30 de maio de 2016

Honda HR-V Diesel 1.6 Elegance Connect Navi – A medida certa!


A gama automóvel da Honda foi recentemente completada com um novo automóvel, o HR-V, que vem ao encontro da imensa procura que existe atualmente em relação aos automóveis da moda, os "SUV" ou "Crossovers".

Muito se tem escrito sobre os SUV (Sport Utility Vehicle), tipo de veículo tão na moda, o que obrigou a que (quase) todas as marcas, tivessem um ou mais veículos com estas características. 
Não há dúvida que foi com o lançamento do Qashqai da Nissan, que este tipo de veículos se tornou "famoso", alterando por completo as tendências no mercado automóvel, transformando estes "jipes citadinos", nos mais desejados automóveis da atualidade. 
No entanto, ao contrário do que se escreve por aí, não foi a Nissan que "inventou" este tipo de veículo pois se olharmos para trás, muito antes do aparecimento do Qashqai, já a Honda possuía nas suas fileiras, um "SUV" que dava pelo nome de HR-V e que surpreendeu meio mundo quando foi apresentado pela primeira em 1997, no  Tokio Motor Show. 


Com um design futurista e equipado com um motor de quatro cilindros e 1,6 litros, o primeiro HR-V é ainda hoje, um automóvel bastante atual, sendo muito procurado no mercado de usados, onde são comercializados por valores ainda bastante elevados. O fim do HR-V chegou em 2006, quando deixou de ser fabricado.
Eis que finalmente e após quase dez anos de interregno, a Honda volta à carga, com a segunda geração do HR-V e corrigindo uma das principais falhas em relação ao primeiro modelo, com a inclusão de uma motorização diesel. 
E é precisamente o Honda HR-V, equipado com o motor 1.6 Diesel, na versão Elegance Connect Navi, que testámos durante uma semana, aqui no Motor Atual.

Design & Acabamentos – O novo Honda HR-V não dá tanto nas vistas, como deu o seu antecessor quando foi apresentado já no longínquo ano de 1997 e isso é lógico pois hoje em dia, poucos são os modelos capazes de nos surpreender, ao nível do design, principalmente nas gamas médias, o que não quer dizer que este Honda de 4,3 m de comprimento, não tenha umas linhas bastante apelativas. 



Quando visto de lado, a partir do pilar B, a linha descendente dá-lhe um "je ne sais quois" de Coupé, aspeto que é complementado pelos puxadores das portas traseiras, escondidos nos pilares C.  



Na frente, sim, é sem dúvida um Honda e ninguém o confundirá com outra marca qualquer. A "assinatura visual" da marca japonesa está bem presente, com a conjugação das óticas rasgadas e da grelha em cor preta, num "mix" perfeito entre o CR-V e a frente do... novo Jazz. 



Já a traseira é... banal. Aqui, na minha opinião, a Honda podia ter feito mais. Óticas de grandes dimensões, recortadas pelo portão traseiro e um pequeno spoiler, compõe o o seu aspeto, bastante agradável, mas pouco surpreendente. Digamos que a Honda não quis ser tão arrojada em relação à traseira do novo HR-V, tal como acontecia no modelo anterior e também acontece noutros modelos, onde o Civic é o expoente máximo com a sua traseira do tipo, "ou se ama ou se odeia se odeia"!

Penso que a agradabilidade do aspeto global do HR-V, vai depender muito da cor com que está "vestido". Por exemplo, no caso do azul "Brilliant Sporty" da unidade aqui em teste, podemos dizer que o HR-V é lindíssimo e destaca-se imediatamente no meio da "multidão". No caso de outras cores que já vi por aí a rodar – principalmente as mais "cinzentonas" – é apenas mais um SUV, entre muitos. Claro que isto é apenas e só o meu gosto pessoal mas... se estivesse comprador de um HR-V, teria de ser neste fantástico azul!



Quanto à qualidade dos materiais e montagem, reparei que em relação aos plásticos usados tanto no tablier como nas portas e zonas inferiores, notam-se ligeiras melhorias quando comparado, por exemplo, com o Civic, principalmente nas zonas "almofadadas" o que é lógico pois, enquanto o HR-V é um Honda da nova geração, o atual Civic já leva alguns anos de mercado e brevemente será substituído.

