18 de agosto de 2013

Test-Drive - KTM Adventure 1190 R



Advertência – Esta moto não é para motociclistas de café, tasca, hipermercado, Cabo da Roca, sem experiência, “cagões” e afins.


A KTM Adventure 1190 R é para Motociclistas a Sérioo!


Feita a devida advertência, vamos ao que interessa!

Depois do estrondoso sucesso da Adventure 990, não só devido às suas reconhecidas qualidades, mas também às muitas vitórias da marca austríaca no Dakar, a KTM resolveu apresentar uma nova Adventure, quiçá, algo diferente da 990 mas que, não deixará desiludido o mais empedernido fã da 990 e que, de certeza absoluta, deixará de surpreendido qualquer motociclista que a experimente!


A cor é como o algodão, não engana ninguém, tal como as suas linhas agressivas e radicais: é uma KTM! No entanto, seguindo as novas tendências da “moda”, a Adventure austriaca modernizou-se e porque não dizê-lo, aburguesou-se. 

Possui agora na frente, os leds da “moda”, embora aqui sirvam efetivamente de luzes diurnas (estão homologadas como tal). 
Ou seja, com esta KTM os leds fazem as vezes da obrigatória luz de médio sempre que estejamos em circulação. A luz de médios acende-se automaticamente sempre que a luminosidade diminui, tal como acontece nos automóveis. 

No entanto, prevejo algumas situações complicadas junto das autoridades, sempre que mandarem parar uma Adventure 1190.

“Cheira-me” que irá ser preciso muita argumentação por parte do condutor, para convencer o agente da autoridade que os leds desta KTM estão devidamente homologadas e que são realmente luzes diurnas. 

Continuando nas “modernices” temos direito a um painel de instrumentos super completo que nos informa sobre tudo e mais alguma coisa.

Numa moto destas, claro que o conta-rotações está em grande destaque e é analógico. Junto a este, do lado direito, temos um bem visível écran multifunções que nos informa sobre a velocidade a que circulamos, quantidade de combustível existente no depósito (23 litros incluindo 3,5 L da reserva), temperatura do motor,  relógio e indicação da velocidade engrenada.



No lado esquerdo mais um ecrã multifunções, este acionado através de 4 botões colocados no comutador do punho esquerdo, de manuseamento fácil e intuitivo. 
Temos acesso a dois “trips”, onde nos é transmitida toda a informação sobre consumo médio, distância percorrida, velocidade média, tempo que levamos a percorrer a distância indicada e ainda a informação dos quilómetros que podemos percorrer com o combustível existente no depósito.


Com um clique temos acesso à pressão dos Pneus. 
Outro clique e temos acesso aos variados “mapas eletrónicos” que nos dão a possibilidade de escolhermos basicamente o “temperamento” do motor perante o percurso e tipo de piso que vamos encontrar pela frente. 

Sim, nota-se grandes diferenças entre cada um dos “Drives Modes” possíveis: Sport, Street, Rain e Off-Road. 

Ainda mais um clique e ficamos nos “Favorites” que é como quem diz, indica-nos as informações gerais do funcionamento da moto, incluindo o “Drive Mode” escolhido, odómetro total, consumo médio, velocidade média e km indicados no “Trip” 1. Ou seja, não falta nada para nos fazermos à estrada!


E… chegou a hora de nos sentarmos na Adventure. Convém primeiro dizer que, devido à grande altura desta moto (a mais alta da classe!), pessoas com menos de 1,75 m terão grandes dificuldades em chegar com os pés ao chão.


Na primeira a impressão, parece que o assento do condutor não será dos mais confortáveis. 

Puro engano! É muito confortável e ajudado pela perfeita posição, tanto do guiador como dos pousa-pés (que facilmente permitem que nos coloquemos de pé, tal como se quer numa motos destas), faz com que seja possível rodar grandes distâncias sem que nos sintamos minimamente casandos. Sim, existem maxi-trails mais confortáveis, mas confesso que esta KMT surpreendeu-me bastante neste itém. 

Também o para-brisa, apesar das suas pequenas dimensões, quando colocado na posição mais elevada contribui para o conforto a bordo. 

E ao contrário do que é normal, quanto maior a velocidade a que circulamos, maior é a proteção aerodinâmica, mostrando que também houve especial atenção por parte dos técnicos austríacos neste capítulo. 

Mais do que o seu aspeto, equipamento e conforto, o que mais surpreende nesta maxi-trail é o motor, proveniente da fantástica KTM RC8 R, só que ligeiramente menos potente. Debitando agora 150 cv de potência (175 cv na RC8 R) às 9500 rpm. 



Esta diminuição da potência deve-se a um ligeiro (muito ligeiro!) “amansar da fera” a que este motor foi submetido, para poder ser utilizado de forma, digamos mais “civilizada”, principalmente em pisos de terra. 

Os levados consumos, são das principais queixas dos proprietários das Adventure 990, sendo quase impossível baixar dos 6,5 litros em condições de andamento normal, sem exageros, pois com grande facilidade fazem-se consumos na ordem dos 9, 10 litros gastos por cada cem quilómetros percorridos e... por vezes até mais.



