17 de abril de 2020

Yamaha FJR 1300 AE – Quanto mais ando, mais gosto de ti!

Republicação de alguns dos testes efetuados durante 2019 e que mais me agradaram.

Para começar, aquela que seria a óbvia substituta da minha Yamaha XJ 900, caso eu tivesse "t€mpo"... 




Para mim, é sempre muito difícil escrever sobre uma moto, quando essa moto é daquelas pelas quais é quase impossível uma pessoa não se apaixonar, por mais que tente que isso não aconteça. E a Yamaha FJR 1300, na versão AE aqui em teste (existem mais duas versões, a A, que é a versão de entrada da gama e a AS, com um sistema de mudanças eletrónico que permite trocar de mudanças sem utilizar a manete da embraiagem), é aquela moto que sabe como conquistar-nos e quando isso não acontece à primeira vista, podem ter a certeza que, quanto mais andam, mais se perdem de amores por ela.

A minha primeira experiência com uma FJR aconteceu em 2013 e apesar de ter percorrido poucos quilómetros, já nessa altura tinha ficado com uma excelente impressão sobre as qualidades desta máquina. Mas soube a pouco. Infelizmente, na altura, porque andei pouco com esta Yamaha, não chegou a existir aquele entrosamento que gosto de ter com uma moto, o conseguir tratá-la por tu, saber onde estão os seus limites, para poder explorar as suas qualidades dinâmicas e as suas performances - mas sempre com total segurança pois, não quero de forma alguma perder a confiança que a Yamaha Motor Portugal tem depositado em mim ao longo destes anos todos, sempre que me empresta uma moto para ser testada e neste caso em especial, uma máquina que custa 20 mil euros!
Claro que azares podem acontecer mas, para mim, não existe melhor sensação que devolver uma moto, no mesmo estado em que me foi confiada.


Quer dizer, no mesmo estado ou... quase pois no caso da FJR 1300 AE aqui em ensaio, entreguei-a com um visual algo diferente pois, quase que posso dizer que a frente da moto tinha mudado de cor, tal a quantidade de insetos que "assassinei" durante os mais de 800 quilómetros que rodei durante três dias de passeio. Sim, este ensaio, não foi um daqueles ensaios normais, como muitos que já fiz. Foi sim, um passeio... e que passeio!

Explicando melhor: este ensaio com a FJR já era para ter sido efetuado uns meses atrás, só que teve de ser adiado porque o escafoide do meu pulso direito (mais uma vez) resolveu "meter baixa" o que obrigou ao seu adiamento. Neste caso, até se pode dizer que "existem males que vêm por bem", que é o mesmo que dizer que, exatamente naqueles dias em que esta moto ia ser "minha" durante alguns dias, choveu a cântaros e por isso mesmo, a moto não iria sair da garagem – já lá vai o tempo em que, fizesse chuva o sol, o que queria era andar de moto...

Assim sendo, novo agendamento (obrigado Manuela Rodrigues) e quando se aproximou a data do levamento da moto nas instalações da Yamaha Motor Portugal em Alfragide, fiz uma visita ao site do IPMA e... ena pá! Vai estar um fim de semana do caraças!


E que tal se, em vez de rodar com a FJR apenas pelas estradas onde costumo realizar os testes dinâmicos e de consumos às motos (e automóveis) que passam cá pelo "Je", vou fazer aquilo que mais gosto e que é a razão principal para se adquirir uma máquina destas?

Viajar, pois está claro!

Ou seja, testar a Grande Turismo da Yamaha nas condições para as quais ela foi projetada e construída: rodar quilómetros atrás de quilómetros, tanto em autoestrada, como por estradas nacionais e até mesmo regionais, daquelas bem apertadinhas e cheias de curva e ter como "cereja no topo do bolo", a subida à Torre, na Serra da Estrela? "Bora" lá!

Tal como estava combinado, levantei a Yamaha FJR 1300, na quinta feira à tarde e pouco rodei com ela, dedicando-me primeiro a fotografá-la, nomeadamente efetuando aquelas fotos de pormenor, enquanto a moto estava limpinha e a brilhar.
E enquanto fotografava esses mesmos pormenores ia apreciando as linhas majestosas desta GT.

