1 de setembro de 2017

Honda Civic 5P 1.0 i-VTEC Turbo Executive Premium

O REGRESSO DO SAMURAI!



Introdução – É ponto assente que ninguém fica indiferente perante um Honda Civic: "ou se ama, ou se odeia"! 
Com o lançamento da décima geração do Civic, a Honda não pretendeu alterar nada daquilo que tem sido, provavelmente, uma das principais razões do sucesso do seu modelo de maior sucesso em toda a sua história. Prova disso é o facto de, em 70 anos de existência da marca, nenhum outro modelo da Honda ter recebido tão grande investimento quando chegou a altura de ser renovado!

Reparem no seguinte: alguém confunde um Civic com outro automóvel qualquer?

Ainda melhor: alguém confunde um Civic, com qualquer outro modelo da Honda?

Pois é... a resposta é sempre a mesma: Não!

Sinceramente, estou farto de automóveis que, por muitos bons que sejam, são quase cópias de outros modelos da mesma marca! Exemplos? Querem por ordem alfabética, ou tanto faz? Assim de repente... Audi, BMW, Mercedes, Land Rover e tantas outras grandes marcas, mas cujos automóveis causam em mim dois sentimentos: o primeiro de sonolência pois, eles bem dizem que são novos modelos, mas no que diz respeito à estética, é mais do mesmo. O segundo sentimento é o de perplexidade pois, por serem tão iguais ficamos na dúvida se estamos perante um modelo do segmento B, C ou até mesmo D, tantas são as semelhanças entre eles. Quem é que nunca confundiu um A4 com um A6? Ou um Série 3 com um Série 5? Ou até mesmo um Classe C com um S?  

Mas um Civic é um Civic, sem dúvida alguma! Ninguém confunde um Civic com um Jazz, ou vice-versa!

E o que me dizem da traseira do anterior Civic, que tanta controvérsia causou por ser... diferente? No entanto, outra marca japonesa, a Toyota, apresentou um modelo novo, o CH-R, rival do Honda HR-V, cuja traseira, mais concretamente os farolins são uma cópia quase perfeita da traseira do Civic que agora sai de cena. 

Coincidência? Pois...



Design & Acabamentos – Durante a semana em que o novo Civic esteve na minha posse e como faço sempre, fiz questão de ouvir os comentários, tanto de pessoas amigas como de pessoas com quem me fui cruzando nas ruas e se manifestaram curiosas em relação a este automóvel. E, tal como era esperado, as opiniões divergiram. Se, para muitos foi "amor à primeira vista", ficando verdadeiramente apaixonados pelas linhas desportivas, modernas e originais deste Civic, já outros, digamos que, simplesmente detestaram. 
E também houve aqueles que gostando, acharam que, os designers abusaram um pouco dos "cantos e recantos, recantos e recortes", com muitos "giroflés", como me disse um amigo, seja lá o que isso for!



Para começar e tenho já de referir isto, a cor da unidade aqui em teste – Azul Brilliant Sporty Metalizado – é simplesmente, fabuloso! 
Depois, percebemos imediatamente que o Civic cresceu... e muito: 30 mm mais largo, 136 mm mais comprido e 20 mm mais baixo que o modelo anterior. Bastam estas diferenças no que diz respeito às suas dimensões para alterar por completo a sua imponência tanto parado como, principalmente, em andamento, mais parecendo um automóvel do segmento superior. 
Claro que a principal razão de tamanha diferença, quando comparado com o Civic que agora cessa funções e que, de repente, "envelheceu", tem mais a ver com a ousadia das suas linhas e aqui, uma vez mais, a Honda não se deixou levar por tendências ou modas, daquelas que todos seguem em "filinha pirilau", mesmo que não se goste, mas como os outros gostam, juntamo-nos ao rebanho, apenas para não sermos diferente! 
Todavia, sou diferente, somos diferentes e a Honda é uma das poucas marcas que ainda consegue marcar essa diferença. E ainda bem que assim é, pois o resultado está à vista!



O novo Civic desmarca-se do "rebanho", sem ser demasiado exótico ou excêntrico. Ok, também não é bem assim, pois tem aqui e ali alguns "giroflés!", que digamos, até passavámos bem sem eles, mas... já não seria a mesma coisa. Além de que o novo Honda é um daqueles raros automóveis do qual não enjoaremos facilmente, pois olhado seja de que ângulo for, encontramos sempre algum pormenor do tipo "giróflé"que nas outras vezes passou despercebido.

