Introdução - Nunca os últimos dias de trabalho, antes de iniciar mais um "Five dias de Vacances", pareceram tão longos! Mas eis que, finalmente, chega o primeiro dia de "Vacances"!
Sendo este o terceiro "FVD" – no ano passado, devido a problemas de falta "t€mpo" não houve "FVD" (sim, é tudo à minha custa!); o primeiro, em 2016 foi feito com a Honda Africa Twin DCT e em 2017, foi com a minha querida moto, a Yamaha XJ900 Diversion –, pensei que teria toda a lógica que a moto escolhida, fosse, digamos, diferente.
E era precisamente por querer algo diferente que estava com muitas dúvidas sobre qual seria a moto para o "FDV" deste ano pois, essencialmente, teria de ser uma moto "fora do baralho"!
Aliás, até vos posso dizer mais: já tinha tudo combinado com a Honda e a máquina até já estava escolhida e seria a Forza 300, moto que será a próxima a ser testada aqui no Motor Atual.
Só que e como queria realmente uma "coisa" diferente, mudança de planos, troca de emails com o Carlos Cerqueira (obrigado pela paciência em aturar-me!) e no dia combinado, lá esperava por mim nas instalações da Honda, na Belomoura, uma X_ADV praticamente "virgem" pois, apenas tinha rodado 116 quilómetros!
Para ser totalmente honesto, tenho de fazer uma confissão: a X-ADV, não era uma das minhas motos preferidas. Para mim, digamos que... nem era carne e nem era peixe! Não é uma scooter, não é uma moto de estrada e também não é uma trail.
Visualmente, achava-a interessante, exótica e com aspeto de aventureira, mas apenas isso.
Ainda por cima, de frente, parece uma ... Iveco Daily! Não dá para negar pois as parecenças são mais do que óbvias. Será mera coincidência, a X-ADV ser uma ideia... do departamento técnico da Honda em Itália?
E a pergunta que me vinha à cabeça sempre que via uma X-ADV na rua ou exposta num concessionário da marca, era: para que raio serve uma moto destas?
E aqui posso dizer-vos duas coisas: primeiro que a Honda percebe à brava da "fruta", tal como iremos ver ao longo destes "FDV" e segundo, a célebre frase "Primeiro estranha-se mas depois entranha-se" escrita por Fernando Pessoa – considerado por muitos, o mais universal dos poetas portugueses –, parece ter sido escrita para a Honda X-ADV e não para a Coca-Cola!
Mas que moto é a Honda X-ADV? E sobretudo, estará ela à altura do "FVD"? Se continuarem a ler, terão todas as respostas...
Dia 1 – Beloura / Linda-a-Velha / Leiria / Coimbra / Vila Nova de Poiares/ Góis / Arganil.
Depois de levantar a X-ADV na Honda Motor e nos primeiros quilómetros que efetuei até Linda-a-Velha (para ir buscar o saco de viagem), deu para perceber que o motor estava, como é lógico, muito preso e que, apesar dos seus 238 kg de peso (em ordem de marcha), estes não se fazem sentir.
E também que tinha de subir o para-brisa para uma posição mais elevada – o que é feito manualmente, mas que aconselho a que seja efetuado com a moto parada – para melhor proteção contra o muito vento que se fazia sentir, vento esse que me iria acompanhar durante todo o dia.
Rapidamente engoli o almoço e mais rapidamente ainda, agarrei no saco de viagem, na máquina fotográfica e no portátil e galguei escadas abaixo (nem quis esperar pelo elevador!) para começar o quanto antes o "FDV".
Mas, mas... onde meto a tralha que habitualmente levo em viagem? Debaixo do assento, cabe à "rasquinha" um capacete – e não pode ser de um cabeçudo como eu! –, não tem "porta-couves" e quando tentei montar na X-ADV os alforges que habitualmente uso na minha moto, também não deu porque do lado direito, a ponteira de escape está numa posição elevada.
Assim, foi como nos bons velhos tempos, onde não existiam motos/scooters com autenticas bagageiras, malas caríssimas e espaços de arrumação: saco de viagem e mala do portátil colocados no lugar do passageiro, uma rede e dois esticadores depois e... estava pronto a arrancar!
Ah, é verdade, o estojo do equipamento fotográfico foi à tiracolo, apoiado atrás. Por acaso não incomodava nada. Lá está, se a X-ADV fosse uma verdadeira scooter, teria um bom espaço de arrumação debaixo do assento e mais uns compartimentos de arrumação à frente.
Respeitando a "semi-virgindade" da X-ADV, decidi que os primeiros quilómetros deste "FDV" seriam efetuados nas calmas, em ritmo de rodagem e por isso mesmo, fiz a autoestrada apenas até Aveiras, seguindo depois pelas N1/IC2, sempre num ritmo tranquilo.
Uma ultrapassagem aqui, outra acolá, mas nada de puxar pela moto, pois iria ter muitas oportunidades para o fazer nos próximos dias.
Apesar do muito vento que se fazia sentir neste dia, não tenho dúvida em como, se a X-ADV tivesse a rodagem feita e neste ritmo, o consumo baixaria com alguma facilidade dos 4 litros por cada 100 quilómetros rodados.
Após uma rápida paragem num Burger King em Coimbra e como é da "praxe", segui pela N17 até Vila Nova de Poiares e aqui já deu para começar a perceber a forma como a X-ADV se comporta nas curvas, apesar de manter uma toada bem calma.