Apesar de já ter nascido no longínquo ano de 2001, o certo é que os designers da marca japonesa souberam, ao longo destes anos todos, introduzir-lhe alterações - muitas delas bastante subtis e que só damos conta da sua existência quando colocamos este modelo de 2019, ao lado de uma mais antiga -, que que a mantiveram e mantém, bastante atual e isso é um facto: a Yamaha FJR 1300, está tão moderna hoje, como estava no dia em que foi apresentada ao público, já lá vão muitos e bons anos!


A sua frente é o que mais se destaca nesta máquina, sobressaindo os dois faróis "Twin-Eyes" de grandes dimensões (falarei da iluminação um pouco mais à frente), o "bico" central e o pára-brisas elétrico, muito fácil de regular – através de comutador colocado no punho esquerdo – e de funcionamento muito suave e sem hesitações ou tremeliques, mesmo a alta velocidade, como já vi acontecer noutras motos da mesma classe.


Apesar ser uma das motos mais pequenas das "Grande Turismo" ou, como diria um amigo meu, menos "matajola" que as outras, estamos perante uma moto de grandes dimensões, pesada (292 kg em ordem de marcha), imponente e majestosa, que dá nas vistas esteja onde estiver pois não foi raro, ver pessoas à volta dela a admirá-la e a tirar fotos.

Algo que me agrada bastante na FJR é que, sendo uma moto muito bonita quando equipada com as malas laterais, não deixa de o ser quando estas são retiradas, o que não acontece com a maioria das suas rivais, pois nestas, sempre que se retira as malas, parece que fica a faltar-lhes algo e num ou noutro caso até ficam feias, despidas.

Nestes primeiros e poucos quilómetros que rodei com a moto e enquanto me ia adaptando à sua condução, reparei que a posição de condução, devido à largura do depósito, "roubava" centímetros às pernas, algo que os menos altos, devem levar em conta.


Foi também por esta altura que decidi alterar a altura do assento do condutor, algo que a FJR permite efetuar (fazê-lo sem o livro de instruções foi algo complicado), alterando a altura do assento que passa dos 805 mm para 825 mm. Para alguns esta diferença de 20 mm poderá não significar nada mas o certo é que para mim, esta "pequena" alteração fez toda a diferença e senti-me bastante mais confortável – parecendo que até ficou mais leve -, com os joelhos menos fletidos e conseguindo mesmo assim chegar perfeitamente com os dois pés ao chão, algo que é completamente imprescindível quando lidamos com uma moto deste porte.

Mas percebo perfeitamente que pessoas de estatura mais baixa, irão sentir-se mais confortáveis e seguros, com o assento na posição menos elevada.

Pela negativa, reparei que, estando eu sentado alguns centímetros mais elevado, perdi um "niquinho" de proteção do pára-brisa, mas nada que me fizesse alterar a altura do assento pois assim é que me sentia mais confortável na sua condução.

Algo que me fez "espécie" nesta fase inicial de adaptação à FJR e que eu pensei que rapidamente iria deixar de fazer - o que não aconteceu, nem mesmo após ter rodado os 800 km! - tem a ver com um dos únicos dois pontos mais negativos que encontrei nesta moto: a profusão (e confusão!) de botões existentes no punho esquerdo. 
São muito os botões que temos de gerir no punho esquerdo e que acionam todo um conjunto de funções úteis mas que, ergonomicamente falando, começam a demonstram a idade do projeto, pois é algo que nunca foi alterado. Mesmo ao fim de centenas de quilómetros, nunca consegui acionar de forma instintiva os piscas, a buzina e muito menos efetuar sinais de luzes com os máximos!

Pode ser defeito meu mas... (também embirro solenemente com a troca que a Honda fez com o posicionamento do comutador dos piscas e da buzina!) o certo é que já conduzi outras motos cheias de comutadores e botões e devido à sua boa colocação e distribuição pelos dois punhos das motos, ao fim de pouco quilómetros já os acionava de forma instintiva, sem ter de estar a pensar onde raio estaria o botão/comutador que tentava desesperadamente encontrar, como me aconteceu por diversas vezes na FJR, obrigando a que tirasse os olhos da estrada, para ver a sua exata localização. 
Senhores da Yamaha, aqui, uma revisão/atualização é mais do que bem vinda. É mesmo necessária!

O outro ponto negativo, tem a ver com o pouco espaço disponível para arrumação pois tudo se resume a um pequeno compartimento (com fechadura), situado à esquerda do guiador. Uma moto deste tipo merecia mais.

"Prontesss", já despachei os aspetos negativos!

Infelizmente no dia seguinte, sexta feira, afazeres profissionais impediram-me de começar as "hostilidades" com a FJR, logo de manhã pela fresquinha, tal como tinha pensado.