Nem todos vão gostar dele, mas eu gosto e muito! 

Reparem na miscelânea que é o seu design... Consegue ser ao mesmo tempo imponente (ao gosto do consumidor norte-americano), desportivo (ao gosto do "piloto" que existe em todos os condutores europeus), sem perder aquela pitada de "giroflés", tão ao gosto dos condutores asiáticos. E não é que, finalmente, descobri o que era um automóvel com "giroflés"? O meu amigo tinha razão, pois alguns apontamentos no design deste Civic, reportam mais aos gostos dos asiáticos, mas confesso, até gosto quando não são em excesso. 



As linhas das laterais da carroçaria culminam na perfeição com o perfil esguio e acutilante das óticas dianteiras que são "abraçadas" pela grelha frontal, num espetacular efeito de "mascarilha", compondo o "ramalhete" as luzes LED de dia, colocadas na zona exterior de cada ótica. 



Tanto na dianteira, como na traseira, as "bochechas" (falsas entradas de ar), são o acréscimo "giroflé" da agressividade física que o Civic nos transmite.



Já a traseira, apesar de continuar a ser pouco convencional, quando comparada com os seus concorrentes, consegue não ser tão controversa  como no modelo anterior, destacando-se os farolins traseiros de generosas dimensões ligados por um spoiler "flutuante", onde vamos encontrar as luzes do "terceiro stop", que parece dividir o vidro em duas partes. Mais acima está outro spoiler, mais pequeno, e ainda acima deste, já no tejadilho, vamos encontrar a antena do rádio "barbatana de tubarão". 

Mas não se pense que o design original e os "giroflés", estão ali apenas por estar. Nada mais errado! 
A equipa que desenvolveu este novo Honda procurou alcançar com o design desta nova carroçaria, o melhor equilíbrio entre o menor arrastamento aerodinâmico e uma maior estabilidade a alta velocidade, pois não nos podemos esquecer que este Civic foi desenvolvido tendo em conta a versão Type R, um foguetão de 320 cv, com tudo o que tanta potência implica. 

No que diz respeito à qualidade dos materiais usados e à sua montagem, também aqui se nota um claro avanço em relação ao Civic "antigo". Não que este fosse, mau, só que o novo é ainda melhor, apesar de... ainda encontrarmos nas zonas inferiores das portas e também do tablier, alguns plásticos que destoam claramente da qualidade superior dos que são usados restantes zonas, de onde se destaca a zona superior, toda almofadada, transmitindo aquele toque "Premium", que tanto nos agrada. Só que, e tal como é apanágio na Honda e no geral, na maioria dos construtores japoneses, o cuidado posto na montagem deste automóvel faz com que quase não notemos a inferior qualidade dos citados paíneis plásticos, apesar de serem bastante suscetíveis a ficarem riscados com alguma facilidade.
Também como é normal num Honda, os ruídos parasitas estarão longe do seu habitáculo, durante muitos e muitos quilómetros.

Ergonomia & Equipamento – Está mais baixo, mas também bastante mais espaçoso. É o que se nota imediatamente, quando nos sentamos ao volante da décima geração do Civic. 



A posição de condução está agora mais baixa 35 mm o que nos coloca mais integrados no automóvel sem que, a visibilidade para o exterior diminua, pois também a própria altura do capot do motor diminuiu em cerca de 65 mm, tal como a espessura dos pilares A – menos 12 mm - , melhorando consideravelmente a visibilidade para a frente. 

Também os assentos são agora mais ergonómicos, contando os da frente com maior amplitude – 10 mm – no que diz respeito ao ajuste para a frente e para trás e em altura. 

Já nos lugares traseiros o espaço para os ombros cresceu 20 mm, existindo também mais espaço para as pernas e para os joelhos – 95 mm e 45 mm, respetivamente. 

A bagageira oferece-nos uns muito respeitáveis 478 litros de espaço de arrumação e piso plano. Infelizmente perderam-se os "assentos mágicos", mas manteve-se a versatilidade com o rebatimento dos assentos traseiros (60/40), aumentando assim a capacidade de carga para uns, muitos generosos, 1267 litros.
Apesar de original, o novo sistema de arrumação da cobertura da bagageira nada trás de novo no que diz respeito à versatilidade quando comparados com os sistemas tradicionais.

