Introdução – Depois de ter experimentado todas as motorizações a gasolina que equipam a versão hatchback do Honda Civic – 1.0 turbo de 129 cv, 1.5 Turbo de 182 cv com caixa automática CVT e o hiper 2.0 Turbo de 320 cv do Type R – faltava levar ao "castigo" a versão de 4 portas do modelo nipónico, o Sedan.
E ainda bem que o fiz porque desde que o vi pela primeira vez o Civic Sedan, ainda em fotos, fiquei imediatamente com a ideia que este modelo viria colmatar a falha na gama Honda em Portugal: a não existência de um verdadeiro "4 portas", desde que o Accord, vá se lá saber porquê, deixou de ser comercializado em Portugal.
Claro que o Civic Sedan, não é um Accord, até porque são automóveis de "guerras" diferentes. Contudo e como veremos mais adiante, é uma excelente alternativa, para quem pretende um Honda de 4 portas.
Sim, é verdade, tambem existiu um Civic de 4 portas, mas sinceramente, nunca morri de amores por ele... mas esta nova geração é diferente. Muito diferente!
Design & Acabamentos – Olhando para este Civic, percebemos imediatamente que é um... Civic (daaaaah!), mas diferente, com uma traseira mais longa e muito diferente, possuindo umas linhas mais consensuais ou... menos "ariscas" que o hatchback.
Os farolins traseiros, em forma de boomerang "casam" muito bem com a traseira mais longa, parecendo até que estamos na presença de um modelo Honda, de um segmento superior.
Aliás, durante este teste e por termos circulado por zonas onde este modelo ainda era absoluta novidade (zona centro, Arganil, Seia, Serra da Estrela), houve até quem perguntasse se era o novo Accord ou que Honda era aquele, o que vem ao encontro do que referi no capitulo anterior.
Ou seja, excelente jogada por parte da Honda Portugal que, não comercializando em Portugal o modelo do segmento superior, o Accord, consegue com este Civic de tamanho "XL", ter no mercado uma magnífica opção para aqueles que pretendem adquirir um Honda moderno mas mais "clássico" que o hatchback, com 4 portas e uma bagageira separada.
Falando agora da qualidade dos materiais, montagem e acabamentos, achei que, pelo menos esta unidade que testámos e apesar de ter poucos quilómetros, não me deixou completamente satisfeito, quando comparado com os diversos Civic que já testei, incluindo o Type R. O que é pena pois, quando olhamos e conduzimos este Honda a ideia com que ficamos, é que estamos perante um automóvel "Premium", ou quase.
O certo é que, por exemplo, a peça plástica situada na zona superior do painel de instrumentos, tem uma qualidade, digamos, "foleira".
Está mesmo ali à frente dos olhos do condutor e muito sinceramente (é apenas a minha opinião), ao nível de design, não acrescenta nada, além de ser desagradável ao toque, principalmente quando comparado com toda a restante zona superior do tablier e do qual provinha uma uma ligeira ressonância.
Mas também da saída de ar frontal, situada do lado esquerdo do painel de instrumentos, vinha um "tic tic tic" que se tornava bastante irritante ao fim de alguns, poucos, quilómetros.
Estes pequenos "problemas", por certo serão facilmente solucionados num qualquer concessionário da marca. No entanto, não deixam de ser incómodos e não deveriam existir num veículo com tão poucos quilómetros como este, ainda por cima sendo um Honda.
Ergonomia e Equipamento – Não é por acaso que comparei este Civic com o Accord.
Sendo marginalmente maior que a versão Hatchback (mais 130 mm), tendo a mesma altura e sendo um "niquinho" mais baixo (menos 18 mm), o certo é que o Sedan parece ser mais espaçoso que o Civic "normal", existindo espaço de sobra para que 5 pessoas viagem confortavelmente instalados.
Na configuração normal, a bagageira tem capacidade para 519 litros - mais 99 litros que o "irmão" e tal como este, os assentos também rebaixam, o que aumenta substancialmente a capacidade de carga. No entanto, não é tão versátil como o hatchback pois a abertura é mais apertada.