Não sei se com vocês acontece o mesmo, mas para mim, "dói-me a alma" ter de puxar por um motor ainda em rodagem. Pelo menos nas primeiras duas, três centenas de quilómetros não gosto de fazer sofrer a mecânica.
O que querem... sou da velha guarda, daqueles para quem uma moto tem alma...
De Poiares até Góis, comecei a alterar os Modos de Condução e tal como já tinha acontecido em outras motos que conduzi com o sistema DCT (Integra, NC750X e Africa Twin) e apesar das alterações que a Honda tem efetuado, mais um vez cheguei à conclusão que para mim, o melhor seria optar pelo Modo S (Sport) na posição 1. Lá mais para a frente, terei tempo para experimentar todos os modos de condução.
Rapidamente cheguei à pequena aldeia de Celavisa, situada entre Góis e Arganil, que é o meu pouso habitual nestas andanças.
E mais rapidamente ainda, estava na cama, pois o dia tinha sido longo (levantei-me ás 5 da matina) e cansativo e o vento deu-me uma coça do caraças, durante toda a viagem!).
Distância Percorrida – 299,6 km
Consumo – 4,2 Litros
Notas a reter: posto de condução permite alterar a posição das pernas, diminuindo o cansaço; o para-brisa protege o condutor de forma razoável, apesar dos ombros estarem expostos ao vento; negativo o espaço de arrumação debaixo do assento muito pequeno tal como a inexistência de compartimentos de arrumação.
Dia 2 – Arganil / Tondela / Caramulo / S. Pedro do Sul / Carregal do Sal / Arganil
Habituado como estou a levantar-me de madrugada, ainda não eram 6 horas da manhã e já estava de olhos abertos e a pensar qual seria o meu destino, ou destinos, neste segundo dia do Five Dias de Vacances.
Coloquei o nariz fora da janela do quarto e f#d#-s# que está frio! Ok, ainda é muito cedo, vamos lá aproveitar e dormir mais um bocadinho.
Só que, esse bocadinho, foi mesmo um bocadinho e por volta das sete horas, já o motor da X-ADV ronronava tranquilo ao ralenti, enquanto eu me equipava, procurando proteger-me da brisa matinal que por aquelas bandas, no meio das montanhas é, digamos, bem fria!
Mal sai da aldeia, o para-brisas ficou completamente molhado, óbvio sinal de como estava húmida e fria a manhã e isso também era visível na estrada molhada que tinha pela frente.
Ok, não faz mal, afinal são apenas 7 quilómetros que tenho de percorrer devagarinho até Arganil e ao meu galão a escaldar e torradinha quentinha!
O que foi? Já disse que sou da velha guarda, porra! Com tempo frio, o galão a escaldar, até as unhacas dos pés aquece! Siga!
Enquanto saboreava o pequeno-almoço, decidi que para inicio das "hostilidades", o primeiro local a visitar seria a barragem da Aguieira e que depois seguiria até ao Caramulo para visitar o Museu Automóvel, pois queria ver a exposição dedicada à Bugatti!
Com o tempo ainda fresquinho, mas com os primeiro raios de sol a conseguirem furar o espesso manto de nuvens, prometendo que o dia iria ser radioso e de temperatura amena, lá fomos, eu e a X-ADV, em direção ao IP3, para visitarmos a Barragem da Aguieira.
Já livre da carga, e agora mais feito à máquina, fui brincando com os Modos de condução, mas como já referi acima, regressei mais uma vez ao Modo S, posição 1 e esqueci-me de todos os outros. Dúvidas tiradas de uma vez por todas: este é o meu Modo de condução preferido e que melhor se adequa ao meu tipo de condução, que, tanto posso ir a 30 à hora a apreciar a paisagem, como de repente... entrar em Modo "Warp"!
Durante este dia, também tirei uma dúvida que me "perseguia" desde a véspera: será que o assento é confortável?
Ou o cansaço que senti durante a viagem até Celavisa, foi devido ao muito vento sentido que me obrigou a conduzir de forma mais tensa, "agarrado" à moto e também ao facto de que, quando iniciei a viagem, já tinha 12 horas de trabalho em cima do "lombo"?
Duvida tirada!
O assento da Honda X-ADV é bastante confortável, conforto esse ajudado pela possibilidade permitida de podermos alterar a posição das pernas, sempre que assim o desejarmos: mais para a frente – apesar de não as podermos esticar quase totalmente, como em alguma scooters – ou mais atrás numa posição digamos, mais de moto "normal".
Tiradas as fotos da praxe, tanto na barragem, como na Marina da Aguieira, regressei ao IP3 e a começar a sentir o propulsor desta Honda, cada vez mais solto, resolvi... nada, pois o primeiro sinal a avisar da existência de radares de velocidade, logo me fizeram regressar à velocidade de... rodagem.
Assim, continuei em ritmo de passeio, usufruindo das magnificas paisagens que me rodeiam, até à pequena vila do Caramulo (segundo a Wikipédia, tem pouco mais de mil habitantes e está "entalada" entre a Beira Baixa e a Beira Litoral). E ainda bem que foi em ritmo que fiz a subida até ao Caramulo pois, aquela subida, cheia de curvas e contra curvas manhosas, principalmente na zona final, não é para brincadeiras, ainda por cima com algumas zonas bastante molhadas, devido à "orvalhada" noturna.
No entanto, já deu para perceber que, apesar dos tremeliques do parabrisas - por estar colocado na posição mais elevada, logo com menor apoio -, que parece sofrer de Parkinson, ao contrário da "outra" que ia para a fonte e partiu a "coisa", também naquele tipo de piso, a X-ADV vai formosa e segura, como se pisasse a mais suave das estradas.