Falando da montagem de todos os painéis e componente que mais se poderá dizer? É um Honda, e isso diz tudo no que diz respeito a podermos rodar milhares e milhares de quilómetros sem que apareçam os tão incómodos ruídos parasitas.

Ergonomia & Equipamento – Neste Honda existem alguns fatores que me surpreenderam bastante pela positiva fazendo com que se destaque, dos principais rivais. 
O primeiro fator tem a ver com o espaço disponível no habitáculo,dos melhores da sua classe. 

Espaço a rodos seja nos lugares da frente ou lá atrás, onde três passageiros conseguem viajar com um nível de conforto bastante aceitável, tanto no que diz respeito à largura como no espaço disponível para as pernas. 



Neste aspeto, destaca-se de forma notável de um dos seus principais oponentes, o Nissan Juke, sempre mais apertado e até claustrofóbico, quando comparado com o HR-V. 

Interessante é que este Honda, tanto é um grande rival do... Juke e companhia, como do Nissan maior, o Qashqai que é quem domina atualmente o segmento dos SUV compactos. 

Quase que podemos dizer que a Honda criou o seu próprio segmento, intrometendo-se de forma determinada numa luta que até agora era ganha pela Nissan. Aqui, não sendo tão grande como o Qashqai e nem tão peqneno como o Juke, quase que poderemos dizer que o HR-V tem a... medida certa! 



O tablier, puxado à frente, é "abraçado" por uma grande área envidraçada que também contribui para a já referida sensação de estarmos a bordo de um monovolume, rematado por pormenores subtilmente colocados como por exemplo, algumas aplicações cromadas e outras tantas costuras colocadas aqui e acolá e de excelente efeito visual.

Apesar de ter tudo ali à mão como é apanágio nos Honda, levei algum tempo até conseguir conjugar a altura do assento com a distância a que ficava do volante pois, ou estava demasiado alto, demasiado baixo, muito perto do volante ou.. muito longe. Digamos que... tive alguma dificuldade em encontrar a "minha" posição de condução.




Temos de elogiar (mais uma vez!) os "bancos mágicos", sistema criado pela Honda que flexibiliza de forma incrível o espaço disponível para a bagagem, incluindo um alçapão, onde se pode "esconder" alguns pertences mais valiosos (470 litros com os assentos na posição normal até aos 1533 litros com os assentos totalmente rebatidos.).


O painel de instrumentos, com três mostradores, conjuga de forma bastante conseguida informação analógica com digital, proporcionando uma rápida e eficaz leitura, tanto de dia como de noite.
Quando se aciona a função "Eco Assist" o fundo do velocímetro muda de cor, de branco para verde, sempre que praticamos uma condução mais económica.



Já em relação à consola central, se por um lado achei muito interessante e até original o seu design, nomeadamente o "túnel" que existe na parte inferior, já no que diz respeito à sua ergonomia, a colocação da "bateria" de tomadas para carregamento de smartphones, tablets e até uma ficha HDMI, nesse mesmo "túnel", lá bem ao fundo, não lembra mesmo a ninguém! Ligar ali um simples cabo para carregar o telemóvel obriga a que, sejamos contorcionistas de circo para lá chegarmos e que tal seja apenas efetuado com o HR-V parado pois somos obrigados a tirar os olhos da estrada, com os riscos daí inerentes. Sinceramente, não podiam estar em pior lugar!



Felizmente não inventaram no que diz respeito à localização do ecrã tátil de 7 polegadas, bem situado no meio do tablier, garantindo que todos os que viagem a bordo do HR-V, possam visualizar a imensa panóplia de informações que nos é transmitida pelo sistema de infotainment Honda Connect. 
Com base no sistema Android, seja através de "aperto, varrimento ou toque"e tal como acontece com a maioria dos smartphones, temos um fácil e rápido acesso a diversas informações sobre o veículo – conta quilómetros parciais, indicadores de consumos e tempos de viagem, etc – permitindo também que seja efetuada a ligação e sincronização de smartphones e outros dispositivos multimédia (WiFi, Bluetooth, HDMI e Mirror Link) possuindo ainda uma série de aplicações pré-instaladas entre as quais se destaca a "Aha" que oferece acesso fácil e imediato a "resmas" de estações de rádio.



