21 de janeiro de 2016

Nissan X-Trail 360" - Alternativa XXL


Introdução - Parece mas não é! Claro que me refiro às semelhanças existentes entre o Qashqai, o rei dos crossovers e lider incontestável no que diz respeito a vendas por essa Europa fora e o novo Nissan X-Trail que tivemos à nossa disposição durante uma semana. 

Em equipa que ganha... (e muito!) não se mexe! Foi isso que a Nissan fez no que diz respeito ao aspeto geral do novo X-Trail, deixando para trás as linhas "quadradonas" da geração anterior, dando agora lugar ao novo DNA da marca, onde as linhas de família estão intactas – Qashqai, Pulsar, Note –, sem que com isso perdesse aquele ar de veículo todo-o-terreno, de "jipão" que faz as delicias de muitos admiradores deste estilo de automóvel, mesmo que pelo meio se perdesse algumas das suas capacidades de "andar por cima de toda a folha" como fazem por exemplo, os seus "irmãos" Patrol e Pahtfinder e até mesmo, como fazia o X-Trail anterior. 

Então, para que serve e o que pretende a Nissan atingir com esta nova geração – tão diferente da anterior – do Nissan X-Trail? É isso que vamos analisar ao pormenor, já a seguir.

Design & Acabamentos – Primeira nota de relevo: apesar das mais que óbvias semelhanças com o Qashqai, o certo é que não existe no X-Trail, um único painel exterior que seja proveniente deste. 



Parece mentira, mas é verdade, muitas semelhanças principalmente na zona frontal contudo, devido a ser uma veículo de maiores dimensões em todos os sentidos (mais 263 mm de comprimento, 120 mm de altura, 14 mm de largura e 59 mm no que diz respeito à distância entre eixos), todos os painéis deste crossover tamanho XXL, são novos. 
Quanto ao peso, apesar das dimensões avantajadas, o novo X Trail consegue ser 90 kg mais leve que a versão que vem substituir, em parte devido à utilização de aço de alta resistência em quase 50% da carroçaria. 
Também o portão traseiro ajuda na diminuição do peso pois é construído num plástico especial (não parece mas é!) e tanto o parachoques dianteiro como o traseiro, foram otimizados no que diz respeito à espessura do material usado. 



Estamos perante uma frente mais longa e afilada, notando-se de perfil que é veículo maior que o Qashqai, terminando numa traseira que, apesar de moderna, mantém o design e imponência dos verdadeiros "jipões"! E é precisamente essa a ideia que nos fica, de ser mais um "jipão", ou "jipe grande",  do que um "crossover", tipo de veículo tão na berra nos últimos anos.

E é também nesta maior grandeza que reside uma das grandes vantagens do X-Trail pois, como sabemos, com o surgimento da nova geração do Qashqai, perdeu-se a versão "+2" que acrescentava dois lugares ao habitáculo e é precisamente esta lacuna que este Nissan vem colmatar. 
Não existe qualquer dúvida: se pretende transportar mais do que cinco pessoas o X-Trail é a opção indicada. 
Todavia, não podemos esquecer que os dois assentos extra, não são propriamente os mais indicados para serem usados por adultos, devido ao seu difícil acesso e escassez de espaço para as pernas, sendo ideais para serem usado por crianças e jovens adolescentes para os quais é sempre uma grande diversão viajarem lá atrás.



Olhando agora para o seu interior, quase que diríamos que estamos perante um "copy/paste" do Qashqai (e ainda bem que assim é!), pois quase tudo é igual a este. Quase tudo menos... o espaço que temos à nossa disposição, do qual falaremos mais à frente.

Em relação à qualidade dos materiais usados no interior e sendo estes praticamente os mesmos do... Qashqai (pois claro!), pelo lado negativo voltamos a apontar o uso de plásticos rijos (só a parte superior do tablier e do revestimento das portas é mole) assim como a propensão que alguns – dos que estão colocados nas zonas inferiores do habitáculo –, têm para ficarem riscados com alguma facilidade e que por isso mesmo requerem algum cuidado nas entradas e saídas do veículo.



Pela positiva, a já tradicional, na Nissan, atenção que é dedicada à montagem de todas as peças e cuidado especial no que diz respeito à junção das mesmas o que contribui grandemente para a inexistência de ruídos parasitas, durante muitos e muitos quilómetros. 

É um automóvel japonês, pois claro!

