Test-Drive - Honda CB500X

 Surpresa (muito) agradável!

 Para iniciar este test-drive, vamos ter de regressar alguns dias atrás, mais precisamente quando seguia em direção da Abrunheira para ir levantar esta moto às instalações da Honda Portugal. Enquanto ia driblando o trânsito no IC19 com a minha scooter, ia pensando que provavelmente a CB500X não seria mais que uma normal CB500, devidamente recondicionada e mais alta. 

Não podia estar mais errado! Esqueçam por completo as CB500 e 500F!

A nova geração 500 “made in Honda”, tripartida numa naked (S), numa desportiva (R) e na “trail” X que aqui vos trago, representa um grande salto em frente dado pela marca da asa, tão grande que obrigou a uma rápida mudança de estratégia, fazendo com que o megassucesso NC – divido também por três modelos diferentes: a S, a X e a conhecida “smooter”, Integra –, sofresse já para 2014 um aumento de cilindrada e consequentemente de potência, para assim se distanciar das novas CB500. Isto tudo tem a sua razão de ser como veremos durante este test-drive.

Voltando à CB500X, não esconde as enormes parecenças com a NC700X, embora pessoalmente e é apenas e só a opinião deste vosso escriba, a ache mais bonita que “irmã mais velha”, muito por culpa do desenho da sua traseira. 

A CB500X tem uma traseira bonita, com o pequeno farol bem integrado no guarda-lamas e no conjunto enquanto nas NC – em todas incluindo a Integra –, temos lá atrás, aquele inestético … “penduricalho”. 

Sendo supostamente o modelo “On/Off Road” da gama, isso pode levar-nos a pensar que estamos em presença de uma moto que poderá causar alguns transtornos às pessoas de baixa estatura e… puro engano. 

Além de ser uma moto moderadamente alta visto que não é uma “100% trail”, o desenho do assento faz com que, mesmo as pessoas mais “curtas de pernas cheguem bem com os pés ao chão e quando tiverem de manobrá-la, outra agradável surpresa, pois pesa apenas 195 kg. 

Quanto aos materiais e qualidade de construção, o que se pode dizer? É uma Honda! 
Apesar de ter um preço relativamente baixo – 6099.00 € + documentação – certo é que estamos perante uma moto bem construída, onde todos os plásticos estão ao nível daquilo a que a marca nos tem habituado e a sua montagem é excelente, o que significa muitos e muitos quilómetros sem que apareçam os sempre irritantes ruídos parasitas, mesmo quando circulamos por caminhos de terra. Excelente! 

Já sentados, sentimos de imediato que estamos perante uma moto fácil e à qual rapidamente nos habituaremos e é isso que realmente acontece, pois basta rodarmos meia dúzia quilómetros aos comandos da CB500X, para ficarmos com a ideia que é uma “amiga” de longa data, tal é a facilidade de condução. 

Tal como nas NC, tudo está colocado no sítio certo e até o guiador que, quando me sentei, me deu a impressão que estava algo afastado do condutor, mal se começa a rodar, percebe-se que afinal está perfeito… pelo menos para mim.

Também o minimalista painel de informações digital é quase igual ao da NC, tal como o resto do equipamento, contendo no entanto, quase tudo o que é preciso (velocimetro, conta-rotações, combustível, relógio, trip, consumos, etc... menos a indicação da temperatura do motor, tendo no entanto a habitual luz que acende, quando a temperatura do motor já dá para fazer um belo churrasco...

A posição das pernas é boa, nada cansativa, mesmo após rodarmos algumas centenas de quilómetros no mesmo dia – tal como aconteceu neste test-drive – pois não vão excessivamente encolhidas. Já andei em algumas “supostas” GT, de grande cilindrada, cuja colocação dos poisa-pés do condutor, obrigam a que se leve as pernas num angulo demasiado fechado o que tem como consequência, ao fim de algumas dezenas de quilómetros, grande desconforto e em casos extremos, até ao aparecimento de cãibras, o que por certo, nunca acontecera com esta moto.