Mas não é tudo pois na versão aqui em teste, a Elegance Connect Navi, através do Honda Connect ainda temos acesso ao sistema de navegação por satélite da Garmin que possui mapas pré-carregados para que seja possível navegar, mesmo em zonas sem receção de dados móveis. 
O sistema inclui também funções em tempo real para evitar congestionamentos de trânsito, alertas de limites de velocidade, indicação da faixa de rodagem, apresentação de sinais de trânsito, etc. 



Quanto ao sistema de som, tanto nesta versão "Elegance" como na mais luxuosa "Executive", somos brindados com 180 w de potência e seis altifalantes. Já na versão base, a Confort, temos também, uns mais que suficientes quatro altifalantes que debitam 160 w de potência sonora.

Ainda em relação ao equipamento desta versão Elegance, temos à nossa disposição o ar condicionado automático com duplo controlo de climatização, Cruise Control, espelhos retrovisores com recolhimento elétrico, sensores de estacionamento à frente e atrás, luzes dianteiras de nevoeiro e acendimento automático das luzes.  

Motor, Consumos  & Segurança – O motor 1.6 i-DTEC que equipa o HR-V, consegue sempre surpreender pela positiva, mantendo-se no topo das melhores motorizações 1,6 litros diesel da atualidade. 



Seja no mais leve e esguio Civic, ou a puxar pelos mais de 1500 kg do enorme CR-V e também agora no novo HR-V, os 120 cv debitados pelo propulsor  "Earth Dreams" – que já cumpre a norma Euro 6 –, chegam e sobram para que a condução deste novo Honda seja sempre agradável e sobretudo eficiente, tanto em circuitos urbanos, como em estrada e autoestrada.
Este motor de 1.597 cc e que apenas é comercializado na Europa, está equipado com um turbocompressor de pequenas dimensões, válvula EGR de baixa pressão (para a recirculação dos gases de escape) e aberturas de admissão de elevado caudal e efeito de remoinho. Possuí agora uma nova cambota de baixo peso e elevada robustez, permitindo uma redução de peso do motor. 



Na cidade, vem ao de cima a resposta sempre pronta, desde baixa rotação e sobretudo a linearidade de funcionamento e capacidade de recuperação, muito graças ao seu excelente binário, com 300 Nm logo ali às 2.000 rpm, proporcionando uma condução serena e com poucas passagens de caixa (seis velocidades) que é tipicamente Honda, rápida q.b. e muito certinha, com aquela pitada de toque "mecânico" que tanto gosto e que é transversal a todos os modelos Honda.



Em estrada, mesmo nas mais sinuosas, a resposta sempre pronta do motor, é bem acompanhado pelo comportamento do chassis. 
No entanto e apesar de adornar menos que o Qashqai, em situações de curva e contra curva fiquei algo confuso com o seu comportamento. Tentando explicar melhor, quase que direi que existe uma  certa desarmonia entre a suspensão dianteira e traseira – MacPherson à frente e barra de torção de formato H atrás. 



Numa condução normal, o HR-V curva de forma certinha, fazendo-nos esquecer que vamos a bordo de um veículo com estas caraterísticas mas, apertando com ele e na tal situação de curva e contra curva, fiquei com a ideia que leva demasiado tempo a recompor-se da primeira curva o que faz com que entre na segunda curva algo desequilibrado, ou seja, numa situação destas a resposta do sistema de amortecimento é algo vagarosa. E foi precisamente aqui que surgiram as minhas dúvidas, ficando sem conseguir descobrir qual dos eixos é mais lento a reagir ao "curva e contra curva": o dianteiro ou o traseiro.



Já em estradas normais e principalmente em autoestradas este Honda faz frente a automóveis de segmentos superiores e até aos "papa-quilómetros". O HR-V surpreende (e de que maneira!) pelo conforto  da suspensão nestas condições e sobretudo pelo silêncio a bordo! 
Notável o cuidadoso trabalho efetuado na insonorização deste automóvel. Debaixo do chassis existem três coberturas que, além de otimizarem os fluxos de ar, aumentando a eficiência no que diz respeito à aerodinâmica, também ajudam a isolar eficazmente o habitáculo dos ruídos exteriores.
O interior das cavas das rodas possui novos materiais insonorizantes e no habitáculo, tanto a alcatifa do piso – de maior espessura –  como as coberturas inferiores e as inserções acústicas do tablier também contribuem para o silêncio a bordo. 

