais desportivo, começando aqui a mostrar que esta moto não é apenas uma GT, mas algo mais (já lá iremos tenham calma, tenho de fazer “render o peixe”!). 

É imponente, tal se quer numa verdadeira estradista, mas as suas dimensões e peso são menores que as suas principais rivais e isso sente-se principalmente quando estamos sentados nela e a pretendemos manobrar, ou quando pretendemos colocá-la no descanso central, manobra fácil de ser executada (levando sempre em conta que estamos a falar de uma moto cujo peso se aproxima dos 300 kg, isto a seco.)


Antes de me sentar ando à volta da FJR e aprecio a qualidade dos plásticos, de todos os materiais usados e principalmente a sua montagem e, ou não estivéssemos a falar do topo de gama da marca do diapasão, quase que posso dizer que a este nível é (quase) irrepreensível. 


Mas… esperem ao circular pelas ruas mais antigas de Lisboa, chegam até mim uns… uns "cri cri". 
Procuro a sua proveniência e reparo que quando coloco o para-brisa na posição mais baixa, o "cri cri" desaparece, quando o subo, aparece de novo. 
Ora cá está, o para-brisa quando posicionado mais alto, fica com menos apoio e com as sacudidelas e vibrações transmitidas pelo piso em pior estado faz "cri cri", algo que se torna bastante irritante numa moto como esta, que prima pelo silêncio, onde até o bonito ronco proveniente dos dois escapes, chega até nós de forma contida e nada incómoda.

Provavelmente este "cri cri" será facilmente debelado com alguns apertos no para-brisa e por isso fica o benefício da dúvida.


E é chegada a hora de me sentar, o que é feito de forma bastante fácil, pois além de não ser muito alta também não é muito larga e mesmo os de mais baixa estatura sentir-se-ão bastante à vontade a bordo desta GT.

Assento confortável, mas que na minha opinião poderia ser ligeiramente mais largo, tal como o do passageiro, mas lá está, isso iria "roubar" espaço para as pernas, prejudicando os menos altos.

O guiador está bem posicionado, proporcionando facilmente duas posições de condução, a calma e descontraída e a outra, a mais desportiva e isso também é sentido na forma como ficamos encaixados na moto, com as pernas fletidas q.b., num excelente compromisso entre… outra vez, a condução turística e a desportiva. Sei que estou a repetir-me, mas a FJR 1300 é assim, uma moto “two in one”.


O bonito e moderno painel de instrumentos é composto por três partes. No lado direito temos o conta-rotações, ao centro o velocímetro digital e ainda o gráfico de barros indicador da quantidade de combustível existente no depósito, e indicações sobre o tipo de mapa eletrónico escolhido, o T (Touring) ou o S, (Sport)

Mais à direita temos um ecrã LCD que nos oferece todo o tipo de informação relacionado com a moto e os seus sistemas de eletrónicos e de segurança assim como posicionamento do para-brisa elétrico e punhos aquecidos, odómetro total e parciais, consumos médio e instantâneo, tempo de viagem, temperatura exterior, indicação da velocidade engrenada, Cruise Control, etc. 

Infelizmente, os comandos que acionam isto tudo, colocados junto ao punho esquerdo, apesar de bastante ergonómicos, não são dos mais práticos e requerem alguma habituação, pois obrigam a que tenhamos de comutar constantemente dois botões, para chegarmos ao menu e informação que queremos.

Ao ligar o motor e enquanto este aquece, nenhuma vibração chega até nós, o que demonstra logo à partida o quanto este tetracilíndrico é equilibrado. 

O motor ronrona suavemente e é uma delícia rodar a baixa velocidade com a FJR. 
Aqui sobressai o excelente trabalho realizado pela Yamaha na revisão interna que fez a este propulsor, nomeadamente na diminuição de peso em algumas peças diminuindo também o atrito interno e alterações ao nível da eletrónica onde se inclui o melhoramento do sistema "ride-by-wire". 
Em relação a este último, mesmo assim notei que em cidade ou no meio do trânsito mais intenso por vezes a resposta ao acelerador não é tão rápida como deveria ser, existindo ali uma pequena (muito pequena mesmo!) hesitação, antes da resposta pronta e limpa do 4 cilindros. 
Primeiro pensei que isso se deveria a uma ligeira folga que existia no acelerador, mas depois de rodar bastantes quilómetros cheguei à conclusão que esse “atraso” era do próprio sistema. 
Nada que incomode (muito), mas por certo os mais experientes irão sentir.


Em cidade e em andamentos mais moderados, não é necessário subirmos o para-brisas. 
Aliás, em cidade até sabe bem o ar fresco, pois o calor que vem das “partes baixas” da FJR, principalmente quando a ventoinha entra em funcionamento, chega a incomodar, ótimo nos dias que se avizinham, mas no Verão…

Claro que nos percursos urbanos devemos ter em atenção a largura da FJR, quando equipada com as bonitas malas laterais (cada uma com 42 L de capacidade), bem integradas no desenho desta moto, de excelente qualidade e com um sistema de abertura muito prático e fácil de ser utilizado, não sendo preciso nenhum “curso de doutoramento em malas e top-cases”, para as abrirmos ou retirarmos da moto, como acontece em algumas motos rivais.

A caixa de velocidade apesar da transmissão final ser por veio – o que por vezes em algumas motos condiciona um pouco a rapidez da troca das mudanças –, é muito suave, bastante precisa e rápida, acompanhada por uma embraiagem hidráulica bastante leve e de fácil acionamento. 

E como será viajar na FJR 1300, ou seja, fazer aquilo para o que ela foi realmente feita?
 Primeiro, subir o para-brisa, aumentando o conforto, pois colocado na posição mais alta possibilita, para quem gosta, viajar com o capacete modular aberto, sem que sejamos incomodados pelo vento. 

