5 de dezembro de 2013

Test-Drive - Yamaha MT-09




Rápida, radical e extasiante!


Não é uma naked, nem uma RR, tão pouco uma café-racer e muito menos uma trail. É simplesmente a MT-09, uma moto diferente, original, radical, proposta pela Yamaha que pretende, mais uma vez, abrir caminho para um novo segmento de mercado.

Se nas fotos e nos vídeos promocionais, numa campanha publicitária muito bem “esgalhada”, ficamos imediatamente com a ideia de que estamos perante uma moto, despida de qualquer preconceito, tendo sido criada apenas para ser tremendamente eficaz na estrada, proporcionando a quem a conduz, autênticas doses de pura adrenalina, ao vê-la ao vivo e a cores durante a apresentação nacional desta moto, mais me convenci que esta MT-09 era algo de muito especial e que tinha de a experimentar.


E experimentei pois, uns dias mais tarde encontrei o Sr. Carlos do Stand Gira-Motos de Linda-a-Velha, num semáforo e numa rápida troca de palavras, perguntou-me se queria experimentar a “laranjinha” e eu perguntei logo se podia ser para “ontem”! Tudo combinado em meia dúzia de segundos, pois entretanto o semáforo ficou verde e tivemos de seguir viagem. 

No dia e hora combinado lá estava eu  prontinho para me estrear aos comandos da Yamaha MT-09.
Logo ali e enquanto a manobrava retirando-a da oficina, fiquei logo impressionado pela sua extrema leveza e consultando a ficha técnica lá estava: apenas 188 kg, já pronta a andar (versão com ABS pesa mais 3 kg)!

Dou a volta à moto e apesar de ser uma moto quase despida, é linda! Fazendo aqui uma comparação “parva”, a MT-09, é aquela “miss” que depois de ter passado completamente despercebida, durante o desfile em trajo regional e vestido de noite, arrasa por completo quando chega a hora de desfilar em biquíni! No caso desta Yamaha, tem as medidas certas – (comp x alt x larg) 2,075 mm x 815 mm x 1,135 mm – para fazer aquilo a que se propõe: proporcionar enorme prazer a quem se atrever a  “montá-la”! 



Linhas ousadas, agressivas, traços rasgados, aquele olhar que faz lembrar uma “Naja”, pronta a atacar, um escape que acompanha na perfeição o design minimalista e por fim uma traseira muito curta – já estou a imaginar a maioria dos futuros donos desta moto a retirarem aquele suporte de matrícula (e dos piscas) que fica ali tão… desproporcional – onde sobressai o farolim traseiro de leds, colocado ao mesmo nível do assento. 


Toque final na originalidade e também ousadia foi, a colocação do painel de instrumentos digital (velocímetro, conta- rotações, relógio, indicação de velocidade engrenada, indicador de combustível e das temperatura do motor, modo de condução, contador total e parcial de quilómetros, consumo médio e instantâneo, temperatura exterior, etc.) … mais à direita do volante. Sinceramente, é algo mesmo para ser … diferente, pois nem aquece e nem arrefece! Aliás, arrefece, porque se estivesse colocado na posição normal, ao centro do guiador, provavelmente contribuiria uma “beca” para ajudar na proteção aerodinâmica, que nesta moto é simplesmente nula!


Já sentado na MT-09, nova surpresa, além da leveza óbvia, somos brindados com uma posição de condução que fica algures entre uma naked e a “velhinha” TDM que já referi lá mais atrás, ou seja, apesar de ser uma moto radical, a sua posição de condução até é bastante normal e… confortável. 
Sim o assento é assim para o rijo, mas de resto, as mãos “caem” naturalmente no guiador e até a posição das pernas é simpática, não ficando demasiado fletidas.

Com o motor já quentinho, está na hora de arrancar e enquanto desço a rampa que dá acesso à oficina do Gira-Motos reparo imediatamente em duas coisas: travões poderosíssimos e uma suspensão dianteira que afunda em demasia. 

“Vamos lá” – penso eu – “não comeces já a colocar defeitos, pois nem 200 metros andaste com esta moto!” 