Por isso, começo a perceber a razão da existência de tantos comentários favoráveis em relação ao comportamento da X-ADV, independentemente do estado do piso.
O total mérito é para os técnicos da Honda que a equiparam com um conjunto de suspensões muito competente, senão vejamos: na frente temos uma forquilha invertida (41 mm de diâmetro) com afinação da pré-carga da mola e do amortecimento em extensão, extremamente competente.
Já o amortecedor traseiro também permite afinar a pré-carga da mola.
É uma unidade monotubular com divisão de pressão, que trabalha acoplado ao braço oscilante em alumínio – fabricado em alumínio maquinado, de secção oca e formato em U –, através do conhecido sistema Pro-Link.
As lindíssimas (e leves) jantes raiadas (raios de aço com tratamento anti-corrosão) de 17 e de 15 polegadas à frente e atrás e principalmente, as excelentes "borrachas" da Bridgestone, criadas especificamente para esta Honda, também têm a sua quota parte de responsabilidade em relação ao excelente comportamentos da Honda X-ADV. Em todos os tipos de piso pelos quais passámos até esta altura, sobressai a excelente capacidade de filtrar/absorver as irregularidades do terreno, sempre com toda a segurança e conforto, o que levou-me a pensar que também a deveria experimentar em pisos de terra.
O quê? Porque raio estou a pensar nisto?
Logo eu que sou um zero à esquerda no que diz respeito a andar de moto fora do alcatrão?
Bom, deixemo-nos de ideias malucas...pelo menos por agora.
Mas..., lá tenho eu de voltar ao assunto, pois dou por mim a olhar com "olhos de ver" e a reparar que esta Honda tem muitos dos "genes" das suas irmãs "pró", na arte de circular fora de estrada, através de montes vales, por esse mundo fora.
Senão reparem, no seguinte: tanto o guiador cónico em alumínio como as protetores de mão, são iguais aos da Africa Twin. O painel de instrumentos é nitidamente inspirado no que equipa a Honda CRF 450F Rally. E a proteção de cárter em alumínio reforçado de 2,5 mm de espessura, está ali para defender as "partes baixas" da X-ADV, de algumas/muitas cacetadas provocadas pelo excesso de entusiasmo de quem a conduzir em pisos de terra, se por acaso esquecer-se que esta máquina não é propriamente uma... CRF!
Ok, está decidido: apesar de não ter o equipamento ideal para tais lides, nomeadamente botas, amanhã vou levá-la até à terra e ver o que acontece.
E isto tudo foi pensado enquanto olhava para a X-ADV, estacionada mesmo ao lado do Museu do Caramulo.
É melhor deixar-me de divagações e ir ver a exposição, até porque eles fecham às 13 horas para almoço.
Decidi deixar para outras "núpcias", a visita à parte do museu onde estão expostas as peças de arte "imóveis" (costumo começar a bocejar após 2 minutos de visita e adormecer na primeira cadeira que encontro, ao fim de 5 minutos!) e dirigi-me logo ao local onde estavam expostas as peças de arte "móvel", mais concretamente, a zona dedicada à Bugatti.
Qualquer Bugatti, é uma peça de arte, até mesmo o pequeno "Baby" que Etore Bugatti, construiu a pedido do seu filho de 5 anos, réplica do T-35 Grand Prix, que chegou a ser comercializado entre 1927 e 1929 e que custava a módica quantia de 5 mil francos, hoje ainda muito dinheiro e que naquela época, era uma autêntica fortuna.
Mas, para mim, o "master piece" da Bugatti, aquele que onde mais se vislumbra a genialidade do seu criador e de como este, estava muito à frente do seu tempo é o Type 57 Atalante!
Passei largos minutos, embascado, a olhar para esta pérola da industria automóvel!
Simplesmente lindo, maravilhoso, soberbo, majestoso e... já chega. Fiquei sem adjetivos!
No entanto, apesar dos magníficos Bugatti ali expostos, soube-me a pouco. Estava à espera de ali encontrar, pelo menos, um representante daquilo que a marca francesa – que nasceu na Alemanha e que agora pertence ao Grupo Volkswagen – faz na atualidade.
Que bem que ali ficava, no meio daqueles modelos antigos, um Veyron, um Chiron, ou até mesmo um mais antigo EB 110. É pena...
Depois de ver os Bugatti, dirigi-me ao edifício onde se encontra a exposição permanente, com dezenas de automóveis e motos que de alguma forma tem um lugar na história de Portugal.
Alguns exemplares que pertenceram ao estado português, incluindo o famoso Chrysler Imperial de 1937, blindado, que serviu de fuga a oito membros do Partido Comunista Português, que se encontravam presos na cadeia de Caxias, local onde era guardado esta "banheira" americana.
A coleção é vastíssima e com uma variedade que vai desde diversos Ford Model T, até ao Reynard 903 que em 1990, conduzido por um tal Michael Schumacher venceu o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, até ao agressivo Ginneta- Zytek GZ09S/2 que venceu o Campeonato Le Mans Series, pilotado pelos conhecidos pilotos lusos, António Simões e Miguel Pais do Amaral.
Já no que diz respeito às duas rodas, além das diversas bicicletas antigas, estrategicamente espalhadas por diversos locais da área de exposição, vamos encontrar muitos modelos "vintage". Muitas marcas conhecidas, a maior parte já desaparecidas e até algumas das quais nunca tinha ouvido falar.
A Honda está muito bem representada com duas fantásticas motos que infelizmente, nunca conduzi: as muito raras CX 650 Turbo e a fabulosa NR 750 de pistões ovais, entre outras coisas "estranhas".