Rapidamente encontramos a posição ideal de condução e ficamos perfeitamente integrados com tudo o que nos rodeia.
Quando comparado com o modelo anterior, nota-se que existiu um maior cuidado no que diz respeito à ergonomia, principalmente com a diminuição de comandos (botões) físicos no tablier e no painel de instrumentos.
No entanto, alguns desses comandos, passaram para o volante o que tornou o seu uso algo confuso, obrigando mesmo a que, algumas vezes, tenhamos de olhar para o volante para percebermos em que botão queremos carregar.
Menos continua a ser mais, ou seja, menos teclas, botões e botõezinhos, é sempre sinal de maior facilidade de acionamento e conforto de utilização durante a condução.
No que diz respeito ao equipamento, é um item onde este Honda arrasa por completo a concorrência, principalmente nesta versão Executive!
A maioria dos rivais (salvo raras exceções), para almejarem chegar ao mesmo nível de equipamento que este Civic possui – até mesmo nas versões mais acessíveis -, têm de acrescentar bastantes euros ao preço, tornando-os bastante mais caros que este japonês, made in England.
A lista é bastante extensa:
- Direção assistida elétrica (EPS);
- Travão de estacionamento elétrico com "Brake Hold";
- Faróis com sistema de suporte de máximos e temporizador "Coming Home/ Leaving Home";
- Modo Econ;
- Espelhos retrovisores exteriores aquecidos e com regulação elétrica;
- Ecrã tátil de 7 polegadas;
- Sistema de informação e entretimento "Honda Connect", ao que acresce o Navi Garmin;
- A/C automático duplo;
- Vidros escurecidos;
- Câmara traseira de auxílio ao estacionamento;
- Sensores de estacionamento (dianteiros e traseiros);
- Sistema de suspensão adaptável;
- Teto de abrir elétrico;
- Chave "Smart Key";
- "Pack" de segurança Honda SENSING;
- Carregamento de telemóveis, sem fios;
- Assentos aquecidos (dianteiros e traseiros);
- Assentos em pele.
- Volante em pele;
- Painel de instrumentos totalmente digital;
- Grelha dianteira cromada;
- Luzes LED;
- Lava faróis;
- Jantes de 17 polegadas;
No centro do tablier, encontramos um ecrã tátil de sete polegadas (tecnologia In-Place-Switching) que nos dá acesso – de forma algo complexa e nem sempre mais rápida –, ao sistema Honda Connect e à panóplia de funções, incluíndo o Apple CarPlay que agora permite ao sistema Honda Connect utilizar todas as funcionalidades do iPhone. O condutor tem acesso ao GPS, pode fazer chamadas, enviar e receber mensagens e ouvir as suas músicas favoritas, comandando tudo isto a partir do ecrã por toque ou usando os comandos por voz da função Siri da Apple.
Também com o Android Auto podemos usufruir, através de toque e de interfaces por voz, de todas as funcionalidades deste sistema, minimizando assim o potencial de distração.
A funcionalidade Android Auto é compatível com a versão Android 5.0 ou superior e as aplicações suportadas incluem Google Maps, Google Now, Messenger, música e diversas outras aplicações.
Pela primeira vez, o sistema Honda Connect também permite a regulação do sistema de climatização.
Motor & Dinâmica - Mas, onde realmente o Honda Civic Sedan 1.5 iVTEC Executive se destaca, é quando o colocamos em andamento.
Depois de ter experimentado este motor 1.5 iVTEC equipado com a caixa automática CVT, era com alguma expetativa que esperava pela oportunidade de conduzir o mesmo propulsor mas agregado a uma normal caixa de seis velocidade.
E isto porquê? Porque sabia de antemão que o CVT "castrava" ligeiramente, não a potência, 182 cv (5500 rpm na caixa manual e 6000 rpm na CVT) mas o binário, com uma diferença de 20 Nm a favor do Civic equipado com a caixa manual de 6 velocidades.
