Com mais de 10.354 unidades vendidas durante 2016, o Renault Clio é o líder incontestável do mercado automóvel português (o segundo classificado, o Peugeot 208, vendeu menos 4 mil unidades!), liderança que promete continuar pois, a Renault apresentou durante o segundo semestre do ano passado, a nova geração do seu modelo de maior sucesso em Portugal.
Com muitas alterações, tanto ao nível do design, como de equipamento, sobressai naturalmente a introdução de novos propulsores a gasolina e diesel, entre os quais se destaca aquele que equipa o Clio com o nível de equipamento "GT Line" que testámos: o dCi 110.
Design & Acabamentos – Muito já se falou sobre as linhas do Renault Clio, sendo um das mais atrativas do segmento onde se insere e também, em parte, a razão do seu grande sucesso. Por isso mesmo é que, seguindo a velha máxima "em equipa que ganha, não se mexe", a Renault optou apenas por efetuar um "lifting" no Clio, tanto no exterior como no interior.
Em relação ao exterior nota-se um apuramento de linhas, através da nova grelha dianteira, novos para-choques mais desportivos, sobressaindo a nova assinatura luminosa em "C", parte integrante dos novos modelos da marca.
Já no interior, o que se destaca mais em relação ao Clio da anterior geração, que testámos aqui no Motor Atual – além do novo desenho dos assentos revestidos com novos tecidos e agora com maior envolvência e apoio lateral, novo volante e de forma geral, nos apoios de braços, entradas de ar, etc -, é o grande salto qualitativo no que diz respeito à qualidade dos materiais e da sua montagem. Aqui sim podemos dizer que este Clio é totalmente novo e está muito acima (bastante mesmo!) da geração anterior.
Percorremos com a mão o tablier de ponta a ponta, incluindo zonas mais escondidas e o aumento de qualidade é percetível, agora com superfícies mais agradáveis tanto à vista como ao toque. Nada de plásticos rugosos e de toque desagradável, para já não falar em falhas nos acabamentos de alguns dos painéis, com arestas e rebarbas que agora, simplesmente desapareceram.
Felizmente, a Renault deu ouvidos às queixas, não só em relação à qualidade dos plásticos, mas também à fraca montagem do mesmos, mal de que padecia o Clio da geração que agora saiu de cena e que pudemos, aqui comprovar.
No teste efetuado ao Clio TCe 90 da anterior geração, que tinha praticamente os mesmo quilómetros do modelo agora aqui em teste, já era possível ouvir alguns ruídos parasitas, que por certo, iriam aumentar com o acumular de quilómetros.
Durante os dias que tivemos na nossa posse este bonito Clio "azulinho", nunca demos conta de ouvir qualquer ruído parasita, nem mesmo um gemido, um zunido, nada. Tudo muito tranquilo, boa insonorização, mesmo sendo neste caso um propulsor alimentado a gasóleo, o que demonstra o excelente trabalho da Renault que assim soube acabar, com aquele, que provavelmente, seria o fator menos abonatório (e onde estava uns passos atrás em relação a alguns rivais diretos!) do seu ponta de lança.
Ergonomia & Equipamento – Já lá vai o tempo em que ter um automóvel utilitário, segmento onde o Clio está inserido, significava possuir um automóvel limitado, tanto no que diz respeito ao espaço para os seus ocupantes como em relação ao equipamento e às performances.
Os tempos mudaram e ainda bem que assim é pois, tendo como exemplo este Renault Clio GT Line, apesar de caberem cinco, o ideal são quatro adultos que viajarão confortavelmente instalados sem apertos, mesmo no assento traseiro.
Os assentos dianteiros desta versão, além de confortáveis, possuem um bom apoio lateral. Único contra, por serem bastante volumosos, ocupam bastante espaço, o que, de alguma forma, vem dificultar o acesso aos manipúlos de regulação da posição de condução, situados nas laterais.
No entanto e curiosamente e vá se lá saber porquê, senti mais dificuldade em "meter" as mãos nas laterais dos assentos do Mégane, que é um automóvel com um habitáculo bastante maior, do que no Clio.
A posição de condução ideal rapidamente é encontrada e temos tudo ali à mão de semear, não sendo necessário grande tempo de adaptação, até no manuseamento do R-Link, mas já lá iremos.
A visibilidade também é boa, tanto para a frente como para os lados. Devido às reduzidas dimensões do óculo traseiro – concessões ao design – a visibilidade traseira é medíocre e por isso mesmo, a câmara traseira é um daqueles equipamentos que são obrigatórios, neste automóvel e que facilita e muito, a vida aos condutores que não são, digamos, muito dados a estacionarem em lugares mais apertados. Com a câmara traseira – localizada no interior do "losango", estacionar o Renault Clio, é uma brincadeira de crianças!
E já que estamos a falar do equipamento, podemos prosseguir com o Rlink Evolution, a evolução lógica do sistema sistema multimédia da Renault que tem como base um “tablet” integrado na consola central, com um ecrã de 7 polegadas, personalizável e que integra as funções de Navegação TomTom® (complementada por informações de trânsito em tempo real), função Bluetooth e 3G, reconhecimento de voz, visualização de fotografias ou vídeos (com o automóvel parado), Renault R-LINK Store (acesso a um variado catálogo de aplicações) e gestão de novos sistemas de ajudas à condução.