Em relação ao equipamento, principalmente no Civic aqui em teste, na versão de topo Executive Premium, posso dizer que nada falta. 
Aliás, agora falando de uma forma geral, todas as marcas atafulham, cada vez mais os seus modelos, com tudo o que é gadget, sabendo que isso funciona de forma perfeita como chamariz, mesmo que muito desse equipamento apenas servirá para mostrar aos amigos, pois no dia-a-dia, muito raramente ou mesmo nunca, será utilizado e na maior parte das vezes será mesmo desligado. Mas é o que o mercado pede e as marcas têm de acompanhar as tendências porque senão correm o risco de ficarem para trás e serem consideradas marcas obsoletas, por muita qualidade que tenham os seus automóveis.



Num aparte, também vos digo que pessoalmente, desligo alguns destes sistemas (quando podem ser desligados, como é óbvio) porque me irrita solenemente ir a conduzir e ser constantemente bombardeado com apitos e sininhos a tocarem, apenas porque mudei de faixa ou deixei descair um bocadinho o carro. Mas isto sou eu e neste caso, aconselho a que não olhem para o que eu faço e sim para o que digo pois estes apitos e sininhos estão lá para ajudar o condutor. Nisto sou um mau exemplo.  



Voltando ao Honda e como já referi, nada falta. Começando pelo exterior, a iluminação é totalmente LED, o que faz da noite, dia, tal é a qualidade de iluminação deste Honda. Muito Bom! 



Também as jantes de 17 polegadas, possuem um desenho exclusivo, calçadas com uns excelente Michelin Primacy 3, nas medidas 235/45R17 que contribuem de forma eficaz para o comportamento em estrada do Civic, como analisaremos mais à frente.



No interior desapareceu o original painel de instrumentos tipo "nave espacial" que eu tanto gostava e que apenas pecava pela dificuldade de leitura do velocímetro digital. No seu lugar, está agora colocado um novo painel de instrumentos, totalmente digital mas mais sóbrio, mais "normal". Digamos que senti saudades do painel da geração anterior... mas gostos são gostos e o novo, no que diz respeito à ergonomia, vence o anterior por grande margem. 



O condutor tem à sua frente um painel de instrumentos dividido em três partes, sendo a do meio, de maiores dimensões, aquela que "carrega" mais informação.

Assim se do lado esquerdo o que se destaca é o indicador da temperatura do motor e do lado oposto o indicador do combustível, no meio temos em grande destaque, o conta rotações rodeado de diversas luzes de informação. 
No centro do conta rotações, também ele de grandes dimensões,está situado o velocímetro e, abaixo deste, é disponibilizada toda a informação referente ao Civic, tais como as notificações do sistema inteligente de monitorização da manutenção do veículo, como: o sistema de navegação, informações sobre a viagem, contactos do smartphone (quando ligado via Bluetooth), rádio, etc. E são precisamente estas informações e muitas outras que também poderemos consultar no novo ecrã IPS "touch" de sete polegadas que encontramos no topo da consola central, ergonomicamente bem colocado, facilitando o seu manuseamento, tanto pelo condutor como por quem se senta ao lado deste e que dá acesso ao Sistema Honda Connect  totalmente compatível com os smartphones Android ou Apple.


Novidade é a tecnologia usada no ecrã de sete polegadas, o  In-Place Switching (IPS) que oferece, além de uma qualidade de imagem superior e visualização mais nítida, permite uma total consistência nas cores e ângulos de visualização bastante mais amplos do que os ecrãs LCD convencionais – até 178 graus – assegurando que, tanto o condutor como os passageiros, consigam ler os conteúdos ali apresentados, sem terem de alterar a sua posição ou forma como se encontram sentados.

Equipado com um novo processador Nvidia Tegra2 Quad Core, o Sistema Honda Connect oferece uma míriade de opções e acessos às mais variadas aplicações, embora o acesso a algumas funcionalidades não seja das mais fáceis. Neste caso, o melhor mesmo, tal como eu fiz enquanto não estive suficientemente familiarizado com o sistema, é encostar o Civic e procurarmos o que pretendemos em vez de fazê-lo enquanto conduzimos, o que acarreta sempre algum perigo, pois desviamos a nossa atenção da condução para o ecrã central.



Pela primeira vez, o sistema Honda Connect permite a regulação do sistema de controlo da climatização – o que significa menor quantidade de botões na consola central –, além das já habituais informações sobre o veículo (conta quilómetros parciais, indicadores de consumo, etc.) incluindo as imagens obtidas pela câmara traseira multiangular que oferece diversas opções de visualização, desde a normal de 130 graus, alargada de 180 graus e a visualização da parte de cima do carro. 