Na nova Adventure, a marca austríaca indica que os consumos baixaram drasticamente e pude confirmar isso mesmo, pois durante este ensaio o consumo mais elevado foi de 8,1 L em cidade (sim em cidade, gasta muito!) e o mais baixo foi de 5,5 L, em estrada, fazendo no entanto um grande (muito grande mesmo!) esforço para não passar dos 120 km/h.


Também comparando com a Adventure 990, o comportamento a baixas rotações é bastante melhor, sendo possível na 1190 passar caixa às 2000/2500 rpm, sem que se sinta o motor a queixar-se, a “bater”, com as tradicionais vibrações e sacudidelas que daí advém. Neste novo modelo tudo se passa de forma bastante mais suave, ajudado por uma caixa de velocidades de acionamento rápido e muito preciso. 

Em conversa com alguns “KTManíacos”, proprietários da Adventure 990 e após terem experimentado a 1190, confirmaram-me isso mesmo: este motor não é tão brusco, rude e vibra bastante menos.

 E… assim dou por terminado este testa-drive à KTM Adventure 1190. Espero que tenham gostado!

Conclusão: é uma moto “fixe” e ficava muito bem na minha garagem!

Agradeço à Migtec que, gentilmente me confiou a KTM Adventure 1190 para a realização deste test-drive.

Mas… o quê? Este test-drive não pode acabar assim? Então o que falta?

Ah… já percebi, querem saber como se comporta a Adventure 1190 R na estrada?

Já podiam ter dito! Então vamos lá!

Basta olhar para esta moto, para sentirmos um friozinho na barriga. “Pior” é quando nos sentamos nela, rodamos a chave da ignição e carregamos no botão do start. O motor acorda de imediato e do espetacular escape Akrapovic – um extra que custa 1212 € - sai um trovejar que nos coloca imediatamente em sentido!

Deixar o motor aquecer durante uns momentos, apertar a manete da (leve) embraiagem, pé esquerdo carrega com muito cuidado no pedal das mudanças (à espera de um “coice” que não aparece) e… “bora lá”.



Os primeiros km, como sempre, servem para ficar a conhecer a moto que levo debaixo de mim e enquanto isso acontece, vou também descobrindo as mil e uma funções do computador de bordo.
Faço o IC19 nas calmas, entro na CRIL para depois apanhar a A5, apontando assim a KTM ao centro da cidade, onde tinha de ir tratar de uns assuntos pessoais.

Já na A5 em direção às Amoreiras, seguia mais ou menos a 120/130 km/h (ou um bocadinho mais…) na 2ª faixa de rodagem, quando um VW Golf atira-se literalmente para a minha frente, vindo da faixa do faixa mais à direita, obrigando-me a travar. Até parece que o “animal” que conduzia o Golf estava a adivinhar que eu precisava de um “motivo” para espicaçar os 150 equídeos que tinha às minhas ordens. Pois é, lá vão duas abaixo, rodo o punho, o Akrapovic ruge e, láaaaaaaaaaaaaaaaa vouuuuuuuuuuuu euuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

Que raio é isto? Enganei-me na moto? Querem ver que trouxe uma R em vez de uma maxi-trail?



Bom.., tinha de tirar todas as dúvidas, mas isso ficaria para mais tarde, pois já estava nas Amoreiras, mais precisamente na entrada para o túnel do Marquês e tinha de acalmar os ânimos.

Claro que no trânsito, as grandes dimensões desta moto atrapalham ligeiramente, principalmente a passar entre os automóveis. 

O consumo dentro da cidade é proporcional ao tamanho e peso desta KTM, ou seja também é grande, chegando a marcar 8,2 L de consumo médio no écran multi-funções.

Rapidamente despachei o que tinha para fazer na zona dos Restauradores e como estava cheio de “dúvidas”, ora vamos lá então tirá-las. Não resisti a coloca-la logo no “Mode Sport”, ainda na  Av. da Liberdade. 
Cheguei ao Marquês de Pombal, apontei a Adventure à Rua Joaquim António de Aguiar (para quem não sabe é aquela rua que sobe e que vai ter às Amoreiras). 

Semáforo verde, arranco, primeira, segunda, abrando ligeiramente, porque havia pessoas ainda a passarem na passadeira, caminho livre, rodo punho e… vejo o céu, meto a terceira rodo punho, vejo o céu, meto a 4ª rodo punho vejo o céu e… olá semáforo das Amoreiras! Incrível!



Uma confissão: nunca fui muito dado a malabarismos em cima das motos, principalmente quando um belo dia, à muitos anos atrás era eu ainda um “moçoilo inconsciente”, ao fazer uma “cavalinho”, numa Yamaha DT 125 LC, virei-me ao contrário e levei com a moto em cima! 
Desde essa altura que “cavalinhos” deixaram de fazer parte do meu “currículo motoclista”! 