Ou seja, iniciei o teste/viagem/passeio, já a tarde ia a mais de meio. Por isso e como ainda tinha pela frente 262 quilómetros até Arganil, local que como já é habitual, é o meu "Centro de Operações", resolvi seguir até Coimbra pela autoestrada, rodando 200 quilómetros num tipo de estrada que a FJR simplesmente adora!


Jurei a mim mesmo que iria rodar dentro dos limites legais da velocidade permitida por lei o que, digo-vos com toda a sinceridade, com uma moto destas nas mãos é muito, muito, muito, muito, mesmo muito, muito, muito, muito, muito difícil de cumprir! Isto porque este fantástico 4 cilindros em linha - que pela forma como entrega a sua potência desde baixa rotação, mais parece ser um motor a "gasóil" - faz com que a FJR atinja, em sexta velocidade, os 100 km/h a apenas 3000 rpm, ou seja, grande parte dos seus 146 cv vão a dormir!
E basta rodar punho para que às 4 mil rpm, já rode a 140 km/h, às 5000 rpm já passa dos 170 km/h, às 6000 rpm vá ali, tranquilamente, algures nos 210 e mais não digo, lembrando-vos para abrir o apetite que, até à entrada do redline, ainda faltam mais 3 mil rpm... Claro que para experimentar a minha companheira de viagem desta forma, tive de dar uma "saltinho" até à Alemanha...

Apenas posso dizer-vos que num instantinho estava em Coimbra!


O que mais me impressionou foi a forma como esta máquina "desliza" sobre o alcatrão, seja a que velocidade for e com uma tranquilidade espantosa o que, de alguma forma, quando conduzida por quem não tenha muita experiência com este tipo de máquinas, pode até tornar-se algo perigoso pois damos por nós a rodar a velocidades de "autobahn", sem que se dê por isso, funcionando tudo de forma tão perfeita e que... até chateia!
E isto, claro está, com as malas laterais (de excelente acabamento e muito fáceis de usar) montadas.


Entretanto, enquanto rodava em autoestrada, aproveitei para ir "brincando" com a suspensão – eletronicamente ajustável –, ou seja, fui trocando de configuração, experimentando quase todas (a solo, a solo com malas, com passageiro e passageiro e malas, sendo ainda possível, dentro de cada uma desta configurações, colocar o setup da suspensão, mais ou menos rijo) e rodando eu sozinho e com as malas carregadas, foi essa mesmo a configuração que achei ideal para mim, colocando-a apenas na posição 1 de rigidez, que achei ser a mais adequada para o tipo de condução que gosto de fazer nestas circunstâncias, deixando a moto sempre bastante solta, mas agarrada ao solo e aqui também um elogio para a excelente qualidade pneus que equipam a FJR. 
Não é por acaso que na minha moto e também na scooter, apenas uso Bridgestone...

Então e os consumos, perguntam vocês? E eu direi, surpreendentes para uma moto que pesa 292 kg, que circulava com as malas cheias e um "caramelo" em cima dela cujo peso passa "alegremente" dos 100 quilinhos!
E também temos de contar com o desvio que fiz até à tal "autobahn" alemã e com as velocidades aí atingidas.


E se vos disser que quando cheguei a Coimbra, o computador de bordo indicava que a FJR 1300 tinha "bebido" 6 litros de combustível, por cada 100 quilómetros percorridos?
A estas velocidades e sem passar pela "Alemanha", a minha, muito estimadinha XJ900 Diversion, teria bebido, no mínimo, mais 1,5 litros de gasolina aos 100!

Uma breve paragem em Coimbra, um "chichi" e um café e vamos lá até à zona de Arganil, onde iria pernoitar.

Mas antes de seguirmos viagem e antes que me esqueça, tenho de falar-vos sobre os modos de condução que a FJR 1300 possui e que são dois: o Touring (T) e o Sport (S). E o que tenho para falar?


Apenas isto: coloquem a vossa FJR no modo Sport e esqueçam que existe o outro, o Touring!

O Touring torna a condução desta Yamaha, numa "coisa sem sal". Sabemos que estão lá 146 "cavalos", mas que se transformam em 146 "tartarugas" neste modo de condução. Não se ganha nada, aliás, até se perde pois, somos obrigados a rodar mais o punho do acelerador e a utilizar mais vezes a caixa de velocidades, "mandando" duas ou três abaixo, até para a mais simples das ultrapassagens.