A contribuir para o conforto que sentimos a bordo está o comportamento da suspensão também confortável q.b., sem que por isso tenha um comportamento menos incisivo em curva. 
A CB500X, curva muito bem e mesmo motociclistas habituados a motos mais desportivas e potentes irão por certo, divertir-se com esta Honda. 

E essa diversão não existiria sem o novo motor, de 2 cilindros em linha, com 471 cc e 48 cv de potência às 8500 rpm, para um binário máximo de 43 Nm às 7000 rpm.

Mas antes de irmos ao que este motor tem de positivo, tenho de falar em algo, que me desapontou: a caixa de velocidades.

Explicando melhor, a caixa funciona bem e as relações de transmissão são as ideais para retirar todo o “sumo” deste propulsor. Mas… estava à espera de um acionamento menos “rude”, com aquele toque, aquela macieza, uma caixa de velocidades tipicamente Honda. 

No caso da CB500X, achei que o curso do pedal é longo de mais, o que causa alguma estranheza, além de que, o seu acionamento, principalmente a baixas rotações é muito barulhento. Sim, eu sei, em quase todas as motos, quando engrenamos a 1ª velocidade lá vem o tão audível “clonk”, muitas vezes também acompanhado pelo habitual “coice”. 



Mas não é disso que se trata aqui: é certo que ao metermos a primeira, lá vem o “clonk” do costume, só que… também se vão continuando a ouvir “clonks”, seja a subir ou a descer mudanças. Nada que interfira na condução, propriamente dita e algo a que rapidamente nos habituamos, mas… podia ser melhor!

Quanto às performances, penso que o que vou escrever a seguir pode ser uma “maldade” para alguns e até para a própria Honda, mas… é a minha opinião, concordem ou não com ela: Se estão compradores de uma moto e estão indecisos entre uma NC700X e uma NC700 e uma CB500, seja qual for a versão, a melhor escolha, será a… CB500! 

Calma, já explico, pois aqui tudo tem a ver com o vosso estilo de condução e o que realmente pretendem de uma moto: para aquele motociclista que apenas quer uma moto que o transporte de forma segura e confortável e económica, ponto A ao ponto B, não se importando que esta seja, digamos, algo “monótona”, então a escolha perfeita é a NC. 

Para os que em vez de monotonia, pretendem também acrescentar a diversão, então, sem dúvida alguma, a Honda CB6500x é a moto que devem adquirir!

Isto tem tudo a ver com o comportamento do propulsor de cada uma destas motos. 

Enquanto na NC, temos um propulsor com um funcionamento fantástico a baixas rotações, mas que infelizmente acaba logo ali às 6500 rpm, retirando um certo gozo à condução, na CBX e querendo, podemos “esticar” mais cada mudança até às 8500 rpm, dando azo a que se conduza de forma mais desportiva. Basta isto para que em algumas situações, como por exemplo uma ultrapassagem mais apertada não obrigue a que tenha de se passar caixa a meio da /ultrapassagem/manobra, o que por vezes acontece na NC. 
Quem diz uma ultrapassagem diz outra situação qualquer em que seja necessário fazer subir mais a rotação do motor.

Resumindo, a CB500X tem uma condução mais divertida que a NC700. Têm dúvidas? Experimentem ambas e depois tirem as vossas próprias conclusões!

Por esta altura, os muitos fans das NC (alguns já a espumar!) estarão a pensar “pois, falas muito, mas e o espaço de arrumação e os consumos?"

Quanto ao espaço de arrumação sim, é verdade, a NC possui o compartimento de arrumação situado no lugar do depósito, onde cabe, um capacete integral (nem todos) e a CBX500 não. Aqui, sem dúvida alguma, vantagem da moto mais potente.

Em relação ao consumo de combustível, também era uma das minhas grandes dúvidas, principalmente sabendo do que é capaz a NC.