Enquanto circulo no meio do trânsito em direção à saída de Linda-a-Velha, para apanhar a A5 em direção a Lisboa, vou tomando-lhe o peso, habituando-me aos travões, à caixa de velocidades que apesar de macia não deixa de ser algo “mecânica”, o que assenta sempre bem numa moto deste tipo, reparando imediatamente que a condução proporcionada é do tipo “tudo à frente”, ou seja devido à curta distância entre eixos (lá está o parecer uma 250), estamos mesmo ali em cima do eixo dianteiro, num posicionamento de “ataque”.

Entro na via rápida nas calmas, enquanto fecho o capacete, rodando já com a 5ª velocidade engrenada, dá-me uma “travadinha”, duas “mãozadas” na embraiagem enquanto o pé esquerdo carrega furiosamente duas vezes no seletor da caixa de velocidade e lá vou euuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!


O motor de três cilindros de 847 cc, 115 cv (ás 10 rpm) de potência e os 87,5 Nm de binário máximo (às 8500 rpm) ruge furiosamente debaixo de mim, enquanto vou passando rapidamente de caixa, pois a forma como este motor sobe de rotações é deveras impressionante e aqui tenho de fazer um reparo muito importante: cuidado, esta moto requer alguns quilómetros de habituação, antes de tentarem fazer o mesmo que estou aqui a referir, principalmente para aqueles que, depois de terem começado no mundo das motos, pelas 125 estão agora a subir de cilindrada, pois a facilidade de condução e o pouco peso pode levá-los a pensar que a sua condução não é muito diferente que a moto que antes conduziam. Sim, é certo que se conduz como qualquer outra moto, só que aqui tudo acontece muito rápido, mesmo, muito e por isso as reações do condutor também têm de estar devidamente “afinadas”, preparadas para este tipo de performance. 
Claro que a MT-09, pode ser conduzida de forma normal e calma, mas desculpem o que vou dizer: se é para andarem devagar, nas calmas, comprem outra moto!


Esta Yamaha é para grandes emoções, para grandes momentos únicos de condução. 

Bom, continuando, acelero na via rápida, com muita vontade e rapidamente vejo o velocímetro digital a ultrapassar rapidamente e sem o mínimo esforço, marca dos… “entos”, enquanto com um esforço quase hercúleo me tento segurar ao guiador, pois a total inexistência de qualquer tipo de proteção aerodinâmica é deveras penalizante, mas… também não foi propriamente para andar a “entos” nas autoestradas que a Yamaha criou esta moto, pois se assim fosse vinha equipada com um monte de “tupperwares”, o que não é o caso e ainda bem!

Já na cidade e agora mais feito à “laranjinha” começo verdadeiramente a retirar prazer da condução. Dimensões diminutas, travões poderosos e um propulsor que responde de forma quase instantânea ao mais pequeno toque no acelerador, são a receita mágica para o “quanto mais trânsito melhor”!


Não devia escrever isto, mas o certo é que com a “laranjinha” fiz algumas  (muitas…) travessuras no meio dos carros, ali para os lados da 2ª Circular. Esta moto fez-me regressar muito anos atrás quando eu era estafeta (na minha cabecinha imberbe julgava ser o melhor estafeta de Lisboa e arredores! Algumas idas ao hospital fizeram com que rapidamente deixasse de pensar dessa forma!) e as estreitas filas do confuso trânsito lisboeta eram as minhas autoestradas!

Com este propulsor é possível rodar a baixa velocidade, com a 3ª e até 4ª velocidade engrenada que, rodando punho, a velocidade aumenta rapidamente e isto sem qualquer tipo de queixume ou vibração do seu propulsor.



Com nota muito positiva no que diz respeito à condução em cidade, estava na altura de irmos com a MT-09, para a “nossa pista de testes” que, para quem não sabe, é um troço de alguns quilómetros de uma estrada regional, bem pertinho de Lisboa, com pouco trânsito, piso perfeito e muitas retas curtas sempre dobradas por curvas de topo o tipo e tamanho, onde nós aqui no Motor Atual, levamos todos os automóveis e motos para aferimento do comportamento dinâmico.
E se a MT-09 em cidade já tinha surpreendido o que poderei dizer fazer então nesta na nossa “pista de testes”?

Que fique já assente: quanto mais curvas melhor! 