Ergonomia & Equipamento - Tal como as dimensões exteriores, também o habitáculo do novo Nissan X-Trail é substancialmente maior que o do Qashqai e isso nota-se, tanto à frente como principalmente atrás, onde existe espaço com fartura para que três pessoas ali viajem confortavelmente instalados, contando também com a vantagem de irem sentados ligeiramente acima dos lugares da frente, o que lhes dá um campo de visibilidade bastante mais alargado, sendo impossível alguém sentir-se com claustrofobia, como acontece em alguns rivais diretos. 



Como se não bastasse, estes assentos possuem regulação tanto longitudinalmente, conforme haja necessidade de termos mais espaço para as pernas ou para a bagagem, como as costas dos assentos possuem regulação, para aqueles que gostem de viajar numa posição mais vertical ou mais deitada, mais relaxada. 

Na frente existe espaço a rodos e é aqui que sentimos maior diferença entre o habitáculo do X- Trail e do Qashqai, com óbvia vantagem para o primeiro, sendo sempre mais espaçoso em todas as direções. Não é que o Qashqai seja apertado, antes pelo contrário, mas o X-Trail é mesmo XXL tanto lá fora, como no seu interior.



 Também a posição de condução é diferente pois, enquanto no Qashqai rapidamente esquecemos que conduzimos um "jipe" de médias dimensões pois a sua condução é basicamente tão fácil como a de qualquer berlina do segmento C, contando com  a óbvia vantagem de termos um campo de visibilidade maior devido à sua altura, com a colocação do volante do X Trail numa posição ligeiramente mais horizontal a posição de condução neste caso tem mais parecenças com a de um "verdadeiro Jipe" ou até mesmo com a de um monovolume, do que com a de uma berlina. Gosto desta posição de condução a qual, juntamente com as dimensões abastadas deste Nissan, transmite ao condutor uma sensação de maior segurança, visibilidade e – porque não dizê-lo com toda a frontalidade – de "poder"! 

Nota-se este "poder" quando pretendemos ultrapassar pois, mal nos aproxima-mos... eles saem da frente, quase imediatamente!




Quanto à bagageira, tudo depende do número de passageiros a bordo. Se viajamos com 5 passageiros, a bagageira possui uns muito respeitáveis 454 litros de capacidade de carga. Com os dois assentos extra levantados, a bagageira praticamente desaparece. Dois ou três sacos de compras, uns casaco ou uma ou duas mochilas e pouco mais.
Já com todos os assentos traseiros rebatidos, ficamos com um compartimento com a capacidade para levarmos tudo e mais alguma coisa – 1982 litros.

Muito prático é o sistema de abertura elétrica do enorme portão traseiro, facilitando imenso o acesso à bagageira.



Contribuindo ainda para o bem estar a bordo do X-Trail temos o enorme teto de vidro, o maior da sua classe. Com acionamento totalmente elétrico, não só permite uma grande luminosidade, como a metade dianteira poderá também ser aberta para fornecer ventilação extra.

Em relação ao equipamento, lá está, tenho de voltar a citar o Qashqai, pois basicamente é o mesmo. Assim, nesta versão 360, temos ao nosso dispor uma imensa palete de itens que fazem inveja a muitos automóveis de segmentos superiores, muitos deles "Premium" e com um preço, "upa upa"!



A lista é interminável:

O NissanConnect, através de um ecrã táctil a cores de 7 polegadas colocada à nossa disposição uma enorme panóplia de informações e de aplicações. O sistema de navegação por satélite integra funcionalidades do Google® tais como por exemplo, previsões meteorológicas, localização de estações de combustível, hotéis, restaurantes etc. 
A função Send-to-Car permite também aos condutores planear uma viagem em casa e enviar esse plano para o sistema NissanConnect no automóvel com um clique de botão. O sistema inclui transmissão de áudio e integração de telemóvel por Bluetooth, assim como entradas Aux-in e USB.



No centro do painel de instrumentos, rodeado pelo velocímetro e hodómetro, está situado um visor de cores TFT de 5 polegadas, integrando 12 gráficos e oferecendo conselhos e avisos que vão desde as velocidades média e real, instruções de navegação curva-a-curva, conteúdo áudio, reconhecimento de sinais de trânsito, conselhos de condução ecológica e nas versões equipadas com 4WD, as definições de distribuição de binário. 