No modo Sport, fazemos tudo e um "par de calças", desde a condução mais calma do mundo, até à mais desportiva e isto sem que se torne demasiado agressiva, mas agradando pela resposta sempre pronta do motor, seja qual for a mudança que temos engrenada. E isto, com toda a tranquilidade do mundo, sem nervosismos ou tiques estranhos.

Eficácia e "souplesse", são as palavras que mais se adequam ao comportamento do propulsor desta excelente maquina, no modo Sport.


Voltando aos comandos da FJR 1300 e já a rodar pela na N17 – mais conhecida como Estrada da Beira –, estrada que conheço muito bem e enquanto o sol se ia escondendo, deu para finalmente começar a tomar o peso a esta Yamaha e tal como esperava, perceber que é uma moto que gosta (muito) de curvar, mas que eu preciso de algum tempo para a começar a tratar por tu.
Mas quanto mais curvava, acelerava travava e ultrapassava, mais ficava rendido às qualidade dinâmicas desta GT.

Foi aqui que me apercebi de duas coisas em relação à nova caixa de seis velocidade - equipada com uma embraigem "Assist and Slipper"que permite reduzir sem que a roda traseira bloqueie - que equipa a nova FJR: a primeira diz respeito a sentir alguma rigidez no seu acionamento, principalmente quando rodava a baixas velocidades, algo que, em parte, também era devido à baixa quilometragem desta unidade – que me foi entregue com apenas 700 km marcados no seu conta-quilómetros.
Com o passar dos quilómetros e depois do uso intensivo a que foi submetida (já lá iremos), foi ficando cada vez mais macia e certinha, tal como se quer. Mas mesmo assim achei que a baixa velocidade, é assim para o durinha.


A outra "coisa" diz respeito às duas primeiras velocidades serem mais longas do que acontecia com a antiga caixa de 5 velocidades, e as restantes, mais próximas umas das outras.  
Pessoalmente, acho que a primeira velocidade não devia ser tão longa obrigando a que nos arranques, tenhamos de dar um "niquinho" mais de acelerador para efetuarmos um arranque sem solavancos ou até mesmo sem que vejamos o motor a calar-se de repente, principalmente nas manobras. Claro que o próprio sistema de injeção compensa de alguma forma isto, com o elevar da rotação mas com a FJR equipada com a antiga caixa de velocidades, o arranque era sempre mais fácil. Perde-se numas coisas, ganhasse noutras...


Rapidamente cheguei a Vila Nova de Poiares e apontei a moto em direção a Góis, cuja estrada faz as delicias de quem gosta de curvar, embora possua algumas ratoeiras que, para quem não conheça, aqui e ali, possa tornar-se perigosa pois, repentinamente, aparecem algumas curvas cegas e que não estão sinalizadas e depois é o arrepio... "ui ui ui, já fui, já fui, olha pinheiros e eucaliptos aqui tão perto e olha.. safei-me! Ufa!"

Durante este percurso e como estava a ficar um "calorzinho muito estranho", resolvi ligar o aquecimentos dos punhos e... que delíciaaaaaaaa!


De Góis a Arganil, onde iria jantar, foi um pulinho e epá! Que coisa fantástica é esta! Espera tenho de experimentar isto como deve ser quando já for noite escura e nestas estradas, será o ideal.

Mas, esta pobre alminha está a falar de quê, perguntam vocês? 
E eu respondo: do novo sistema de luzes que equipa a Yamaha FJR 1300!

Simplesmente fantástico! 

Quase que se poderia escrever que o sistema de iluminação da FJR, transforma a noite mais escura, no dia mais radioso, tal é o poder de iluminação deste Yamaha. Já conduzi muitas motos, mas nenhuma com uma iluminação tão eficaz como esta.


Não é uma questão de potência (que por acaso até é muita!), mas sobretudo de podermos conduzir de noite e principalmente curvar, a velocidades que nunca atreveria atingir, com outra moto!
Se no que diz respeito à FJR 1300 AE, já sabíamos que agora a sua iluminação era totalmente de Leds, a Yamaha foi ainda mais arrojada ao integrar na sua porta-estandarte, um sistema de luzes adaptativas que é constituída por um conjunto de mais três LEDS em cada farol dianteiro e que, consoante o ângulo de inclinação, vão acendendo um a um.