Também a velocidade máxima é diferente, com a caixa manual a conseguir atingir os 210 km/h contra os 200 km/h da versão equipada com CVT.
E nota-se assim tanto, essa diferença? Sim, eu notei. Mesmo sendo a versão equipada com CVT, um niquinho mais rápida na marca dos 0 aos 100 km/h (8,2 seg, contra 8,6 seg.) e mesmo sendo eu fã de caixas automáticas, gostei mais do comportamento deste propulsor agregado à caixa manual do que com a automática.
Levando em conta o percurso efetuado, muitas curvas, muitas subidas, principalmente aquela que efetuei até à Torre, na Serra da Estrela, e o tipo de condução efetuado, puxando bastante pelos 182 cv, sei que iria irritar-me solenemente com o arrastamento típico do sistema CVT e com o barulho mais elevado do motor sempre que exigisse mais dele, apesar de que, o CVT da Honda é dos mais evoluídos e onde se sente menos o tal "arrastamento" e o ruído do motor, nas acelerações mais fortes.
E como "exigências" foi algo que não faltou durante este ensaio... abençoada caixa de seis velocidades! Punho ali mesmo ao lado do volante, manuseamento rápido e curso curto e com aquele toque "mecânico", habitual dos produtos nipónicos do qual sou fã. Melhor, só mesmo a do Type R!
Já no trânsito citadino intenso, o conforto proporcionado pelo sistema CVT, vence sem apelo e agravo, qualquer caixa manual!
Resumindo: tudo passa pelo gosto pessoal e pelo uso que vamos dar ao Honda Civic Sedan que pretender comprar.
- Uso mais citadino e menos estradista ou... estradista, mas calmo? Sem dúvida CVT.
- Uso mais estradista e também para um tipo de condução, digamos, mais... desportiva? Também sem espinhas: caixa manual de seis velocidades!
Já em relação a motor, as novidades são mais que muitas:
Na construção deste propulsor os engenheiros da Honda deram especial atenção à eficiência de funcionamento ao longo de toda a faixa de rotações, reduzindo o atrito interno e a diminuição do peso total, através do uso de novos materiais e ao cuidadoso redimensionamento de muitos componentes como por exemplo, o turbocompressor de espiral e baixa inércia com válvula eletrónica Wastegate e que é de menor dimensões, quando comparado com os que são usados pelas marcas rivais. Para redução do peso, os tubos de admissão do sistema turbo são feitos de resina.
O bloco do motor é em alumínio fundido tal como as camisas dos cilindros, garantia de uma maior durabilidade e resistência ao desgaste.
A cabeça DOHC do motor é fabricada em liga de alumínio fundida sob
pressão.
As aberturas de escape são fundidas diretamente na cabeça do motor, eliminando assim a necessidade de instalar um coletor de escape tradicional, Já as duas árvores de cames (à cabeça) são acionadas por corrente – mais silenciosa e sem manutenção –, durando toda a vida útil do motor.
As válvulas de escape, quatro por cilindro, são preenchidas por sódio, o que beneficia a eficiência, as emissões e a potência do motor.
Em relação ao famoso sistema dual VTEC, foi modificado de forma a permitir variar o comando das árvores de cames da admissão e do escape, otimizando a combustão consoante o tipo de condução efetuado.
O sistema de injeção direta possui agora injetores de furos múltiplos, o que contribui para o aumento do binário em toda a faixa de rotação do motor.
Também é novidade, o acelerador eletrónico drive-by-wire com a ligação entre o pedal e a válvula do acelerador, situada no interior da rampa de aceleração, a ser assegurada por um sistema eletrónico inteligente. Este sistema avalia de forma automática, as condições de condução através da monitorização da posição do pedal e da válvula do acelerador, em conjunto com a rotação do motor e a velocidade do veículo.