Câmara de Visão 360º (AVM - Around View Monitor) - Sistema de câmara de visão de 360 graus que, ao combinar as imagens recebidas através de pequenas câmaras montadas na grelha frontal, porta da bagageira e em ambos os espelhos retrovisores, projeta no ecrã uma "vista aérea" de 360 graus em redor do Nissan X-Trail. 



Escudo de Proteção Nissan - Utilizando um sistema de radar que analisa a estrada em frente do veículo, o novo X-Trail oferece três níveis de assistência aos condutores:

1º - Um aviso sonoro alerta o condutor caso o espaço para o veículo à sua frente diminua de forma insegura. 

2º - Os travões são automaticamente aplicados ainda que de forma parcial se o condutor não reaja aos avisos sonoros 

3º - Caso o espaço continue a diminuir, os travões serão aplicados, parando o X Trail caso seja necessário.

O Escudo de Proteção Nissan acrescenta ainda os seguintes sistemas de proteção e assistência à condução:

- Alerta de Fadiga do Condutor.
- Reconhecimento de Sinais de Trânsito.
-Aviso de Mudança Involuntária de Faixa (que por acaso é algo bastante irritante e que ao fim de poucos km acabo por desligar!).
-Aviso de Ângulo Morto.
- Deteção de Objeto em Movimento.
- Regulador Automático de Máximos (algo lento a reagir, ficando algum tempo inativo a “pensar”, principalmente no regresso a máximos, após ter passado de máximos para médios.)



O condutor  beneficia ainda da ajuda do Hill Start Assist (Arranque Assistido em Subidas) que facilita muito o arranque nas subidas mais íngremes, principalmente nos pisos de menor aderência. 

Motor & Transmissão - Para propulsionar o novo X-Trail, a marca nipónica fazendo uso das sinergias da Aliança Renault/Nissan, está equipado com um motor que já equipa outros modelos das duas marcas. 



Este motor de quatro cilindros sobrealimentado e de 130 cv de potência equipara-se ao diesel  de 2000 cc que equipava a anterior geração no que diz respeito às performances (binário máximo, 320 Nm as 1750 rpm), acrescentando óbvias vantagens nos menores consumos efetuados e principalmente na diminuição das emissões de gases – 135 g/km, na unidade aqui em teste, equipada com o sistema de transmissão Xtronic.

E é precisamente da caixa de velocidade Xtronic que falamos a seguir: equipando apenas os X-Trail  de tração dianteira, o sistema Xtronic (CVT) oferece o melhor dos dois mundos, ou seja, tanto pode ser usada no modo totalmente automático, deixando o condutor que o Xtronic faça todo o trabalho ou então, através do modo sequencial, que através de 7 relações diferentes, simula muito bem o comportamento de uma caixa de velocidades manual, dando ao condutor a possibilidade de interagir na condução de forma mais instantânea, ou sempre que lhe apetece efetuar uma condução mais “ativa” (não se pode falar em condução desportiva num veículo como o Nissan X-Trail).



E é muito graças ao excelente comportamento do Xtronic, principalmente à perfeita conjugação desta com o propulsor DCi 1.6, conseguindo explorar todos os 130 cv que este oferece, que "quase" esquecemos que vamos ao volante de um veículo que pesa mais de uma tonelada e meia! 

Em andamento - Claro que o X Trail, não tem a rapidez de um, Juke Nismo, mas também não é para isso que ele foi feito. Assim, o 1.6 Dci, chega perfeitamente para as encomendas num uso normal. 



Já quando viajamos com a família toda, incluindo a sogra e o periquito, aí sim, temos de antecipar mesmo que ligeiramente algumas ultrapassagens pois o X-Trail não avança de forma tão lesta como a pretendida. Mas volto a dizer, não estamos perante um velocista, mas sim um maratonista e é aqui que as qualidades do X-Trail, vêm ao de cima.

Se em cidade, e como é lógico, notamos que vamos ao volante de um veículo grande e apesar da grande ajuda dada pela eletrónica, na hora de estacionar temos sempre de procurar um lugar mais avantajado para estacionar o X-Trail que, tal como acontece com outros automóveis, similares, nem sempre é tarefa fácil.