A versão aqui em teste estava também equipada com sistema GPS da Garmin, com mapas pré-carregados, sendo as atualizações dos mapas gratuitas durante 5 anos, uma oferta exclusiva da Honda.

Novidade de extrema importância é o sistema Honda Sensing que transforma este Civic, no mais seguro de sempre e um dos automóveis mais seguros da sua classe e até mesmo de classes superiores. 

E o que é o Honda Sensing, perguntam vocês? 

É um conjunto de sistemas de segurança ativa e de assistência que permitiu ao Civic atingir com relativa facilidade a classificação de 5 estrelas nos testes da Euro NCAP, dando ainda mais ênfase à filosofia de "Segurança para Todos" da marca nipónica e que brevemente será abrangente a todos os seus modelos.

O pack Honda SENSING de tecnologias ativas de condução inclui:

- Sistema de Travagem Atenuante de Colisões: ajuda a imobilizar o carro se o sistema determinar que é inevitável uma colisão com um veículo detetado. Faz soar um alarme e aplica os travões de forma automática, se necessário.

- Avisador de Colisão à Frente: monitoriza a estrada à frente e alerta o condutor quanto a uma eventual colisão, através de alertas visuais e acústicos.

- Avisador de Saída de Faixa: deteta se o carro se desvia para fora da faixa de rodagem atual sem o condutor acionar os piscas de direção e oferece um alerta imediato para o condutor corrigir a trajetória.

- Sistema Atenuante de Saída de Estrada: usa a câmara montada no pára-brisas para detetar se o veículo está a sair da estrada. Este sistema usa o sistema EPS de direção elétrica para aplicar correções subtis na direção, de forma a manter o veículo na sua faixa de rodagem e, em
determinadas situações, também pode aplicar força de travagem. O sistema desativa-se quando detetar que o condutor retomou o controlo da situação.

- Sistema de Assistência à Manutenção na Faixa de Rodagem: ajuda a manter o carro no centro da sua faixa de rodagem, através da deteção das marcações da estrada, introduzindo pequenas correções na direção do veículo.

- Controlo da Velocidade de Cruzeiro Adaptável: permite ao condutor definir a velocidade pretendida e a distância de seguimento em relação ao veículo da frente.

- Reconhecimento de Sinalização de Trânsito: deteta e reconhece automaticamente os sinais de trânsito da estrada e apresenta-os no painel de instrumentos do veículo.

- Limitador Inteligente da Velocidade: combina o limite automático da velocidade definido pelo condutor com o sistema de Reconhecimento de sinalização de Trânsito, ajustando automaticamente a velocidade do veículo em relação ao indicado pelo último sinal de trânsito.

- Controlo Inteligente da Velocidade de Cruzeiro Adaptável: o sistema  prevê e reage automaticamente caso outros veículos mudem subitamente de faixa de rodagem, à frente do seu veículo, ajustando automaticamente a velocidade antes de outro veículo se intrometer à sua frente.



No Civic aqui em teste, versão Executive Premium, temos ainda acesso a outros sistemas de segurança, tais como: a Informação de Ângulo Morto, Monitor de Trânsito Lateral Cruzado, Sistema de Assistência à Estabilidade do veículo e o Sistema de Monitorização da Pressão dos Pneus. 

Motor & Chassis – Comecemos pelo chassis e é aqui que surgem grandes diferenças para o modelo anterior. 



Quando foi iniciado este projeto, do novo Civic, no caderno de encargos estava uma indicação muito especial! Este chassis teria de ser feito de raiz a contar já com uma versão super desportiva do mesmo, neste caso, o Type R. E o que é que isso significa? Significa que, tendo sido este chassis projetado para, não só suportar a potência de um motor com 300 cv, mas também ter um comportamento de referência, seja em estrada ou em pista, como é óbvio, estamos perante um dos melhores chassis da atualidade e sem dúvida alguma, o melhor no que diz respeito a veículos de tração dianteira. Isso nota-se muito bem quando conduzimos o Civic aqui em teste, equipado com o motor de 3 cilindros e 1000 cc de cilindrada pois sentimos bem que é muito chassis para "coração tão pequeno", o que nos dá uma garantia extra de segurança, quando andamos nos limites. Mas sobre o comportamento em estrada, já lá iremos.
Assim, estamos perante um chassis que é mais leve 16 kg. 