E foi para saber ao certo quanto gasta a CB500X, que efetuei as três medições do costume:

1ª Medição: Explorando ao máximo as performances desta moto, levando-a ao limite, tanto em AE como na “deliciosa estradinha”, cheia de curvas, onde costumamos levar as “meninas” para serem testadas. Nesta medição está incluído também o percurso realizado para atingir a velocidade máxima que se situada algures perto dos 180 km/h, marcados no velocímetro digital.

Consumo: 5.4 L 

2º Medição: usando-a como se fosse minha, ou seja condução absolutamente normal, sem andar a pensar em economizar, mas também sem andar a “brutalizar” a mecânica. Percurso diário de ida e volta entre Linda-a-Velha e Lisboa, mais voltinhas, apanhando, na ida, imenso trânsito na A5 e também dentro da cidade e no regresso, já a AE completamente desimpedida, sinónimo portanto de andamento mais rápido. Por duas ou três circulei com pendura e também convém dizer que tendo vindo esta CB500 equipada com top-case (opcional), esta andou sempre a abarrotar, cheia de tralha, como acontece sempre comigo. 

Consumo – 4,2 L

3ª Medição: Condução bastante moderada, sem excessos e sem puxar desnecessariamente pela moto e cumprindo (quase sempre) os limites legais de velocidade.

Consumo – 3,2 L

Surpreendidos? Também eu! 

Excelentes consumos para uma 500, cujo motor é arisco q.b. tanto no dia-a-dia, como quando a levamos para aquela estrada cheia de curvas que tanto gostamos de percorrer ou até porque não, fazer um caminho de terra pois, muito por culpa da sua leveza, a CB500X até que não se porta nada mal em pisos de terra! 
Claro que não é uma verdadeira trail, mas para passearmos por estradões de terra, chega e sobra e isto tudo com consumos, se não ao nível das 125, pelo menos a fazer inveja a muitas 250/300 que por aí andam!

 Percebem agora porque é que a Honda decidiu, muito rapidamente, fazer “crescer” as NC? Sem dúvida, porque a CB500X, irá dar muito que fazer às NC. 

Claro que por cá, como se sabe existe muito aquele estigma do “a minha é maior do que a tua”, isto apenas para dizer que existe muita boa gente que prefere dizer aos amigos que tem uma 700 em vez de “apenas” uma 500. Mas podem ter a certeza que esta 500 não é nada inferior à 700!

Pessoalmente e se não incluirmos o comportamento da caixa de velocidade (facto que retirou um ponto na avaliação final) achei a Honda CB500X uma agradável surpresa, a moto ideal para mim e por certo para muitos: não é cara, principalmente se pensarmos que já vem equipada com ABS, a qualidade de construção “Honda” está bem presente, tem um motor atrevido q.b., possuí uma condução divertida, é fácil de conduzir em cidade e confortável em viagem e quanto aos consumos, são fantásticos! 

É preciso mais alguma coisa?

Na minha opinião, não!

Ficha Técnica

Motor – 2 cilindros em linha, 4 tempos, 4 válvulas por cilindro, refrigeração líquida.

Cilindrada – 471 cc

Potência – 48 cv às 8500 rpm

Binário Máximo – 43 Nm às 7000 rpm

Alimentação – Injeção eletrónica PGM-FI

Sistema de Transmissão – Caixa de 6 velocidades, embraiagem multi-disco banhada em óleo,

Transmissão final – Corrente

Dimensões – 2.095 mm x 830 mm x 1.290 mm

Altura do assento – 810 mm

Suspensões

Dianteira – Forquilha telescópica de 41 mm

Traseira – Braço, oscilante Pro-Link, mono-amortecedor.

Pneus

Dianteiro – 120/70-ZR17M/C

Traseiro – 160/60-ZR17M/C

Travões

Dianteiro – Disco ondulado de 320 mm com pinça de 2 pistões.

Traseiro – Disco ondulado de 240 mm com pinça de pistão simples.

Depósito de combustível – 17,3 L 

Peso – 195 kg 

Avaliação

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Carlos Veiga 2013