Introdução – Todos sabemos que para a maioria dos construtores de automóveis, o segmento C é o mais importante da industria automóvel, constituído por automóveis capazes de transportar 4/5 passageiros e respetiva carga, com um bom nível de conforto, bem equipados e propulsionados por mecânicas cada vez mais eficientes, económicas e que não envergonham ninguém na estrada, tendo atualmente na sua grande maioria, motorizações a diesel apesar do regresso em alta dos motores a gasolina, de menor cilindrada (menores consumos e emissão de gases poluentes) e com uma versatilidade e dinâmica que dificilmente os propulsores a diesel poderão almejar.
É este o automóvel preferido - e desejado - pela maioria dos condutores para os quais um automóvel é visto apenas como um "transportador de pessoas e bagagem" do ponto A ao ponto B. E depois... existem os outros, os tais onde me englobo, para os quais um automóvel tem de ser algo mais e que de vez em quando, seja capaz de nos tirar do pacato modo "condutor pai de família", fazer subir os níveis de adrenalina e dar-nos, nem que seja durante breves momentos, aqueles momentos de verdadeiro prazer, sentido numa condução mais empenhada/agressiva/desportiva que apenas é proporcionada por motorizações mais potentes, sem que isso signifique gastar muitos milhares de euros ou transformar um veículo "normal", numa aberração cheia de apêndices, supostamente aerodinâmicos, rebaixamentos e outras coisas que tais que, na maioria das vezes, funcionam exatamente ao contrário daquilo que era pretendido, mostrando apenas, na maioria dos casos, a tremenda falta de gosto dos seus proprietários.
Não, aqui no Motor Atual gostamos de manter tudo original e de preferência muito soft pois não gostamos de dar nas vistas e confesso, gostamos de por vezes surpreender – que é o mesmo que dizer, "colocar em sentido" – alguns "tunnings" que por aí circulam...
E perguntam vocês:
- "Mas o que é que esta conversa tem a ver com o automóvel aqui em teste, o Nissan Pulsar, automóvel típico do Segmento C e normalmente equipado com o conhecido 1.5 Dci ou então com o mais recente e também pacato,1.2 DIG-T?"
Respondo eu: tem tudo, pois o Pulsar que aqui apresentamos, está equipado com o propulsor 1.6 DIG-T que... poderá fazer toda a diferença!
- "E fará tanta diferença e valerá a pena optar por um Pulsar equipado com esta motorização em detrimento dos mais económicos DCI 1.5 ou do 1.2 DIG-T?"
É o que vamos saber já a seguir, aproveitando a oportunidade para esmiuçar, tudo o que este Nissan tem para nos oferecer:
Design & Acabamentos – No que diz respeito ao design do Pulsar, logo à primeira olhadela percebemos que a Nissan soube aproveitar o ENOOOORME sucesso do seu mais-que-tudo Qashqai e as semelhanças são óbvias, nomeadamente no que diz respeito a toda a zona frontal do Pulsar - grelha em V da Nissan e faróis em forma de bumerangue - e também no seu interior, praticamente igual ao do "crossover" da marca nipónica.
Temos de elogiar a Nissan pela forma como soube "corrigir o tiro", depois do fracasso chamado Tiida que, apesar das reconhecidas qualidades ao nível de espaço interior, conforto e fiabilidade, no que diz respeito ao seu design era um "mix estranho" com óbvias intenções de seguir as linhas de um tal 307 de uma conhecida marca gaulesa.
O resultado foi um automóvel com uma carreira com vendas quase residuais e quando isso acontece num segmento tão importante como é o C ainda por cima após os megas sucessos que foram o Sunny e o Almera, as "dores" ao nível de vendas foram bem sentidas, sendo o Pulsar a resposta da Nissan e o contra-ataque aos seus rivais no segmento C.
E aqui não existem dúvidas, basta olharmos para o Pulsar para percebermos quais são os seus principais alvos: Toyota Auris, Honda Civic e Mazda 3!