"Prontessss", chega de nostalgia! Tenho lá fora uma máquina bem atual que espera por mim.
Como a X-ADV está equipada com o sistema Smart Key, mal me aproximo, fica pronta a trabalhar.
Sendo eu, já da "velha guarda", confesso que ainda vou ficando um pouco renitente a estas "coisas" modernaças, mas o certo é que rapidamente me habituo a elas e à sua facilidade de uso que permitem como por exemplo, não ter de usar a tradicional chave, se queremos ligar a moto, aceder ao tampão do depósito de combustível ou abrir o assento de forma a termos acesso à "bagageira" da "dita cuja".
E depois, também pode acontecer, deixar a moto num estacionamento de um conhecido centro comercial e depois, não saber onde a estacionei.
Basta dar um toque, num dos dois pequenos botões da "Smart Key" que logo temos a X-ADV a "piscar-nos os olhos" a dizer "estou aquiiiiiii!" que é como quem diz, a acender as luzes dos piscas, para nos indicar onde está.
Imaginem que vão a uma concentração de X-ADV e que a vossa está estacionada no meio de outras 1000 motos iguais. Um toque no botão e... ali está ela a chamar por nós!
Eu sei, não deve ser fácil conseguir juntar tantas máquinas destas (pelo menos em Portugal) ao mesmo tempo no mesmo local mas.. nada como sermos imaginativos.
Sim, a tendência é, num futuro bem pertinho de nós, todas as motos possuírem Smart Keys, ou sistemas semelhantes.
Bolas, estou mesmo a ficar velho... as minhas duas motos ainda usam aquela pecinha de metal, à qual dávamos o nome de... chave!
São quase duas da tarde e estou cheio de fome. Ora vamos lá rodar até encontrarmos um local para eu comer e também para dar de "comer" à minha companheira de viagem. De preferência algo baratinho e rápido pois ainda tenho muitos quilómetros pela frente! Já sei, vamos até Tondela. O Pingo Doce, tem tudo. Gasolina da boa mais barata e na área de refeições do supermercado, um delicioso bacalhau à brás, esperava por mim.
Baratinho e bom, tanto a comida como a gasolina.
"Depósitos" atestados e siga! De Tondela a S. Pedro do Sul é um pulinho pois conheço bem a estrada.
Andamento rápido, mas certinho e é notório que o propulsor da "minha" X-ADV vai ganhando outra "alma", com o acumular dos quilómetros, principalmente nas recuperações e/ou ultrapassagens.
Cheguei a Nespereira de Cima (S. Pedro do Sul) e... desta vez os meus amigos Fernando e Laurinda estão em casa. Ufa! Da última vez que aqui vim, no "FDV – Africa Twin", eles estavam...no Algarve!
Pôr a conversa em dia, ir até S. Pedro do Sul ter com a Mariana (filha do casal) para matar saudades, um café e uma água das pedras, beijinhos e abraços e de volta à estrada, em direção a Viseu. Mal arranco e... já estou com saudades. São pessoas muito especiais, ás quais tenho a honra de chamar Amigos. Quem me conhece sabe o quanto para mim tem valor a palavra Amigo!
Lá está, é como costumo dizer, conhecidos, tenho centenas. Já Amigos... numa mão sobram dedos, se os contar.
Viseu! Até a Honda X-ADV ficou "paneleira" das óticas, com tantas rotundas! Um gajo até fica tonto! Enquanto ia fazendo e desfazendo as 49384757 rotundas da bonita cidade de Viseu decidi que... tinha de ir cravar o jantar à minha irmã, ao Carregal do Sal. E foi por esta altura que decidi levar pela primeira a X-ADV para um ritmo de viagem, digamos, "ligeiramente" mais rapidinho, ao que ela, muito feliz, não se negou.
Nota-se que nesta atualização deste conhecido propulsor que também equipa a NC e a Integra, que aqui na X-ADV, respira melhor nas rotações mais altas com o limite a chegar por volta das 7.500 rpm, com um "puxão" mais enérgico.
E sim, agora a começar a rodar a ritmos mais elevados, começa a surpreender-me pois tem "pinta" de moto "grande" é arisca e adora divertir-se "bué" em estradas com curvas. Temos de ver se é mesmo assim, nos próximos dias.
Jantar a saber a "pato" em casa da mana, mais conversa da treta e já é quase de noite. Vamos lá embora até Arganil e ao mesmo tempo ver como se comporta a iluminação LED da X-ADV.
Cumpre, é eficiente, chega para os gastos mas... há melhor. Apenas isto.
Distância Percorrida – 311,9 km
Consumo efetuado – 4,4 Litros
Notas a reter: Motor a ficar solto com o passar dos quilómetros e acima de tudo, a revelar-se mais eficiente a médias e altas rotações que outras motos equipadas com o mesmo propulsor NC e Integra que já experimentei. Consumo na casa dos 4 litros, sem o mínimo cuidado com o acelerador. Iluminação q.b..
Dia 3 – Góis / Cabreira / Colmeal / Soito / Malhada / Serra do Açor / Selada das Eiras / Folques / Arganil / Celavisa / Jurjais / Pracerias.
O terceiro dia do "FDV" foi dedicado às montanhas, mais concretamente à imponente Serra do Açor, com todos os seus cantos, recantos e encantos!
Estradas para todos os gostos e... parece que a X-ADV, gosta de todas, independentemente de terem mais ou menos curvas, alcatrão tipo veludo ou todo esburacado, a subir ou a descer.