Todos sabemos as dificuldades que existem quando conduzimos de noite, principalmente por uma estrada de montanha, cheia de curvas e contracurvas, mesmo que a nossa moto possua um boa iluminação. E isto porque, o foco do farol – ou faróis – é fixo, em frente e nas curvas, devido à inclinação, deixa de iluminar, ali mais ao lado, as bermas, principalmente qando travamos antes das curvas e a frente da moto baixa. E isto simplesmente não acontece com a FJR, pois com o acendimento dos três LEDS que iluminam as laterais, posso afirmar, sem exagero nenhum, que da noite se faz dia!
Devido ao sistema de luzes adaptativas, dei por mim a conduzir a FJR de noite, naquelas estradas cheias de curvas e de forma totalmente segura, a velocidades que jamais me atreveria fazer, com uma moto equipada com iluminação normal, por muita boa que esta fosse.

Depois de uma noite bem dormida, um bom pequeno almoço e de ter enchido o "bandulho" da "Éfejota Érre" com comidinha da boa "98 vitaminas", eis-nos prontos a conquistar os "Montes Hermínios", terras onde segundo alguns historiadores, terá nascido Viriato, o Rei-Pastor, o líder dos valentes Lusitanos que povoavam e defendiam, a serra mais alta de Portugal!


E a nossa conquista, minha e da FJR, foi feita por Gouveia, até Manteigas e depois até à Torre, com passagem pela Lagoa Comprida. Desta vez não entrei no modo "Armado em Parvo" (pelo menos a subir) e foi num ritmo turístico-calmo, que trepámos serra acima, parando aqui e ali pois a vaidosa da FJR queria umas fotos tendo como "pano de fundo", aquelas magnificas paisagens.


Durante a subida, resolvi aligeirar um pouco a rigidez da suspensão o que surtiu efeito, tornando-a mais confortável, visto que a qualidade daquela estrada, já teve melhores dias...

Chegados à Torre e volta para trás, agora pela estrada que segue em direção a Seia, que conheço muito bem e suspensão novamente mais rijinha e... num instante, estou a estacionar a FJR junto à Câmara Municipal de Seia, para ir beber uma água das Pedras, bem fresquinha porque, estava todo transpirado: bolas que a Yamaha FJR 1300 AE, curva à grande e à... japonesa!
Agora, já perfeitamente adaptado às suas dimensões e peso, dou por mim a conduzi-la - "quase" - como se fosse quase uma 600, 750, tal é a facilidade com que se deixa levar.


Enquanto eu tentava arrefecer com mais uma garrafa de água fresca, olhando para a FJR estacionada lá fora, impávida e serena, fui arrumando a profusão de sensações e pensamentos relativos à dinâmica deste "maquinão": um excelente e leve quadro de alumínio, um motor sempre disponível, agora agregado a uma, cada vez mais macia, caixa de velocidades, um sistema de suspensão com ajuste eletrónico, travões eficazes que nunca deram sinais de fadiga - mesmo após terem levado uma grande coça a descer a serra! – e tudo isto ligado ao alcatrão através dos excelentes Bridgestone que a equipam, fazem desta GT, quando bem "espicaçada", uma "quase" moto desportiva.
Após a necessária fase de adaptação e quando a começamos a tratar por tu, só apetece puxar cada vez mais por ela pois o seu aprumo é total e mesmo nas maiores inclinações ou mudanças bruscas de inclinação, a sua reação é sempre neutra e bastante intuitiva. Mas atenção, nunca esquecendo que estamos perante uma moto que pesa quase 3 centenas de quilos! 
E isso é sentido no "cabedal" pois, no ritmo em que fiz a descida da serra, numa 600/750, de certeza que não tinha transpirado tanto e não estava tão cansado. Afinal de contas, não é uma R!


Já a tarde ia longa e estava na hora de regressar a Arganil, mas antes de arrancar e de o colocar outra vez a zero o odômetro parcial para uma nova medição, reparo que o computador de bordo indica que nesta volta Arganil/Gouveia/Manteigas/Torre e depois a descida no modo "Armado em Parvo" até Seia, a FJR fez uma média de apenas 5,8 litros! Estou pasmado com estes consumos, pois sei bem o ritmo que impus, durante algumas fases deste percurso!