E se o Tiida nunca teve "andamento" para os seus adversários principais, já com o Pulsar a conversa é outra. Logo à partida são os olhos os primeiro a "comer" e aqui o Pulsar não defrauda as expetativas pois estamos perante um veículo de linhas modernas, acompanhando as tendências atuais no que diz respeito ao design automotivo, mas sem entrar em alguns devaneios estilísticos mais ao gosto do consumidor asiático - tal como acontece com o Auris e o 3 - ou traseiras menos "consensuais" para algumas pessoas, como o Civic.
O Pulsar é um automóvel global, feito para agradar principalmente ao condutor europeu, mas que será sempre bem aceite em qualquer parte do mundo e neste aspeto o trabalho dos designers da Nissan merecem nota muito positiva.
Resumindo, um automóvel moderno e bonito, mas ao mesmo tempo sóbrio, capaz de agradar a um enorme leque de clientes que, afinal de contas, é o que qualquer construtor de automóveis almeja conseguir: apresentar um produto que tanto agrade ao jovem recém-encartado, ao mais experiente e exigente condutor e também a quem já possuindo muitos anos de carta e muitos quilómetros de condução, pretende adquirir um veículo automóvel que não vai chatear e aqui o nome Nissan, será sempre uma mais valia, no que diz respeito a qualidade e fiabilidade.
Se no que diz respeito ao design estamos conversados, quanto à qualidade dos materiais usados, a sua montagem e acabamentos, podemos dizer que, se no exterior está ao nível do que fazem os seus rivais, já no que diz respeito ao habitáculo, aqui e ali, nota-se que houve uma nítida poupança na qualidade dos materiais usados, nomeadamente no revestimentos plásticos que cobrem algumas das zonas inferiores e nas portas. Se em comparação com os rivais europeus ainda existe alguma distância, o Pulsar faz jogo de igual para igual, com os seus congéneres nípónicos pois também estes, padecem do mal já referido: aqui e ali, plásticos de menor qualidade.
No entanto, devido ao especial cuidado e rigor que normalmente as marcas nipónicas colocam na montagem dos seus automóveis, quanto à existência ou possível aparecimento de ruídos parasitas, diz-nos a experiência que mais cedo aparecem em carros europeus - os tais com melhores materiais -, do que em automóveis nipónicos e o Nissan Pulsar como é lógico não é exceção e isso sente-se quando o conduzimos, devido à solidez demonstrada mesmo nos pisos mais degradados.
Ergonomia & equipamento – Onde o Nissan Pulsar dá uma real "cabazada" aos seus rivais – europeus incluídos – é no espaço interior, principalmente nos lugares traseiros, tendo até mais espaço que alguns automóveis de segmentos superiores!
Espaço com fartura, tanto em largura como principalmente para as pernas, onde até jogadores de basquetebol viajarão à larga.
Quem viaja atrás desfruta de um espaço para os joelhos de 692 mm, um valor que o posiciona bem à frente das médias do espaço disponível nos segmentos C e D (562 e 585 mm, respetivamente).
Na frente, tanto o condutor como o passageiro também viajam confortavelmente instalados. A posição de condução é boa – para alguns poderá ser um "niquinho" mais alta do que o desejável – com tudo ali à mão e boa visibilidade.
Levando em conta as características "especiais" deste Pulsar e para uma maior envolvência "desportiva", pedia-se que os assentos dianteiros tivessem um maior apoio lateral e que o aro do volante fosse ligeiramente mais grosso.
A bagageira é ampla, com uma capacidade de 385 litros que se eleva até uns espaçosos 1,395 litros de espaço, com o rebatimento dos assentos traseiros.
Quanto ao equipamento e como em "equipa que vence não se mexe", temos no Nissan Pulsar 1.6 DIG-T Tekna, basicamente o mesmo "pack" de equipamento que encontrámos no Qashqai "360" e que incluí o seguinte:
“Escudo de Proteção Inteligente Nissan” que é um conjunto de funcionalidades “extra” dos quais fazem parte os sistema "Anti-Colisão Frontal", "Alerta de fadiga", "Identificador de Sinais de Trânsito", "Aviso de Mudança de Faixa", "Aviso de Ângulo Morto", "Deteção de Objeto em Movimento", "Regulador Automático de Máximos".
Controlo Ativo de Chassis da Nissan”, um sistema “inteligente” que monitoriza o comportamento e trajetória do automóvel e aplica uma travagem subtil a cada roda para fornecer uma função similar a um diferencial de deslizamento limitado.