É por estas alturas que começamos a perceber – e tal como a Honda a considera – que esta máquina parece um SUV mas... dos bons!
Não é uma scooter, não é uma desportiva, não é uma trail e também não é uma GT. Mas o certo é que é um bocadinho delas todas, conseguindo ter um comportamento muito digno em qualquer situação, sendo ao mesmo tempo arisca e divertida de conduzir.
Voltando à estrada, depois do pequeno-almoço em Góis – galão a escaldar e a torradinha do costume... - decidi seguir em direção à pequena aldeia da Malhada, situada onde "Judas perdeu as botas", passando pela Cabreira, Colmeal e Soito, sempre por estradinhas que rasgam a Serra do Açor, num carrocel de subidas e descidas, capazes de deixar tonto o mais experiente dos motociclistas.
Insensível a qualquer tontura, para a X-ADV não há dificuldades sejam quais forem as curvas e contra-curvas misturadas com subidas muito íngremes ou descidas assustadoras, que aparecem pela frente, parecendo fácil andar por ali e acima de tudo, quanto mais por ela puxamos, mais se diverte.
E aqui, mais uma vez, sobressai a qualidade da ciclística e um sistema de travões muito bom - dois discos de 296 mm à frente e um disco atrás de 240 mm – que nunca mostrou sinais de cansaço, mesmo abusando (muito!) deles.
Também achei muito interessante a ajuda dada pelo modo "Gravel", um modo supostamente para ser usado em pisos de terra, mas que, por curiosidade, usei quando percorria o alto da Serra do Açor e choveu copiosamente, durante alguns quilómetros.
Acionei o "Gravel" e deu para perceber que também pode funcionar como, uma espécie de modo "Rain", o que me agradou bastante naquelas estradas escorregadias e em mau estado.
Por diversas vezes parei e desliguei a moto apenas para estar ali, algures no meio da serra, no meio de nada, sozinho, a apreciar, a absorver, a sentir, tudo o que a mãe natureza nos oferece e que nós, os humanos, supostamente os únicos seres inteligentes que habitam este maravilhoso planeta, teimamos em destruir a cada minuto que passa!
É muito reconfortante assistir ao poder da Mãe-Natureza pois, em todas aquelas zonas dizimadas pelos terríveis incêndios de 2017, o verde já domina.
Seja na vegetação mais rasteira, ou na maioria das árvores – maioritariamente eucaliptos –, apesar de barbaramente queimadas pelo fogo, renascem agora mais verdes que nunca!
Realmente é um milagre, um milagre da natureza!
Entretanto, a pequena aldeia da Malhada já ficou para trás, tal como a Selada das Eiras, Folques e eis-me de novo em Arganil, mesmo a tempo de almoçar e fugir da chuva pois começou a cair com maior intensidade.
E... tal como apareceu, a chuva também desapareceu, dando lugar a um sol radiante. Como ainda era cedo, resolvi ir experimentar a X-ADV em piso de terra onde, segundo quem já a experimentou, tem um comportamento muito interessante.
Não sendo os pisos de terra, como é óbvio, a minha "praia" no que diz respeito a veículos de duas roda, fiquei encantado com o Modo de condução "Gravel" que "amacia" o funcionamento do motor, sobretudo na subida de rotação e que, agregada ao controlo de tração, permite que até um nabo como eu, consiga circular em pisos de terra sem se "baldar" de 100 em 100 metros!
Como é óbvio, não é uma Africa Twin mas, pelo que deu para perceber, esta "motinha" conduzida neste tipo de piso por alguém que possua um bom "kit de unhas de todo o terreno", será uma excelente fonte de diversão, desde que não se abuse... muito.
Distância Percorrida – 87, 3 km
Consumo efetuado – 4, 5 Litros
Notas a reter - Ótimo comportamento em estradas de montanha, tanto a efetuar uma condução mais calma (Modo D) como mais divertida (Modo S posição I e II), sempre com a ajuda dos botões que permitem baixar ou subir mudanças ao nosso gosto, sendo um ótimo completo de condução ao modo automático do DCT.
Em pisos de terra, sobressai o Modo Gravel permitindo circular com grande segurança.
Os consumos, mantém-se na casa dos 4,5, apesar dos, cada vez maiores, abusos no acelerador.
Dia 4 – Côja / Benfeita / Fraga da Pena / Mata da Margaraça / Piodão / Foz D´égua / Pedras Lavradas / Tortosendo / Covilhã / Penhas da Saúde / Torre / Seia / Travancinha / Oliveira do Hospital / Arganil.
Este foi para mim, o melhor dia do "FDV 2019". Ou não tivesse acabado o dia numa monumental sardinhada, na pequena aldeia da Travancinha!
Já totalmente feito à X-ADV e com o motor mais soltinho, foi o dia em que esqueci os, ainda, poucos quilómetros da X-ADV e resolvi divertir-me à brava, andar à vontade, sem aquele peso na consciência que sinto sempre quando conduzo uma moto nova e tenho de puxar por ela.
Desta vez, para ser diferente, tomei o pequeno-almoço em Coja mas, para não fugir à tradição, galão a escaldar e torradinha, pois está claro!
Segui viagem em direção ao Piodão, num andamento (ainda) tranquilo, mas sobretudo a divertir-me "bué", em tudo o que era curva e contra-curva, mais uma vez surpreendido com o comportamento e sobretudo a confiança que este "SUV" transmite, seja qual for o andamento efetuado.
Tudo depende apenas da inspiração do momento e... do "kit de unhas" de quem a conduz, pois esta Honda é mesmo danada para a brincadeira.