Depois… bom, depois é rodar punho e fazer quilómetros atrás de quilómetros, pois a FJR 1300 é uma viajante de excelência. 

Alguns por esta altura, estarão a dizer que na mesma classe existem modelos de outras marcas, que conseguem ser mais confortáveis do que esta Yamaha e eu não contradigo, pois existem motos que são 100% Touring. 
No caso desta, consegue também ser uma Touring de exceção, oferecendo quase o mesmo conforto a bordo que as suas mais diretas rivais mas, possuíndo uma grande vantagem pois, quando o seu condutor exige mais que a tal condução calma e descontraída, tipicamente “Touring”, a FJR está lá para o que for preciso! 


Ao chegarmos a uma zona com curvas mais sinuosas, não obriga ao seu condutor esforços redobrados devido ao peso e inércia do conjunto, pois revela-se bastante leve e equilibrada. 

Claro que tem os seus limites, mas estes chegam bastante mais tarde que os das suas rivais e enquanto estas se tornam pouco dadas a andamentos desportivo, sendo até "monótonas", a FJR, apesar das suas dimensões e peso, consegue fazer-nos sorrir, por culpa da excelente conjugação existente entre a afinação da suspensão e a rigidez do chassis. 

Mesmo com passageiro e carga, é possível “alegrar” um pouco a viagem., Devido à nova suspensão dianteira e também ao reforço da mola do amortecedor traseiro, deixaram de existir as sacudidelas que alguns proprietários das gerações anteriores desta Yamaha se queixavam. 
Agora o aprumo é total e mesmo nas maiores inclinações, ou mudanças bruscas de inclinação a reação é sempre neutra e bastante intuitiva. 

Claro que não é uma R1 e nem é isso que se pretende quando se adquire uma moto destas, mas para Touring e quando “picada” apresenta um comportamento estradista e desportivo que em nada a envergonhará e que poderá fazer "suar" algumas supostas R.

E sabendo da pujança deste motor, que debita 146,2 cv às 8000 rpm e do seu generoso binário máximo de 138 Nm às 7000 rpm, é sempre bom sabermos que nos momentos mais difíceis podemos contar com um bom sistema de travagem, apoiado pelo sistema ABS e controlo de tração.


Em relação aos consumos desta viajante, posso dizer que durante este ensaio consegui efetuar consumos balizados entre os 4,9 L, num andamento bastante moderado. Condução muito calma, passando caixa cedo aproveitando sempre o excelente binário.


Já viajando a velocidades algures entre o Alfa Pendular e o TGV (muitas vezes acima dos 200...), claro que o consumo subiu, indicando o computador de bordo, que os 4 “canecos” deste propulsor iam a sorver 7,4 L em cada 100 km que percorriam. Conheço algumas pessoas e motos que "bebem" bastante mais…

Durante os dias em que pude usufruir desta magnífica moto, conduzindo-a tanto em cidade com estrada, incluindo também a participação num desfile religioso pelas ruas de Linda-a-Velha – integrado na caravana do Moto-Clube local –, que obrigou a rodar grande parte do percurso apenas em segunda e terceira velocidade, a média efetuada neste ensaio ficou-se pelos 5,8 L, o que pode ser considerado bastante satisfatório, levando em conta o tipo de moto, que a Yamaha FJR 1300 é, a sua versatilidade e performances, pois facilmente e quase sem dar conta, rodamos muito acima dos 200 km/h, com todo o conforto e segurança.


Uma última palavra para os pneumáticos Bridgestone BT-023 F, desenvolvidos especialmente para esta moto cujo comportamento é simplesmente espetacular!

E agora a pergunta que se impõe fazer: percebem agora porque citei tantas vezes a tal condução turística/desportiva? 


Como resposta direi apenas que na classe das grandes Touring, existem as motos que se assemelham a cacilheiros, outras que ficam ali algures entre um batelão e cargueiro, poucas que se assemelham aos modernos transatlânticos e… existe a Yamaha FJR 1300 que é a versão de duas rodas do conhecido “Eclipse”, o luxuoso e veloz iate de “Mr. Abramovich”. 

Informação Técnica

Motor – 4 cilindros paralelos, 4 tempos, 16 válvulas, refrigeração líquida.

Cilindrada – 1298 cc

Potência – 146,2 cv às 8000 rpm

Binário – 138 Nm às 7000 rpm

Transmissão – Caixa de 5 velocidades, com transmissão final por veio.

Travões
Frente – 2 discos 320 mm
Trás – Disco de 282 mm

(ABS & Controlo de Tração)

Pneus
Dianteiro - 120/70 ZR x 17 M
Traseiro - 180/55 ZR x 17 M

Depósito de combustível – 25 L

Peso – 289 kg (a seco) 

Agradecimento
Yamaha Motor de Portugal

Avaliação

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Carlos Veiga

3 comentários:

  1. Veiga...o que foste fazer...? Isso é maldade!
    A FJR é a minha mota de eleição. Se me dessem "carta branca" (leia-se: o dinheiro não é problema) para escolher uma mota qualquer, era esta que eu escolhia!
    ai, ai...só me resta mesmo é suspirar...
    (Pianoman)

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    1. Acredito que seja tua moto de eleição como de muitos mais. É uma excelente estradista que não se nega a algumas brincadeira mais.. desportivas.

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    2. Boas adorei o decumentario, já fiz o test-drive e gostei muito,pois sou feliz proprietario de uma FJR que adquiri nova em 2003, e felicito mais uma vez a Yamaha pela exelente actualização feita nesta moto. Pena o orçamento não permitir a troca.

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