Novas travessas de reforço na parte frontal do motor e entre os pilares A e B, maior quantidade de aço estampado (mais 12%), pontos de soldadura mais perto uns dos outros e novos processos de fabrico e montagem fazem com que, no final, tenhamos um chassis a todos os níveis notáveis com 65 % na rigidez global à flexão e mais 41 % de rigidez à torção. 
Se a isto juntarmos as suspensões, na dianteira MacPherson com braços inferiores e sobretudo a nova suspensão de braços múltiplos e nas versões de topo, como a que aqui estamos a analisar, que inclui o sistema de suspensão adaptável (introduzido na Civic Tourer em 2014), que permite ao condutor escolher entre dois modos de amortecimento – o primeiro que dá prioridade ao conforto e o segundo, mais reativo, para uma condução mais apressada e... mais divertida –, então, temos a certeza que o novo Honda Civic, está no topo da sua classe no que diz respeito ao seu comportamento e facilidade de condução. 



Falando agora sobre o novo propulsor, vou já esclarecer o seguinte, para que não hajam dúvidas: a Honda está a ser muito "otimista", quando diz que este novo motor de 998 cc se equipara ao antigo 1.8 litros. Ok, eu percebo, são questões de marketing mas... acho que, como já disse é ser demasiado otimista. Este motor equipara-se a um, muito bom, 1400 cc ou até mesmo a um 1500! E afirmar isto em nada afeta o que se possa dizer sobre este novo propulsor, a não ser que continuo espantado com o avanço da tecnologia e com tudo aquilo que os engenheiros têm conseguido fazer com os motores alimentados a gasolina, quando já era dada quase como certa, a sua extinção. E este motor da Honda é o melhor exemplo disso! 



Como é que uma "coisa tão pequena", tão repleta de tecnologia, é capaz de performances capazes de pôr em sentido os mais matulões 4 cilindros de 1.4 e 1.5 de cilindrada?
O facto é que consegue e muito bem! Para começar e para perceberem que este não é apenas mais um três cilindros, podemos dizer que descende diretamente do fantástico 2.0 litros de 310 cv que foi estreado em 2015, no Civic Type R e partilha de algumas tecnologias de intensificação da potência e da eficiência  provenientes do departamento de competição da Honda.
Está equipado com um sistema de injeção direta, um compacto turbocompressor em espiral e de baixa inércia, uma válvula eletrónica wastegate e duplo controlo variável da distribuição (dual VTC), superando a norma ambiental Euro 6, o que o coloca entre os líderes do segmento.
O bloco do motor é em alumínio fundido e com tampas reforçadas nos apoios principais. 
As camisas dos cilindros são de ferro fundido, assegurando uma maior durabilidade. 
Outra grande vantagem é o facto de estar equipado, não com a tradicional correia de distribuição, mas sim por uma, mais silenciosa corrente de metal que não possui qualquer tipo de manutenção e segundo a marca, dura toda a vida útil do motor! 



Curioso também é o facto da cabeça do motor usar velas de ignição M12 mais pequenas (tipo moto), em vez das mais comuns M14, para poupar espaço e peso.

Também o acelerador é novo pois, o acelerador convencional por cabo foi substituído por um moderno sistema de acelerador eletrónico "drive-by-wire", resultando numa resposta bastante mais rápida e linear do motor, sempre que carregamos no pedal. 

A caixa manual de seis velocidades (existe versão equipada com caixa automática CVT) foi também ela modificada e preparada para interagir da melhor forma com estes novos propulsores VTEC Turbo.

Na Estrada – Finalmente o que realmente interessa para o condutor comum ou aqueles menos dados a estas coisas esquisitas da mecânica: como se comporta realmente o novo Honda Civic em andamento? Ok, lembram-se do anterior Civic? Bom... digamos que não tem nada a ver!



Este Civic é um automóvel totalmente novo e isso sente-se em tudo. Quase que podemos dizer que a única coisa que une o modelo anterior e este é o nome e o símbolo da marca! E é verdade, pois desde que entramos e nos sentamos, que constatamos que estamos perante um automóvel totalmente diferente e muito melhor. Atenção, não é que o anterior fosse mau, pois não era e até era um dos meus preferidos, no entanto, este... é outra coisa!
Mais confortável em qualquer situação, seja em piso tipo veludo ou com crateras iguais às que existem na lua, o pisar deste Honda é uma nova realidade entre os modelos da marca nipónica e está perfeitamente ao nível dos tão elogiados automóveis alemães (Golf, A3, etc).

Nova surpresa, um toque do botão do start e... onde está o tradicional trabalhar "coxo" de um motor de apenas 3 cilindros? Nada! Ao ralenti parece um silencioso 4 cilindros normal o que mais valoriza o trabalho dos técnicos japoneses. 



