Habitante por excelência das grandes cidades, o Honda Jazz foi ao longo dos anos uma referência na classe dos automóveis citadinos.
No entanto, os anos passam e apesar de ter vindo a ser sistematicamente renovado, o certo é que, aqui e ali, como iremos ver, o Jazz já não consegue acompanhar, alguns dos seus principais rivais.
Quando olhamos para este Honda e o comparamos com outros modelos da mesma classe, nota-se que o peso dos anos começa a pesar.
Ok, estamos a falar de um design muito ao gosto do mercado oriental, mas que de alguma forma também está orientado para agradar aos europeus e resto do mundo.
O aspeto de mini-monovolume já começa a estar desatualizado, direi até banalizado e quando olhamos para ele, ok… é um automóvel, tem 4 rodas e "coiso e tal", mas não “sentimos” nada… o seu desenho não transmite qualquer emoção, exatamente o contrário do que é habitual na Honda.
Olhem por exemplo para o Civic: ninguém fica indiferente às suas linhas exclusivas e futuristas: ou se gosta, ou se odeia, não existe meio-termo, ou qualquer sentimento de indiferença.
Já dentro do Jazz, ficamos imediatamente surpreendidos pelo espaço disponível, continuando a ser um dos mais espaçosos e versáteis no segmento onde se insere.
Como mini monovolume que é, o aproveitamento do espaço é muito bom, transmitindo ao condutor e passageiros a sensação que viajam a bordo de um automóvel de dimensões bastante superiores.
Conheço automóveis de segmentos superiores e bastante mais caros, onde 4 e até mesmo 5 pessoas viajam bastante mais apertados. Na mesma linha temos o acesso ao habitáculo, que se faz de forma muito fácil, mesmo nos lugares traseiros.
A mala surpreende pelas suas dimensões (340 L na posição normal dos assentos), principalmente quando baixamos os assentos traseiros.
Devido à versatilidade e facilidade de manuseamento dos assentos traseiros, aos quais a Honda deu o nome de “magic seats”, estes possibilitam diversas configurações de carga possíveis e quando totalmente deitados, ficamos com uma extensa zona com o fundo totalmente plano, ótimo para transportar volumes de maiores dimensões.
Sentados ao volante, não temos dúvida é japonês. Ambiente acolhedor, mas conservador e como é normal na classe onde está inserido, estamos rodeados de plásticos duros.
Em muitos dos seus rivais, principalmente nos mais modernos, já vão sendo utilizados outros materiais que não os plásticos duros e mesmo estes são mais agradáveis ao toque que os do Jazz.
Mas se este pequeno Honda perde para os rivais na qualidade do “toque”, acontece exatamente o contrário ao falarmos na cuidadosa forma como estes estão montados, em todo o Jazz. Não existe qualquer tipo de ruído parasita, mesmo quando circulamos por estradas em mau estado e duvidamos que venham alguma vez a aparecer, mesmo este automóvel já tiver rodado muitos milhares de km.
E até mesmo o conforto proporcionado pelas suspensões continua a ser… tipicamente japonês, um pouco seco, é certo, mas confortável q.b. até mesmo em percursos mais longos.
Olhando para todo o tablier, também já se nota bastante o peso dos anos, apesar de todos os comandos estarem bem localizados e serem de fácil manuseamento, mesmo até os três enormes botões (coisa feia, mais parecem os botões da máquina de lavar roupa lá de casa!) do sistema de climatização que inclui ar condicionado manual.
Continuando a falar do equipamento do Jazz, aqui na versão de entrada, a Trend, temos ainda o Radio com CD e MP3 (apenas com altifalantes na dianteira), espelhos retrovisores elétricos com desembaciador, airbags frontais laterais e também de cortina, ABS e VSA (Assistência à Estabilidade do Veículo) luzes de travão em LED, regulação do assento do condutor em altura, e volante regulável em altura e profundidade.
O computador de bordo permite-nos ter acesso às informações sobre a autonomia, consumo médio e instantâneo, duração da viagem, velocidade média, temperatura exterior, etc.