No entanto com esta KTM, nada temos de fazer, basta rodar punho com decisão e manter o guiador direito! A Adventure faz o resto sozinha! Mas cuidado, não o façam na primeira velocidade (deixem isso para os craques!), pois arriscam-se a ficarem prensados debaixo dela!



Sigo entretanto em direção à via rápida, rodando em 6ª velocidade na casa dos 120 km/h enquanto havia muito trânsito, mas de repente… duas abaixo, rodo punho agarro-me ao guiador com força e… mesmo numa autoestrada, de repente as retas ficaram mais curtas e as curvas rápidas, transformaram-se em curvas apertadas, tal a ferocidade com que este motor sobe de rotação  e faz a Adventure “devorar o alcatrão! Quarta, quinta, sexta, olho num ápice para o velocímetro digital e já lá estavam 234 km/h “cravados” sem que motor desse sinais de querer desistir, antes pelo contrário! 

Com esta mesma moto sei de quem atingiu os 270 km/h de velocidade máxima, marcados num GPS, ou seja, velocidade real! Extraordinário!

Por incrível que pareça, andando a estas velocidades no Mode Sport,  baixando e subindo mudanças, apenas para sentir a ferocidade deste propulsor, o consumo foi de 7,4 L, menos 0,8 L que o consumo efetuado dentro da cidade.



E abençoados travões Brembo, coadjuvados pelo ABS e pelo MTC (controlo de e tração, sempre prontos a tirarem-nos de situações digamos… mais complicadas.

Mas… nem tudo é perfeito. Passei por diversas vezes dos 200 km/h e a partir daqui e sempre em crescendo, acompanhando o aumento da velocidade, a direção começa a ficar leve e a “velejar”. Ou seja, nem mesmo o amortecedor de direção da White Power, que vem de série, consegue atenuar de forma eficaz este “abanar” da roda da frente, típico da maioria das motos equipadas com roda “21” na dianteira. Poderemos dizer que não é defeito, é feito. 

Como “meia-desculpa”, posso também referir que esta moto já tinha 6 mil km rodados, a maioria em test-drive, efetuados por condutores, todos eles com muita prática neste tipo de motos e que por isso mesmo os seus pneus, já não se encontravam nas melhores condições, facto que vim a comprovar em algumas travagens mais fortes, onde o ABS da roda traseira entrou por diversas vezes em funcionamento, alongando em demasia a travagem. 

Mais tarde, quando dei umas voltinhas muito “softs” por caminhos de terra (deixo a terra para os especialistas, pois decididamente não é a minha praia!), onde deu para perceber que os pneus… “já eram”! 

Como não podia deixar de ser, levei também a KTM para a “estradinha maravilha” onde costumo testar o comportamento dinâmico dos veículos que experimento sejam eles de duas, três ou quatro rodas. 

A Adventure 1190 curva nas “horas” e ao contrário do que acontece na grande maioria dos test-drives que realizo, neste caso fui eu que cheguei aos limites e não a moto! 

Essa foi a razão pela qual iniciei este artigo escrevendo que, a KTM Adventure 1190 R é uma moto para motociclistas experientes, pois acredito que serão poucas, muito poucas, cujos proprietários as levarão aos limites, pois para isso é preciso ter um grande “kit de unhas”!




Informação Técnica

Motor – 2 cilindros em V a 75°, 4 tempos, 4 válvulas, DOHC, refrigeração líquida   


Cilindrada – 1195 cc

Potência – 150 cv às 9500 rpm

Binário Máximo – 125 Nm às 7500 rpm

Transmissão – Caixa de seis velocidades

Óleo do motor – Motorex, SAE 10W-50

Alimentação – Keihin EFI

Chassis – Quadro de cromo-molibdênio aço

Suspensões
Dianteira – WP-USD (Upside down) (diâmetro – 48 mm / curso - 220 mm)
Traseira – WP Choque (curso – 220 mm)

Travões (Brembo)
Dianteiro – Dois discos flutuantes 320 mm. 
Traseiro – 1 disco flutuante, 267 mm.
ABS
Controlo de tração - MTC

Pneus
Dianteiro – 90/90 ZR 21
Traseiro – 150/70 ZR 18

Dimensões
Entre eixos – 1.580 mm.
Altura do assento – 890 milímetros

Capacidade do depósito de combustível – 23 litros (3,5 litros de reserva)

Peso (sem combustível) – 217 kg

Preço atual – 16.300 € + docs.


A moto deste test-drive está equipada com os seguintes extras:

Escape Akrapovic -  1212 €

Proteção do carter – 303 €



- Avaliação -

@@@@@@@@@@


Carlos Veiga (2013)

1 comentário:

  1. Veiga tem toda a razão é um motociclo fantástico.
    Já tive oportunidade de fazer Testdrive e fiquei-me pelo prazer de condução e o quanto impressiona pelo corpo que tem e pela facilidade de condução que proporciona. Quanto ao limite de facto não tenho unhas para ela.
    E um motociclo de eleição.
    Cumprimentos.
    Paulo

    ResponderEliminar