Numa condução absolutamente normal, quem não saiba que debaixo do capot "falta um cilindro" também nunca vai ficar a saber. 
Aliás, para ser totalmente honesto, retifico o que disse atrás: existe apenas uma situação em que se nota que falta ali qualquer coisa. Quando precisamos de arrancar numa subida mais pronunciada ou rampa. Aqui é bastante notório que temos de "dar mais ao pedal", para fazer mover o Civic e chega até nós, vindo do compartimento do motor um "ronco" algo diferente e mais esforçado daquele que é produzido por um "four cylinder engine", na mesma situação. Mas atenção, isto em nada prejudica o andamento e ficamos sempre espantados como este "mil turbo", consegue locomover-se de forma tão lesta, este automóvel que de pequeno não tem nada!



Não consegui, nem de perto e nem de longe, efetuar os consumos indicados pela marca, o que estranhei, pois normalmente estes costumam até ser bastante sinceros, quando comparados com outras marcas que apresentam valores verdadeiramente irrealistas. 



Assim, se em cidade a marca indica 6,1 litros, em várias medições que efetuei, não conseguir fazer menos de 7,6 litros.



Já o melhor valor que consegui – 6,7 Litros – foi numa viagem efetuada entre Lisboa e Évora, conduzindo como se tivesse um ovo entre o pé e o acelerador. Aqui a marca indica 4,1 litros...



Levando os 129 cv ao limite, consumos na casa dos 10 litros, estão garantidos. Sinceramente... esperava melhores consumos, tanto em estrada como em cidade! 

E como já referi, como este chassis foi projetado a contar com outras "guerras", o seu comportamento em curvas é muito bom, acima das capacidades deste motor, o que nos deixa com água na boca de como se comportará este Honda Civic equipado com o mais potente 1,5 litros de 4 cilindros e 182 cv ou então, já completamente babado e ansioso pela chegada do, fantástico Type R, com "apenas" 320 cv!



"Hello" Sózó (Joana Lopes), podemos já fazer a marcação dos próximos teste-drives?

Fatores Positivos:
- Design moderno e bastante mais consensual que a geração anterior.
- Qualidade da montagem e acabamentos;
- Melhoria na qualidade da maioria dos componentes plásticos;
- Posição de condução;
- Conforto a bordo;
- Nível de equipamento de topo;
- Pack de segurança Honda Sensing;
- Dimensões da bagageira (apesar de ter perdido os "bancos mágicos";
- Motor de três cilindros que mais parece ter quatro! Rápida subida de rotações, boas recuperações e excelentes performances para as dimensões e cilindrada;
- Pisar sólido e silêncio a bordo.

Fatores Negativos:
- Qualidade melhorável de alguns plásticos das zonas inferiores das portas e tablier;
- Alguma dificuldade em aceder a certas funcionalidades do Sistema Honda Connect;
- Consumos.


Especificações Técnicas
Motor – 3 cilindros, 4 válvulas por cilindros, refrigeração líquida;
Cilindrada – 998 cc
Potência – 129 cv às 5,500 rpm
Binário – 200 Nm às 2,250 rpm
Alimentação – Injeção direta. Turbo com Intercooler e sistema VTEC
Transmissão – Dianteira. Caixa manual de seis velocidades
Suspensões
Dianteira – Sistema MacPherson
Traseira – Braços multíplos com Controlo Adaptável do Amortecimento
Travões – Discos Ventilados de 15 polegadas
Pneus – 235/45 R17
Dimensões
Comprimento – 4,518 mm
Largura – 2,76 mm (incluindo espelhos retrovisores exteriores
Altura – 1,434 mm
Distância entre eixos – 2,697 mm
Bagageira – 492 Litros (1209 litros, com bancos rebaixados)
Depósito Combustível – 47 litros
Cores disponíveis – Preto Crystal Black, Cinzento Sonic Grey, Branco White Orchid, Cinzento Lunar Silver, Cinzento Polished Metal, Azul Brilliant Sporty Blue e Vermelho Rally
Preço da modelo testado – 29.730.00 €

Classificação Motor Atual
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(oito pontos em dez possíveis)

Carlos Veiga (2017)

1 comentário:

  1. Bom dia, eu tive a infelicidade de comprar a viatura que vocês testaram como viatura de serviço Honda e resultado, motor e turbo novos, felizmente ainda esta em garantia, os testes feitos ao carro prvavelmente ditaram a morte prematura do motor...

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