“Câmara de Visão 360º” (AVM - Around View Monitor), sistema de câmara de visão de 360 graus que, ao combinar as imagens recebidas através de pequenas câmaras montadas na grelha frontal, porta da bagageira e em ambos os espelhos retrovisores, projeta no ecrã uma "vista aérea" de 360 graus em redor do Pulsar.
O sistema utiliza um complexo software de processamento de imagem para gerar a imagem aérea e dando a impressão de que a câmara está colocada diretamente por cima do Pulsar.
Também não podemos esquecer a excelente ajuda do Assistente de Arranque em Subidas que facilita sobremaneira os arranques nas subidas.
Trabalhando com o ESP, este sistema de ajuda no arranque nas subidas, mantém o Pulsar travado durante 2/3 segundos, destravando-se automaticamente assim que a tração é aplicada às rodas.
A Nissan, não se esqueceu daqueles que, aos comandos ou apenas viajando a bordo do Pulsar, gostam de estar em contacto com o resto do mundo e são fãs das novas tecnologias. Para esses, existe o “Nissan Connect” que, através de um ecrã tátil de 5,8 polegadas colocado no centro do tablier incorpora, tanto a já referida Câmara de Visão 360º como o Escudo de Proteção, Bluetooth, Sistema Áudio e integração do smartphone, dando acesso a uma lista de aplicações cada vez maior, com aplicações como o Google, Facebook, Trip Advisor e Eurosports, além de entradas Aux-in e USB e rádio DAB.
No Inverno, o aquecimento dos assentos dianteiros, faz toda a diferença!
Contribuindo também para o aumento de segurança e uma condução mais segura à noite, este Pulsar está equipado também com faróis Led que além de produzirem uma luz mais branca e nítida, usam menos de 50 por cento de energia que as lâmpadas de xénon, logo, menor esforço e menor desgaste da bateria.
Motor & Dinâmica – O modelo aqui em teste, difere dos Pulsar “normais”, precisamente no que diz respeito ao seu propulsor, sendo este o topo-de-gama da gama e que faz toda a diferença.
Assim, estamos perante o conhecido motor de 4 cilindros com designação KH3 que basicamente, é o mesmo propulsor que tanto equipa o Juke Nismo e o Renault Clio RS – nestes com mais uns "pózinhos"... - que possui 1618 cc e debita uns generosos 190 cv às 5600 rpm e um binário máximo de 240 Nm às 5200 rpm, estando acoplado a uma caixa de seis velocidades e tal como é norma na Nissan, de fácil e agradável manuseamento, apesar de não ser muito rápida numa condução, digamos, mais “arisca”.
Apesar desta cavalaria toda e se conduzido normalmente, como se conduz qualquer uma das outras versões, o Pulsar 1.6 DIG-T faz consumos bastante razoáveis, como indicam os 5,9 / 6,0 litros que efetuamos no nosso dia a dia, sem excessos, claro.
Só que, com tantos cavalos debaixo do pé, puxar por eles é o “pão nosso de cada dia”, pois, confessamos, ter 190 pujantes equídeos à nossa disposição e não lhes dar uso é quase um “crime” e quando isso acontece, usá-los em toda a sua plenitude, rapidamente o consumo sobe para além dos 10 litros, o que mesmo assim consideramos ser bastante satisfatório, levando em conta as performances atingidas.
Equipado com este motor, o Pulsar difere completamente, (para melhor!) dos seus irmãos “normais”, tanto na agradabilidade de condução, como na forma como “despacha serviço” sendo isso mais notório quando viajamos com carga completa, cinco pessoas a bordo e respetiva bagagem.
Nesta situação e comparando com os seus irmãos Dci e 1.2 DIG-T, a forma como “papa-quilómetros” é deveras notável, sempre com enorme desenvoltura, seja nas subidas mais íngremes, nas recuperações e principalmente nas ultrapassagens e isto sempre com um enorme à vontade e descontração, mais parecendo que vamos a bordo de um qualquer automóvel de classe superior do que num veículo do Segmento C.