Antes do Piodão, fiz apenas uma paragem rápida na Fraga da Pena, local que já conheço de outros passeios e segui logo para a Mata da Margaraça, que percorri muito devagarinho, parando aqui e acolá, para saborear os momentos neste local, também ele fantástico, onde a cor da vegetação que nos rodeia é único, fazendo-me lembrar o parque da Peneda Gerês, local que também visitei de moto,em 2014.
E, vá se lá saber porquê e como, parece que a X-ADV também respeita este local e todo este verde e aromas que nos rodeia, "ronronando" baixinho, enquanto atravessamos a mata, sensações únicas que apenas se podem sentir, quando viajamos de moto.
E eis-nos no Piodão, onde apenas parei para tirar a foto da praxe pois, para mim, é cada vez menos uma pequena e sossegada aldeia típica da zona, cujas casas são feitas de xisto e cada vez mais uma "coisa" comercial!
Basta ver as fotos para percebermos que, cada vez mais, existem ali edifícios que nada tem a ver com o que é típico naquela aldeia: a construção de edifícios, usando o xisto!
Para mim que gosto de andar de moto, visitar o Piodão vale apenas pela viagem em si, o resto,vale cada vez menos.
Fotos da praxe tiradas e siga que se faz tarde.
Passei também pela Foz D'égua, lindíssima praia fluvial e como estava quase na hora do almoço, resolvi perguntar a um simpático casal de idosos que encontrei na berma da estrada, qual seria, dali, o melhor caminho para ir para a Serra da Estrela e também, um bom restaurante para almoçar.
Segui as indicações e rapidamente estava a despachar curva atrás de curva, numa magnífica estrada, num ritmo de viagem ao qual dei o nome de: "Ninguém-me-Ultrapassou-e-Ultrapassei-Tudo-o-Que-Apareceu-Pela-Frente"!
A X-ADV vai doida!
Aqui sim, pela primeira vez puxei a sério por esta Honda e fiquei espantado com o que nos oferece!
E foi algures por aqui, entre o acelera e trava, o deita e levanta, o trava e porra, esta foi de aflitos, que dei por mim a pensar naquela que, como muitos sabem, é a minha scooter preferida – a Yamaha Tmax 530 DX – e a fazer comparações, principalmente porque o preços das duas, não são assim tão distantes e por isso mesmo, quem compra uma também poderá comprar a outra.
Apesar de serem muito diferentes, o certo é que a Honda X-ADV, apesar de não ser, como é óbvio, uma scooter a 100% como a TMAX, pode levar muitos a ficarem algo indecisos na altura da compra, principalmente após experimentarem cada uma delas.
Eu por esta altura, estou! Vamos ver se daqui, até ao fim do "Five Dias de Vacances", consigo chegar a alguma conclusão...
Que gozo de estrada! Piso tipo veludo, curvas para todos os gostos e rapidamente cheguei às Pedras Lavradas! E o que são as Pedras Lavradas, perguntam vocês?
É um restaurante que fica num planalto, onde mais nada existe. E ainda bem que ali está!
Isto porque, depois daquela subida a todo o gás com a Honda X-ADV, nada melhor que devorar uns magníficos rojões (o bacalhau assado também tinha um ótimo aspeto) num local tão majestoso e imponente, como aquele onde se situa este restaurante.
O atendimento é ótimo e a comida de... lamber as beiças e chorar por mais. Hei-de cá voltar, sem dúvida alguma!
Sempre que viajo, seja de moto ou carro, tento fazer refeições leves, só que, bolas! Os rojões estavam bons demais e estou cheio que nem um pote!
Bom, vamos lá fazer uns quilómetros para fazer a digestão e aqui havia duas opções: ou seguir em frente em direção à Covilhã ou descer para Seia.
Qual é o caminho mais longo? Pela Covilhã? Então, é esse que escolho, olha que admiração!
Lá vamos nós, eu e a X-ADV, estrada fora, agora num ritmo mais cauteloso pois, conforme nos aproximamos mais da Covilhã – principalmente após Tortosendo –, a qualidade da estrada piora, sendo mais seguro baixar a velocidade a que circulamos, se bem que, aqui e ali, pimbas, duas dedilhadas abaixo no DCT, motor a subir de rotação e lá vaaaaamooooosss nós, serra acima e serra baixo! E não me canso de dizer, com muita segurança.
A X-ADV é daquelas motos que apenas conseguimos ter a real noção do que ela tem para nos oferecer, quando fazemos uns bons quilómetros aos seus comandos. Fazer o tradicional teste drive num qualquer concessionário, nunca ficamos a saber quais são as reais capacidades desta máquina! E que capacidades!
E com esta conversa toda cheguei à Covilhã, onde, mais uma vez me perdi, quando procurava a saída para subir a Serra da Estrela.
Das duas uma: ou sou eu que sou cegueta, ou a partir de uma certa altura, no centro da cidade, deixa de existir qualquer tipo de sinalização a indicar o caminho para as Penhas da Saúde / Torre, etc e tal!
Subir à Torre, o ponto mais alto de Portugal – 1993 metros! –, pelo lado da Covilhã até à Torre, é simplesmente fantástico. De curva para curva somos brindados com uma paisagem fantástica!
Realmente a natureza é algo tão incrível, tão maravilhoso que não deixa de nos surpreender.
Vou subindo tranquilo e não consigo deixar de ir parando, aqui e ali, maravilhado com aquilo que os meus olhos vêem, apesar de por aqui já ter passado muitas diversas vezes.