Segundo a Honda, rodando a uma velocidade constante de 100 km/h, o ruído a bordo é de apenas 65 decibéis, um valor sem rivais na classe e ao nível de alguns automóveis "Premium". 

Como já é um "velho" conhecido (é o 5º Honda que conduzimos com este motor!), também não ficámos surpreendidos com os seus excelentes consumos, balizados entre os 5 e os 7 litros, conforme o tipo de condução que efetuamos, ou o trânsito que apanhamos pela frente. 

Se seguirmos as indicações do Eco Assist, é possível ver marcados no computador de bordo, consumos na casa dos 4 litros e picos...



Quanto à segurança, saber que o HR-V está equipado com seis airbags, ABS, Distribuição Eletrónica da Força de Travagem (EBD), Travagem Assistida, Assistência à Estabilidade do Veículo e Assistente de Arranque em Subida, dá-nos toda a confiança, seja em que circunstância for, até mesmo quando efetuamos uma condução, digamos, mais afoita!
  
Não é por acaso que o HR-V, tal como todos os modelos Honda comercializados atualmente na Europa, obteve a classificação máxima de cinco estrelas nos testes de colisão da Euro NCAP. 



Comentário Motor Atual – Elegante, moderno (mas menos futurista que o anterior) e bem equipado, o novo Honda HR-V sobressai sobretudo devido ao imenso espaço disponível no seu interior, tanto para os passageiros como para a bagagem (os bancos mágicos da Honda continuam a surpreender!). No entanto, o que mais surpreende neste automóvel e que mostra que a Honda não "brinca em serviço", é que que o HR-V é muito mais que apenas um SUV da moda. O excelente conforto proporcionado, o silêncio a bordo, juntamente com o mais que elogiado motor 1.6 i-DTEC, fazem dele um excelente companheiro de viagem, ao nível dos melhores automóveis do segmento C, sendo uma excelente alternativa a quem pretende um SUV, mas que está indeciso entre um de maiores dimensões e outro mais compacto. 
Digamos que o Honda HR-V tem a medida certa!

Fatores Positivos:
- Design frontal e o seu ar de "coupé, quando visto de lado. 
- Espaço a bordo.
- Versatilidade dos "Bancos Mágicos Honda".
- Qualidade dos materiais melhorou, quando comparado por exemplo, com o "irmão" Civic.
- Equipamento.
- Conforto a bordo.
- Silêncio a bordo.
- Este propulsor merece continuar a ser elogiado, seja pela suavidade de funcionamento, baixo ruído, prestações ou consumos.
- 5 estrelas no  Euro NCAP.

Fatores negativos:
- Apesar da melhoria em relação aos acabamentos, nas zonas inferiores ainda existem alguns de qualidade inferior.
- Alguma dificuldade em encontrar a posição de condução ideal.
- Consola Central com "túnel" de difícil acesso.
- Lentidão na reação da suspensão quando puxamos mais pelo HR-V. 


Especificações Técnicas
Motor – Diesel, 4 cilindros, 4 válvulas por cilindros.
Cilindrada – 1597 cc.
Potência – 120 cv às 4000 rpm.
Binário – 300 Nm às 2000 rpm.
Transmissão – Caixa manual de 6 velocidades.
Direção – Pinhão e cremalheira.
Suspensão 
Dianteira – MacPherson
Traseira – Barra de torção em H.
Travões
Frente – Discos ventilados de 296 mm.
Trás – Discos de 282 mm.
Performances (dados da marca)
Velocidade máxima – 192 km/h
0/100 km/h – 10,1 seg.
Dimensões
Comprimento – 4.294 mm.
Largura – 2.019 mm (com espelhos das portas).
Altura – 1.605 mm (com antena).
Distância entre eixos – 2.610 mm.
Bagageira – 470 L. (assentos rebatidos -1533 L.).
Depósito de combustível – 50 L.  
Peso – 1.324 kg

Classificação Motor Atual
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(7,5 pontos em 10 possíveis)

Carlos Veiga (2016)

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