Apesar do seu aspeto minimalista a artilharia pesada está lá toda! 
Quando falo em artilharia além do excelente tricilíndrico, refiro-me ao simples, mas muito eficaz quadro em forma de “diamante” onde está acoplado o braço oscilante curto e assimétrico e preso a este um único amortecedor com 130 mm de curso. 
Já na frente, temos uma forquilha telescópica invertida simples e que, na minha opinião é o ponto menos positivo desta moto, pois afunda em demasia nas travagens, sejam ligeiras ou mais agressivas. 
Nada a que não nos habituemos mas… a MT-09 ficava perfeita com uma suspensão dianteira mais durinha.



A completar tudo isto temos o sistema de travagem. Na dianteira vamos encontrar dois enormes discos de 298 mm e pinças radiais de 4 pistões e atrás um disco de 245 mm. Simples mas extremamente eficaz.

E agora perguntam vocês: e é isto que produz o tal comportamento radical e eficaz que tanto tens vindo a elogiar?

E a resposta é: sim, sem dúvida! Mas a isto ainda temos de adicionar ainda as “maravilhas da eletrónica” que é o mesmo que dizer, o sistema D-Mode da Yamaha que proporciona ao condutor a possibilidade de alterar o comportamento da gestão do motor em três diferentes formatos. A STD, digamos é a normal, A “A” é a mais radical e a B mais macia, ideal para dias de chuva e piso húmido.


Posso garantir-vos que o modo STD chega e sobra para nos divertirmos à brava e voltando à tal estradinha, a forma como a MT-09 curva é extremamente viciante levando-nos a saltitar de curva em curva, sempre com um sorriso estampado no rosto e até vos posso dizer mais: esta máquina conduzida por alguém com um “kit de unhas”, à altura da sua potência e radicalismo, irá por certo humilhar muitas híper-desportivas, por essas estradas fora.


Surpresa também em relação aos consumos, pois os consumos são mais ao nível de uma 500/600, do que propriamente ao nível de uma 900. E não é que, quando fui entregar a moto à Gira-Motos e olhei para indicador do consumo médio do painel de instrumentos, estavam lá marcados (como podem ver na foto), 5,6 L!?


Como conclusão deste primeiro contacto com a Yamaha MT-09, posso apenas dizer que, fora uma suspensão dianteira que devia ser mais rija, não afundando tanto nas travagens estamos perante um moto que, não sendo para todos e provavelmente nem ao gosto da grande maioria, irá satisfazer a 110% aqueles que a adquirirem. 

Além dos dois anos de garantia, podem ter também a garantia que estão a levar para casa uma moto que vos vai proporcionar momentos únicos de condução rápida, radical e extasiante! 

Ficha Técnica
Motor - 3 cilindros, refrigeração líquida, 4 tempos, DOHC, 4 válvulas
Cilindrada – 847 cc
Potência – 115CV às 10,000 rpm
Binário máximo – 87.5 Nm às 8,500 rpm
Alimentação – Injeção eletrónica
Transmissão – 6 velocidades
Suspensão
Dianteira – Forquilha telescópica invertida (curso 137 mm)
Traseira – Braço oscilante tipo Link, mono-amortecedor (curso 130 mm)
Travões
Dianteiro – 2 discos de 298 mm, pinças radiais de 4 pistões
Traseiro –  1 disco de 245 mm
Pneus
Dianteiro – 120/70ZR17M/C (58W)
Traseiro – 180/55ZR17M/C (73W)
Dimensões - 2,075 mm x 815 mm x 1,135 mm (comp. x larg. x alt.)
Altura do assento – 815 mm
Distância entre eixos – 1,440 mm
Distância mínima ao solo – 135 mm
Depósito de Combustível – 14 L
Peso (em ordem de marcha) – 188 kg  (versão c/ ABS - 191 kg)

Avaliação
Versatilidade e praticidade: @@@@@@@@@@

Diversão - @@@@@@@@@@

Agradecimento especial

Ao Sr. Carlos do Stand Gira Motos, em Linda-a-Velha, que mais uma vez, nos confiou uma moto, neste caso a Yamaha MT-09, para a realização deste trabalho.


Carlos Veiga (2013)

1 comentário:

  1. eu achei a moto linda, eu tenho uma v rod, e uma cb 300 para o dia a dia, pretendo trocar a cb 300 e pegar a mt 09, a mt 07, achei meio frágil, o suporte do motor que prende a suspensão traseira e o ronco não me agradou.

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