Ok, agora no regresso, vou tentar conduzir de uma forma, digamos, turística, rodar de forma solta e sem exageros, quase sempre em 5ª e 6ª velocidades.
E lá fui eu, bem mais tranquilo a apreciar as paisagens com que somos brindados quando percorremos a Estrada das Beiras só que, mesmo neste ritmo tranquilo – para a FJR, pois claro! -, rapidamente cheguei ao cruzamento onde deveria virar para a direita em direção a Arganil e encosto na berma da estrada. Desmonto da moto, olho para ela, ela olha para mim e... naaaaaaaaa, ainda é cedo para irmos para casa.

Para onde vamos, eu e a FJR, para onde não vamos e que tal se... fizéssemos uma das minhas famosas visitas relâmpago (a minha famelga diz que sou doido porque por vezes, faço centenas de quilómetros para chegar, dizer olá, adeus e "ala que é Cardoso"!) à minha irmã? É já aqui ao lado... no Carregal do Sal!
Estou cheio de saudades dela (as desculpas que um gajo inventa apenas para andar de moto, são cada vez melhores!).


E lá fui eu, no mesmo ritmo moderado com a FJR a ronronar debaixo de mim.
Visita de meia hora, como já é tradição e... vamos lá "mamar" mais umas dezenas de quilómetros até Arganil, agora sim, para descansar e já com aquela sensação de, amanhã, domingo, é altura de regressar a Lisboa e pior, devolver esta magnifica Yamaha!


Domingo, 9 horas da manhã, já de banho tomado e tralha na moto e vamos lá atestar pela última vez a moto, para o regresso. E mais uma vez o espanto!
 Na véspera, no regresso de Seia e com a passagem pelo Carregal do Sal e chegada a Arganil, no tal ritmo de turista, o computador indicava que a "matajola" tinha feito uma média de 4,5 litros aos cem! Simplesmente incrível!


Bom, vamos lá terminar isto que já vai longo: o regresso a Lisboa foi efetuado no meu ritmo normal de condução, tal como se viajasse na minha XJ900 Diversion, sem ser a pastar caracóis, mas num ritmo q.b, tranquilo e seguro e a pensar que quantos mais quilómetros fazia mais gostava dela, da FJR. 
Realmente, após mais de 800 quilómetros, é difícil não ficarmos a gostar (muito!) desta moto!

Ok, ok, vocês já me conhecem bem... confesso que para me despedir da FJR 1300 AE que, com muita pena minha, tive de devolver à Yamaha Portugal, lá tive eu de fazer uma rápida passagem pela "Alemanha".

Juro que só foi um bocadinho...




Fatores Positivos:
- Design moderno e majestoso
- Qualidade de construção e rigor dos acabamentos
- Equipamento
- Posição de condução
- Conforto
Disponibilidade do motor em todos os regimes
Som dos escapes, quando se puxa pelo motor
Suspensões com ajuste para todos os gostos.
- Sistema de travagem eficaz e à prova de fadiga
- Comportamento dinâmico, em qualquer tipo de estrada.
- Velocidade de cruzeiro "alemã"...
Excelentes consumos

Fatores Negativos:

- Posicionamento dos comutadores no punho esquerdo, algo confuso e de difícil habituação.
Apenas um (pequeno) espaço de arrumação. Muito pouco para uma moto deste gabarito deste gabarito.
- Modo de Condução Touring (T) Mais valia nem existir.
- Menor proteção do pára-brisa, com o assento colocado na posição mais alta.

Avaliação Motor Atual
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(8,5 pontos em 10 possíveis)

Caraterísticas Técnicas
Motor - 4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro, refrigeração líquida
Cilindrada - 1.298 cc
Potência - 146,2 cv às 8000 rpm
Binário - 138.0 Nm às 7,000 rpm
Alimentação - Injeção eletrónica
Ignição - TCI
Transmissão - 6 velocidades
Transmissão final - Veio
Emissões (CO2) - 140 g / km
Chassis - Alumínio, em forma de diamante
Dimensões
Comprimento - 2,230 mm
Largura - 750 mm
Altura - 1,325/1,455 mm
Altura do assento - 805/825 mm
Distância entre eixos - 1,545 mm
Distância mínima ao solo - 125 mm
Suspensões
Dianteira - Forquilha telescópica invertida (48 mm)
Traseira - Braço oscilante tipo "Link" (125 mm de curso)
Travões
Frente - 2 discos (320 mm)
Traseiro - 1 disco (282 mm)
Pneus
Dianteiro - 120/70 ZR17M/C (58W)
Traseiro - 180/55 ZR17M/C (73W)
Depósito de combustível - 25 litros
Peso (em ordem de marcha) - 292 kg



Carlos Veiga (2019)

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