Não há dúvidas, a Serra, toca-me a alma! Simplesmente deslumbrante!
Paragem obrigatória na Torre, e lá venho eu Serra abaixo, na brincadeira com a X-ADV, principalmente com o DCT.
Toc, toc, toc, motor a reduzir várias mudanças de seguida, toque nos travões, rodar punho, motor a rosnar e novamente, toc, toc, toc, toque no travão, deitar, deitar, começar a rodar punho enquanto levanto a moto/scooter/RR/GT, e lá vou eu outra vez e, travões a fundo. Foto no Sabugueiro e "bora" lá outra vez que estou a divertir-me à brava.
E prontesss, cheguei a Seia. Vá, modera lá o ritmo e deixa-te de brincadeiras parvas pois estás dentro da cidade!
E como é hábito, visita aos meus primos e... sou convidado para uma sardinhada em casa dos pais da minha prima Fátima.
Depois de alguma relutância (que fica sempre bem...) aceito o convite e lá vamos nós até Travancinha devorar uma belas e deliciosas sardinhas! Eu bem me esforço para não comer muito quando ando de moto, mas não me deixam! E ainda ficam zangados se recuso! Estou tramado!
Bom, deixa-me ir embora antes que me enfiem pelo gargalo abaixo mais uma dúzia de sardinhas!
Enquanto a noite cai, amena, lá vamos nós, eu e a X-ADV, num ritmo tranquilo, em direção a Oliveira do Hospital, depois outra vez pela Estrada da Beira em direção a Arganil, Celavisa e... de bolas! Lembrei-me que o dia seguinte era o último dia deste "Five Dias de Vacances 2019" e que não queria que isto acabasse.
Que tal em vez de "Five",fazer um "Ten Dias de Vacances"? Naaaa, não dá. A Honda precisa da X-ADV e eu preciso de ir trabalhar, pois sem trabalho, não há guito, para estas pequenas aventuras.
Quilómetros Percorridos – 259,6 km
Consumo médio efetuado – 4, 1 litros
Notas a reter: os rojões estavam bons mas as sardinhas, ainda estavam melhor!
Mais feito à Honda X-ADV, cada vez me divirto mais aos seus comandos.
Dia 5 – Arganil / Góis / Coimbra / Montemor-o-Velho / Figueira da Foz / Leiria / Lisboa
"O que é bom dura pouco", lá diz o ditado e é uma verdade tão verdadeira, como eu dizer que esta máquina vai deixar-me saudades.
Pois é, cheguei ao ultimo dia do "Five Dias de Vacances" o que significa que tenho de fazer a viagem de regresso a Lisboa, ir entregar a X-ADV à Honda Portugal e voltar à monotonia stressante do dia-a-dia. Bolas!
Vá coragem! Tem mesmo de ser!
Vamos regressar a Lisboa mas... pelo caminho mais longo! O que querem? está a custar despedir-me desta moto.
Acordar cedo para aproveitar bem o dia, enquanto verifico se não me esqueço de nenhuma janela aberta, a X-ADV vai aquecendo, ainda na garagem, pois a manhã está bem fresquinha.
Ok, tudo trancado, bagagem na moto e lá arranco eu, fazendo os pouco quilómetros que me levam até Arganil, bem devagarinho, aproveitando para respirar aquele ar puro e fresco da manhã e tentando memorizar todos aqueles aromas que chegam até mim.
Dou por mim a pensar que esta é uma das razões porque gosto tanto de andar de moto. Tudo chega até nós de forma mais intensa, mais viva!
Em Arganil, atestei os dois depósitos, o da moto e o meu (não é preciso dizer o que foi o meu pequeno-almoço, pois não?) e agora sim é o regresso.
De Arganil a Góis é um "tirinho" e num instante chego a Vila Nova de Poiares, apanho a Estrada da Beira e em menos de nada estou em Coimbra. Pois é, agora com mais quilómetros no papo, o propulsor da X-ADV, tem outro comportamento, mais do meu agrado. A subida de rotação é muito mais rápida, mostrando que está a começar a ficar no "ponto", soltinha como se quer, para meu divertimento. Até o som do escape está diferente, com um ronco mais grave.
Já em Coimbra e em vez de ir pelo caminho do costume, prefiro ir em direção à Figueira da Foz, passando por Montemor-o-Velho, com paragem obrigatória junto ao seu imponente e altaneiro castelo (dos mais antigos existentes em território lusitano), outra paragem em Tentúgal para fazer, adivinhem o quê! e chego à Figueira da Foz.
Como ainda era cedo para almoçar, resolvi estacionar a X-ADV e dar uma volta por ali a pé, aproveitando para ver a paisagem e ao mesmo tempo refletir sobre... se conseguia decidir-me se esta Honda X-ADV tirava a Yamaha TMAX do topo da minha lista de scooters preferidas, ou não.
Bolas, gosto das duas, mas por razões diferentes e de outra forma não podia ser, visto que são, máquinas diferentes. Porque raio é que esta pergunta me atormenta a carola? Provavelmente porque têm um preço parecido? Ou será porque as duas, são máquinas que dão um gozo do caraças a quem as conduz?
E de repente lembrei-me de algo que ajudou a decidir-me: o sistema de transmissão final! Pois é e aqui meus amigos é apenas e só, o meu gosto pessoal que conta, não sendo exemplo para ninguém.
Se há algo que me irrita solenemente é ter de andar a esticar a corrente e a lubrificá-la de X em X quilómetros, para já não falar da roda traseira que anda sempre suja. Provavelmente por isso é que as minhas duas motos, não tem corrente.