Deixando a parte "chata" para trás (o debitar da parte técnica)
e voltando à estrada, não temos dúvida: este Honda Civic 1.5 i Vtec Sedan, é um excelente companheiro de estrada e dá um enorme prazer conduzi-lo, seja a rodar calmamente numa qualquer autoestrada, sobressaindo o silêncio e conforto a bordo, ao nível de muitos automóveis do segmento superior (mais uma vez... Hello Accord!) e o pisar robusto e decidido e ao mesmo tempo, a serenidade com que deixa para trás as curvas, mesmo quando nos distraímos na forma como pisamos o pedal do acelerador, levando-nos a viajar, a velocidades muito acima (mesmo muito!) das que são permitidas por lei.
Caso se distraía muito e para evitar "males maiores" do tipo "Senhor condutor encoste à berma!", mais vale fazer uso do eficaz Cruise Control.
Serra da Estrela acima, sobressaíram as qualidade dinâmicas do conjunto chassis/suspensões e que estiveram sempre à altura do bom conhecimento que este vosso escriba tem daquelas estradas serranas e que o levou a puxar pelos 182 cv, serra acima, como se não houvesse amanhã!
E que bem que soube fazer a estrada que sobe a Serra da Estrela e que começa mesmo ali ao lado do Museu da Eletricidade, na Nossa Senhora Desterro, que pouca gente conhece e por isso mesmo, livre de "turistas", daqueles que param a meio das curvas para "ber as bistas"!
O regresso foi efetuado pela estrada que liga a Torre a Seia – passando pela aldeia mais alta de Portugal, o Sabugueiro que, por acaso até fica num vale! - onde, num ritmo bastante tranquilo, pudemos apreciar devidamente o conforto a bordo, acariciados pelo aquecimentos dos excelentes assentos de pele pois, com o chegar da noite, lá fora já fazia um "calorzinho deveras estranho"!
Para terminar este ensaio, falta referir os consumos efetuados neste excelente fim de semana onde tivemos a oportunidade de usufruir do Acc... ops, Honda Civic Sedan 1.5 iVTEC Executive, que ficaram balizados entre, uns magníficos 6,2 litros e uns mais afoitos (a culpada foi daquela estrada serrana e dos 182 cv...) 10,2 litros.
Que belo fim de semana nos proporcionou este Honda Civic Sedan 1.5 iVTEC Executive!
Fatores Positivos:
- Design moderno e com uma traseira mais consensual que a versão hatchback.
- Espaço disponível para condutor e passageiros;
- Posição de condução;
- Equipamento completo.
- Pack de segurança Honda SENSING;
- Comportamento dinâmico;
- Conforto e silêncio a bordo;
- Propulsor sempre disponível em toda a faixa de rotação.
Fatores Negativos:
- Qualidade melhorável de alguns plásticos das zonas do tablier e portas.
- Barulhos parasitas em algumas zonas do tablier.
- Alguma dificuldade em aceder a certas funcionalidades do sistema Honda Connect.
- Demasiados botões no volante.
Especificações Técnicas
Motor – 4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro;
Cilindrada – 1498 cc;
Potência – 182 cv às 5500 rpm
Binário máximo – 240 Nm às 5000 rpm;
Alimentação – Injeção direta, turbocompressor e intercooler;
Transmissão – Caixa manual de 6 velocidades;
Velocidade máxima – 210 km/h;
Suspensões
Dianteira – Sistema MacPherson;
Traseira – Braços múltiplos com controlo adaptável do amortecimento;
Travões
Frente – Discos ventilados de 16 polegadas;
Trás – Discos de 15 polegadas;
Pneus – 235/45 R17;
Dimensões
Comprimento – 4.648 mm;
Altura – 1.416 mm;
Largura (com espelhos retrovisores) – 1.799 mm;
Distância entre eixos – 2.698 mm;
Bagageira – 519 litros;
Depósito de combustível – 46 litros;
Peso – 1321 kg.
Classificação Motor Atual
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(8 pontos, em 10 possíveis)
Carlos Veiga (2019)
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