A diferença que pode fazer um bom - excelente! - propulsor é notável. Para muitos, ter um motor mais potente, é sinónimo de velocidade ao que nós acrescentamos segurança e conforto de utilização. Quem conduz este Nissan Pulsar 1.6 DIG-T, principalmente com o carro cheio, não precisa de estar a fazer cálculos a cada ultrapassagem, para saber se vai dar ou não. Com este motor, cada ultrapassagem é feita com a maior das calmas e sem stress, pois ali à frente, na “casa das máquinas” estão sempre disponíveis 190 cavalos, disposto a entrar em ação às nossas ordens.
Em estrada e levando a coisa ao limite, os mais puristas e radicais, por certo iriam preferir que a caixa de velocidades tivesse as relações, ligeiramente mais curtas, mas para nós está perfeito como está, pois o Pulsar não é nenhum “puro” desportivo e isso também é sentido na afinação das suspensões, bem afinadas no sentido em que sendo bastante confortável, mesmo assim dá bem conta do recado quando abusamos um "niquinho".
Numa condução já para lá do razoável, pelo menos num automóvel com estas características, claro que os limites chegam rapiamente e aí nada a fazer. O Pulsar não é um puro-desportivo.
"Autobahn" - Já em "autobahn", confesso que este Pulsar surpreendeu-me bastante, acima de tudo porque, é um verdadeiro rolador, fazendo inveja a alguns rivais, dito “premiuns”!
Muito confortável, silencioso, é um regalo fazer viagens com este Nissan, principalmente porque é capaz de enfrentar qualquer “autobahn” com grande desenvoltura e até surpreendendo alguns condutores mais atrevidos, como aconteceu connosco numa, volto a repetir, “Autobahn”, quando rodando nas calmas e em amena cavaqueira com as pessoas que iam a bordo, com o ponteiro do velocímetro a “namorar” a marca dos 140 km/h, ultrapasso serenamente um Seat Ibiza Tdi, super/ultra rebaixado e por certo muito “artilhado” no que diz respeito ao motor – o rasto de fumo negro que deixava, era capaz de fazer mais danos para o meio ambiente do que os níveis de poluição que têm assolado a cidade de Pequim!
O certo é que quem seguia ao volante do automóvel hispano/germânico – um daqueles rapazes de boné virado ao contrário, barba rala, tão na moda e quase que aposto, apesar de não ter visto, daqueles que usa as calças pelos joelhos, com as cuecas à mostra! -, talvez por levar ao lado uma rapariga, quis mostrar que o seu “super-charged” Ibiza, dava uma “ratada” ao Nissan Pulsar que tinha tido o desplante de o ultrapassar.
Depois de o ter ultrapassado, voltado à faixa do meio e de ter ido novamente para a esquerda para ultrapassar outros automóveis que rodavam mais devagar, reparo que o fulano, imediatamente, se colou à traseira do “meu” Pulsar e... foi apenas isso!
Imagino a frustração do rapaz que, após ter "esmifrado" o seu TDi até aos 200 km/h viu, o que ele pensava ser um simples “cordeiro”, transformar-se num “lobo” e ir-se embora, literalmente!
Deixei de vê-lo no espelho quando o velocímetro do Pulsar marcava 235 km/h...
Esta é a melhor descrição da qualidade do motor que equipa este Nissan, um Pulsar igual a tantos outros mas que na hora da verdade, faz toda a diferença!
PS: até hoje o rapaz do "fumarento" deve estar sem saber como é que levou uma ratada de um “simples” Nissan Pulsar...
Especificações Técnicas
Motor – 4 cilindros em linha.
Cilindrada – 1618 cc.
Potência – 190 cv às 5600 rpm.
Binário máximo – 240 Nm às 5200 rpm.
Alimentação – Injeção de alta pressão, sequencial.
Transmissão – Caixa manual de seis velocidades.
Suspensão
Dianteira – Independente, tipo Mcpherson.
Traseira – Eixo de torção com molas.
Direção – Cremalheira e pinhão, assistida.
Travões
Frente/Trás – Discos.
ABS com EBD e assistência à travagem de emergência.
Pneus – 215/45 R18.
Depósito combustível – 46 litros.
Peso – 1350 kg.
Avaliação Motor Atual
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Avaliação Motor Atual
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Carlos Veiga (2015)
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