Uma, a scooter, tem a tradicional correia e a moto, tem veio de transmissão. Ok, isto ajuda-me a desempatar: nas scooters a TMAX continua a ser a rainha.
O problema é que, se em alguns parâmetros a X-ADV, como scooter, perde para a "Tê, no conjunto, é uma moto mais completa que a Yamaha, que nunca conseguirá ter a versatilidade desta Honda.
Veremos se a Yamaha vai conseguir criar algo que rivalize com esta SUV, neste novo nicho de mercado criado pela Honda.
E enquanto ia pensando nisto, eis que passo por um restaurante de onde vinha um cheirinho a caril, de bradar aos céus! Ok, faz lá um intervalo nas tuas divagações e vai mas é almoçar!
O caril era de camarão e estava divinal! Eu bem tento comer pouco quando viajo de moto...
Bom, pança cheia – outra vez! – e de novo aos comandos da X-ADV, sigo, nas calmas em direção a Leiria, entrando depois na velhinha estrada nacional, percorrendo a ultima centena e picos de quilómetros, tentando memorizar todas as sensações de condução sentidas a conduzir esta maravilhosa máquina da Honda pois Linda-a-Velha, é já ali.
Five Dias de Vacances – Resumo Final
Se já é difícil escrever de forma imparcial, a conclusão de um test-drive a uma moto – ou automóvel – que nos "encheu as medidas", imaginem como não será, fazer o resumo final de um "Five Dias de Vacances" onde tivemos como companheira de viagem, uma moto cuja versatilidade está acima de tudo o que até agora tinha conduzido.
Sim, eu sei, ao lerem o ultimo paragrafo os fãs das Trails estão a por-se em bicos de pé e a gritarem que não existe moto mais versátil que a sua Africa Twin ou outra máquina do género. Sim, têm razão mas... infelizmente para as trails, versatilidade também significa filas de transito e engarrafamentos e aí, podem ter a certeza que na cidade, no meio dos carros, a X-ADV dá um abada a qualquer Trail! Então se forem daqueles que andam com as malas laterais montadas, apenas para irem trabalhar, como se fossem viajar, nem se fala!
Por isso falei muitas vezes em versatilidade e aí meus "meninos", a X-ADV é a rainha!
Apenas digo apenas isto em relação à Honda X-ADV: não se deixem enganar pelo seu aspeto de moto/scooter excêntrica, até mesmo esquisita. Façam um test-drive, experimentem-na tanto em cidade, como em estrada e até mesmo em terra e podem ter a certeza que irão ficar surpresos com a sua versatilidade.
Quanto a mim, resta-me agradecer, à Honda Portugal por, mais uma vez, me ter confiado uma das suas máquinas para a realização de mais um longo (mais de 1200 quilómetros!) "Five Dias de Vacances".
Quanto ao "Five Dias de Vacances", regressa para o ano (se houver guito para tal!), com outra moto outros destinos e desafios!
Quilómetros Percorridos – 1281,9 km
Consumo médio efetuado (final) – 4,2 litros
Fatores Positivos:
- Honda a inovar: criação do conceito "SUV" nas motos.
- Design: a mistura de conceitos, moto e scooter, teve neste caso um resultado bastante feliz.
- Consumos: mesmo com o motor ainda preso e por vezes (muitas vezes!) abusando na condução, deu para perceber que raramente irão passar dos 4 litros e picos.
- DCT: depois de habituados à caixa "automática", não queremos outra coisa! Para mim, por favor, Modo Sport 2 e umas "gatilhadas" aqui e ali.
- Facilidade de condução.
- Comportamento dinâmico.
- Segurança e estabilidade a toda a prova.
- Travões.
- Travão de parqueamento.
Fatores Negativos:
- Falta de compartimentos de arrumação. Na frente simplesmente não existem e o espaço debaixo do assento é muito limitado
- Pouca autonomia: 13,5 litros de capacidade do depósito é pouco para uma moto que pode levar-nos bem longe.
- Transmissão final ser corrente. Aquela bela roda traseira não merece andar suja de respingos de spray.
- Altura: largura do assento "rouba" perna aos mais baixos.
Especificações Técnicas
Motor – Bicilíndrico paralelo, 4 válvulas, refrigeração por líquido
Cilindrada – 745 cc
Potência – 55 cv às 6,250 rpm
Binário – 68 Nm às 4750 rpm
Alimentação – Sistema PGM-FI
Sistema Elétrico
Arranque – Elétrico
Bateria - 12 V-11,2 AH
Alternador - 420 W às 5.000 rpm
Transmissão
Tipo de embraiagem - Hidráulica, multi-discos, húmida/Embraiagem dupla (DCT), multi-discos
Tipo de transmissão - 6 velocidades
Transmissão final – Corrente
Quadro - Diamante em aço
Dimensões
Comprimento – 2.245 mm
Largura – 910 mm
Altura – 1.375 mm
Altura do assento – 820 mm
Altura ao solo – 162 mm
Suspensão
Dianteira – Forquilha telescópica invertida de 41 mm de diâmetro e 153,5 mm de curso.
Ajuste de pré-carga e ressalto
Traseira – ProLink com ajuste de pré-carga
Travões
Frente – 2 discos de 296 mm
Trás – 1 disco de 240 mm
ABS
Travão de parqueamento
Pneus
Frente - 120/70 R17
Trás - 160/60 R15
Luzes – LED
Depósito de Combustível – 13, 5 Litros
Peso (em ordem de marcha) – 238 kg
Carlos Veiga (2019)
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