Destaque também para a função Driving Eco2, que fornece ao condutor informações sobre o seu tipo de condução e conselhos para otimizar o consumo.
Mas não é tudo, pois a lista de equipamento deste Renault Clio dCi GT Line é bastante extensa:
- Regulador e limitador de velocidade.
- Sistema de ajuda ao arranque em subida.
- ESP e ASR.
- Sistema de controlo da pressão dos pneus.
- Modo Eco.
- Sensores de ajuda ao estacionamento na frente e traseira e câmara de marcha a trás.
- Ar condicionado automático.
- “Cartão mãos-livres”.
- Retrovisores exteriores elétricos com função de desembaciamento.
- Stop-Start.
- Pack R-Link.
Motor & Condução - E chegámos à “cereja no topo do bolo”, deste novo Clio: a adição do conhecido motor dCi 110 que equipa quase todos os modelos da Renault, como alguns da Nissan, graças à Aliança existente entre estes dois construtores, com os excelentes resultados que todos conhecemos.
Assim, temos ao nosso dispor, um propulsor com provas mais do que dadas, tanto ao nível da fiabilidade – praticamente à prova de bala! - como em relação às performances e consumos, algo que é exponenciado num automóvel de menores dimensões e peso (+/- 1200 kg conforme a versão), quando comparado com os outros modelos que utilizam este mesmo propulsor.
E isso significa o quê?
Que o Clio, ganha uma nova vitalidade graças, não só ao seu baixo peso, mas principalmente aos 110 cv (às 4000 rpm) de potência e aos 260 Nm de binário (ás 1750 rpm) que este propulsor debita, proporcionando performances muito interessantes e acima de tudo uma condução confortável e segura em todas as situações, principalmente naqueles momentos de apuros, como por exemplo uma ultrapassagem mal calculada, em que aquele “niquinho” de potência extra faz toda a diferença e essa diferença pode ser aquela em que podemos dizer, “ufa, foi por pouco!” ou outros a dizerem: “já foste”!
Mas, é aqui que vocês perguntam: “terá o Clio, “corpo” para digerir o aumento de potência e performances proporcionados pelos 1461 cc deste motor? Sem dúvida!
Não, não é o RS Trophy (que esperamos vir a testar brevemente), mas o trinómio chassis/suspensão/pneus, consegue digerir muito bem os 110 cv em todas as situações mesmo até quando temos pela frente aquele troço de estrada preferido e aqui a caixa de seis velocidades dá uma ajuda, sendo muito certinha, menos quando queremos engrenar a sexta velocidade que obriga a que tenhamos em atenção o facto de termos de encostar bem a manete ao lado direito, senão... lá vem a quarta em vez da sexta velocidade! Tudo uma questão de hábito e que em nada estraga o seu manuseamento.
E é chegada a altura, de falarmos nos consumos proporcionados pelo dCi 110, durante este teste.
Assim, durante o tempo em que tivemos o “azulinho” connosco, o seu consumo ficou balizado entre os 4,3 litros aos cem em estrada (não, não fui eu que consegui fazer este consumo fantástico, mas sim a minha mulher!) e os 7,3 litros (sim, este fui eu, não se nota logo?), terminando este teste com uma excelente média real de apenas 5.8 litros!
Muito bom!
Comentário Motor Atual – Depois deste teste, apenas uma certeza: o Clio está muito melhor!
Alguns poderão achar que os 23.150 € pedidos pelo Clio dCi 110 GT Line, até poderá ser um valor algo excessivo mas vão por mim, este Renault vale bem este valor.
Melhores materiais e montagem mais cuidada – acabaram-se os ruídos parasitas! - mais equipamento e imagem renovada que agrada bastante, fazem parte da nova geração do Renault Clio, versão “GT Line”.
A somar a isto tudo, temos a adição do motor dCi 110, o que se traduz num comportamento que apenas encontramos em modelos do segmento superior o que irá agradar bastante aos futuros proprietários desta nova geração do modelo mais vendido da Renault, o que por certo continuará a ser, por muito tempo.
Ainda está indeciso? E se lhe disser que este automóvel dispõe ainda da garantia de 5 anos, à semelhança de todos os modelos de passageiros da Renault.
Bem me parecia que ficou convencido!
Especificações Técnicas
Motor – 4 cilindros em linha.
Cilindrada – 1461 cc.
Potência – 110 cv às 4000 rpm.
Binário – 260 Nm às 1750 rpm.
Alimentação – Injeção direta, Common Rail, Turbo.
Transmissão – Dianteira, caixa manual de seis velocidade.
Pneus – 205/45 R17 88V
Depósito combustível – 45 litros.
Peso – 1205 kg
Performances*
0-100 km/h – 11,2 seg.
Velocidade máxima – 194 km/h
*Dados do fabricante.
Carlos Veiga (2017)
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