Existe ainda a indicação Eco, que acende sempre que praticamos uma condução económica, coadjuvado pelas duas setas que indicam qual a melhor altura para trocarmos de mudança, embora por vezes essa indicação seja dada de forma precoce, pois se as seguirmos cegamente, algumas vezes o motor é obrigado a trabalhar a rotações demasiadamente baixas, o que não é nem agradável para quem vai a bordo e… nem saudável para o propulsor.
Quanto ao motor, estamos perante um 4 cilindros em linha, com 1190 cc e que segundo a marca, debita 90 cv às 6000 rpm e um binário máximo de 140 Nm às 4900 rpm.
Pela positiva neste propulsor temos o baixo ruído de funcionamento e vibrações fazendo com que algumas vezes e quando parados, sejamos levados a pensar que o motor está desligado.
Mesmo em andamento, o Jazz é bastante silencioso e se juntarmos ao baixo ruido de funcionamento deste propulsor a total ausência de ruídos parasitas, estamos perante um dos melhores automóveis do segmento no que diz respeito a este item.
Pela negativa, poderemos dizer que os seus 90 cv são assim a modos que… anémicos.
Explicando melhor, a baixas rotações e trocando de caixa cedo, até que o Jazz se mexe bem, mas é quando precisamos deles, dos cavalos, ou seja, quando carregamos no acelerador que… pouco ou nada acontece. O ponteiro do conta-rotações progride de forma lenta tal como o Jazz, obrigando a que sejamos pacientes, deixando-o primeiro embalar se queremos andamentos mais rápidos.
A caixa de velocidades, de fácil manuseamento poderia talvez ter umas relações ligeiramente mais curtas, o que possivelmente tornaria os 90 cv do seu propulsor, mais ariscos.
Até aqui tudo bem, todavia, embirrei solenemente com o desenho e principalmente com as dimensões diminutas do punho da alavanca da caixa de velocidades. Será que encareceria assim tanto o Jazz, colocar-lhe um “punho” de maiores dimensões e mais ergonómico?
Apesar da idade, o comportamento dinâmico está nivelado muito por cima e apesar da idade, consegue competir diretamente (e até superar em alguns casos) os seu rivais mais recentes, mostrando-se ágil e seguro e… até divertido, isto sempre levando em conta, a preguiça do seu 4 cilindros de 1.2 L.
Falta referir que durante este ensaio o Jazz 1.2 Trend gastou uma média de 6,3 L por cada 100 km percorridos, tendo efetuado nas várias medições realizadas, consumos balizados entre os 5,5 L (condução económica) e os 8,4 L (condução a tentar espevitar os 90 cv!). Também aqui existem adversários que conseguem fazer (bastante) melhor.
Conclusão - Sim, o Honda Jazz já precisa de ser renovado, pois as “rugas” já são bastante visíveis e “sentidas” e pelo que se sabe já não falta muito para que tal aconteça. E, que venha com um motor mais vivaço.
No entanto, a sua compra continua a ser valor seguro para aqueles que pretendem adquirir um automóvel bem construído, com um comportamento dinâmico bastante saudável e acima de tudo versátil.
O Honda Jazz 1.2 Trend é aquele tipo de automóvel que, não dando nas vistas, está sempre ali, pronto a ser usado. È aquilo a que normalmente se chama “pau para toda a obra” e a prova disso é a garantia de 5 anos (a maioria dos seus rivais tem apenas 2 anos de garantia), o que demonstra a confiança que a Honda tem nos seus produtos.
Informação Técnica
Motor – 4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro.
Cilindrada – 1199 cc
Potência – 90 cv às 6000 rpm
Binário Máximo – 114 Nm às 4900 rpm
0-100 km/h – 12,6 seg.
Velocidade máxima – 177 km/h
Emissões de CO2 - 123 g / km
Transmissão – caixa manual de 5 velocidades
Tração – Dianteira
Travões
Frente – Discos ventilados 262 mm
Trás – Discos 239 mm
(ABS e VSA)
Pneus - 175/65 R 15
Depósito de combustível – 42 L
Peso – 1142 kg
Agradecimento
Honda Portugal
Avaliação
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Carlos Veiga (2013)
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