Em estrada, tem um comportamento bastante são e aqui confesso, surpreendeu-me pois, percorrendo exatamente as mesmas vias por onde passámos com o Qashqai quando o testámos, ficámos com a sensação que o X-Trail, não adorna tanto nas curvas, principalmente quando fazemos uma sequência direta de curvas do tipo, direita/esquerda/ direita. Nesta situação notei que, apesar de existir um natural adornar da carroçaria, recompõem-se mais rapidamente desse mesmo adornar que o Qashqai. 
Diferença mínima, sem dúvida mas quem, quem tenha a oportunidade de conduzir os dois, vai notar.



Em autoestrada, o conforto é acima da média, o que faz do X-Trail um papa-quilómetros. Claro que aqui, ao circularmos a velocidades mais elevadas, os consumos ressentem-se e apesar de ser, reconhecidamente, um motor bastante económico, o certo é que milagres não existem, pois devido ao seu peso elevado e também a ser um veículo “grande”, podem sempre contar com consumos balizados algures entre os sete e os oito litros.



Aliás, foram esses os consumos que este Nissan efetuou  durante o nosso ensaio e que podem ser considerados razoáveis pois, como já referimos, o seu peso e dimensões, não fazem milagres!

Sim, é verdade, o Qashqai gasta menos, mas também é certo que pesa menos e que... apenas pode transportar cinco pessoas!






Parece mas não é! Refiro-me ao seu aspeto de “jipão” que agrada a tantos. No entanto, não se negando a percorrer caminhos de terra e até a fazer alguma “gracinhas” em terra, quem o conduz nunca poderá esquecer que, primeiro, está ao volante de um X-Trail que puxa apenas às rodas da frente (Para os mais afoitos, existe a versão 4x4!) e depois, volto a frisar, apesar do aspeto imponente, os seu “ângulos de ataque” são reduzidos o que poderá deixá-lo ficar mal visto, numa tentativa mais forçada de fazer um todo-o terreno mais “viril”.



Conclusão Motor Atual - Acima de tudo o Nissan X-Trail, é aquele veículo a que podemos chamar de ”pau para toda a obra”, seja como veículo do dia-a-dia, para trabalhar, para viajar ou até mesmo levar-nos por caminhos que os ditos automóveis “normais”, não têm capacidade de levar e isto tudo sempre com um grande conforto e sem ter de deixar ninguém para trás, pois os dois lugares extra, fazem toda a diferença!


Especificações Técnicas
Motor – 1598 cc
Potência máxima – 130 cv às 4000 rpm
Binário máximo – 320 Nm às 1750 rpm
Alimentação – Injeção direta Common Rail.
Transmissão – Xtronic (sequencial 7 velocidades)
Tração – Dianteira
Suspensões 
Dianteira – Independente, Mc Pherson.
 Traseira – Independente, Multilink
Direção – Cremalheira e pinhão. Assistida e elétrica.
Sistema de travagem 
Discos Dianteiros/traseiros,  assistidos eletricamente. 
ABS, inclui EBD e BAS.
Pneus  -  225/55 R19. 
Dimensões  
Comprimento – 4640 mm. 
 Largura – 1820 mm (1830 mm com jantes de 19”).
 Altura (máxima) – 1710 mm (1715 mm com barras de tejadilho).
Distância entre eixos –  2705 mm.
Raio de Viragem (entre muros) – 11,2 m.
Distância máxima ao solo  - 210 mm.
Bagageira 
Profundidade – 935 mm
Largura – 1142 mm
Capacidade da bagageira – 445 litros (VDA)
Capacidade da bagageira com os bancos rebatidos – 1982 litros (VDA).
Depósito de combustível – 60 litros.
Peso –   1595 kg  

Fatores Positivos -
- Design moderno e  imponente, à “jipão”!
-Acabamentos.
- Equipamento.
- Conforto.
Espaço disponível para os 5 passageiros.
2 lugares extra (aconselhados apenas para crianças ou... para a sogra se pretendermos que ela não volte a teimar em viajar connosco!)
- Versatilidade.
- Funcionamento do Sistema Xtronic, principalmente no modo sequencial.
Teto panorâmico elétrico.
Portão traseiro elétrico.

Fatores negativos - 
- Qualidade de alguns plásticos da zona inferior do habitáculo.
- Sistema automático de acionamento dos máximos, algo lento a reagir.
- Consumos no limite do expetável, por culpa do peso elevado.
- Recuperações algo lentas, principalmente com carga máxima.

Avaliação Motor Atual: @@@@@@@@@@

Carlos Veiga (2016)

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