1 de setembro de 2013

CARRO DO MÊS - HONDA CIVIC 1.6 i-DTEC SPORT


9ª Sinfonia - 

Tal como a 9ª sinfonia de Ludwig van Beethoven é considerada por muitos a “master-piece” de Ludwig van Beethoven, também o Honda Civic teve de chegar à 9ª geração para ser equipado com aquele que é, provavelmente, o melhor motor da classe dos diesel 1.6 litros.

Para a maioria dos fãs da marca japonesa, este propulsor deveria ter aparecido, não agora, mas sim no modelo anterior, ou até mesmo na 7ª geração, pois os mais puristas ainda não se esqueceram da “desonra” que foi, verem o Civic equipado com o vetusto e rude motor 1,7 diesel da Isuzu, apesar da sua excelente fiabilidade. Um Honda tem de ter um motor… Honda!

Para quem quisesse, existia sempre a possibilidade de adquirir o Civic equipado com o conhecido motor 2.2 i-DTEC, oriundo do Accord, só que o preço, bastante superior, colocava-o num patamar acima, não podendo assim competir diretamente com os seus rivais mais diretos: Golf, Astra, Focus, 307, etc.



Assim, foi com grande entusiasmo, que numa bela manhã e quente manhã do mês de Agosto, fomos levantar o Civic 1.6 i-DTEC às instalações da Honda Portugal, na Abrunheira.

Mais entusiasmado fiquei quando vi que o Civic que estava destinado ao Motor Atual era a versão Sport e… de cor branca! Sei que gostos não se discutem mas… se comprasse um Civic, tinha de ser branco!

Nave espacial –



Ao aproximar-me, diminui o passo e não hesitei em dar, não uma, mas sim duas voltas ao Civic apreciando a sua estética: a dianteira de linhas futuristas e a traseira com um design, não consensual, do tipo “ou se gosta ou se odeia”, mas bastante original de onde se destacam os farolins salientes e o vidro “dividido” ao meio, conferem a este carro, um visual de “nave espacial”, ainda mais nesta versão Sport equipado com mais uns “mimos” como por exemplo, as jantes de 17 polegadas (pneus 225/45 17) que além de contribuírem para um comportamento dinâmico mais eficaz, como veremos mais à frente, também lhe dão um ar mais desportivo, mais “másculo”.



Abro a porta, sento-me e… dei por mim a pensar no “Star Wars” de George Lucas. Se não fosse apenas um “universo” imaginário, por certo já nos teríamos cruzado algures por aí, com um Honda Civic 1.6 i-DTEC Sport conduzido pelo Luc Skywalker, muito bem acompanhado pela Princesa Leia e levando como passageiros, os irrequietos R2-D2 e C-3PO.

 Instalado no lugar do condutor, percebe-se de imediato que tudo neste automóvel foi estudado e criado em função do condutor, pois tanto o painel de instrumentos como a consola central se encontram perfeitamente posicionados para que tudo esteja ao seu alcance assim como chegue a este, de forma rápida e eficaz, a completa informação que é disponibilizada nos dois centros de informação disponibilizados e situados à frente do condutor. 


Atrás do volante vamos encontrar o conta-rotações – que contém no seu interior o indicador eletrónico “up and down” que indica quando devemos usar a caixa de velocidades, para subir ou baixar uma mudança – estando situados à sua esquerda o indicador da temperatura do motor e à direita o indicador do depósito de combustível. 

Na zona superior do tablier está situado o velocímetro digital, ladeado por duas barras luminosas que mudam de cor, quando conduzimos no “Eco Mode” (já lá iremos), consoante somos mais ou menos “pé-de-chumbo”. 

Mais à direita está situado o ecrã i-MID, onde temos acesso a todo o tipo de informações, entre as quais se destaca, a visualização do que se passa na traseira do Civic, sempre que engrenamos a marcha atrás pois lá atrás, colocada de forma discreta, está uma pequena câmara facilitando assim as manobras, pois a visibilidade para trás é medíocre, muito por culpa do design da traseira e do vidro dividido ao meio.



Infelizmente não é só para trás que a visibilidade é muito limitada pois, conseguir olhar para o velocímetro digital também é tarefa quase impossível.



Por muito que tentemos encontrar a posição ideal de condução que permita ver o velocímetro digital, encontramos sempre o aro do bonito volante (forrado a pele e com comandos que permitem ter acesso ao rádio, telefone e cruise-control) no nosso ângulo de visão. 
Das duas uma, ou conduzimos com o assento colocado na posição mais alta, com a cabeça quase colada ao teto ou então, sempre que pretendemos ver o velocidade a que circulamos, temos de esticar o pescoço!



A consola central também é algo confusa e obriga a um certo período de adaptação, não porque ali existam demasiados botões, como acontece em alguns rivais, mas sim pela forma aleatória como estão colocados, obrigando o condutor a desviar os olhos da estrada sempre que precise de os utilizar. 

De resto, nada de mais a assinalar de menos positivo no habitáculo do Civic. Os assentos da frente são confortáveis, sustentam em o corpo mesmo numa condução mais aguerrida, existindo bastante espaço, para as pernas, assim como entre os assentos. 

Os acabamentos, sem deslumbrarem, estão a um bom nível, sobressaindo o cuidado posto na sua montagem, garantia de muitos quilómetros sem que os sempre irritantes ruídos parasitas apareçam.


Atrás e ao contrário do que acontece com a maioria dos seus rivais, três pessoas viajam confortavelmente instalados, muito por mérito da quase inexistência do túnel central, o que se traduz em maior espaço para a colocação dos pés e pernas do passageiro que viajar no lugar do meio. 

Com apenas duas pessoas instaladas no assento traseiro, um acrescento à comodidade é o apoio de braços central, retrátil e que está “escondido” nas costas do assento.


Não é por acaso que a Honda batizou o assento traseiro de “bancos mágicos”, pois além de se dividirem assimetricamente nas proporções 60/40, com um toque apenas, podem ser rebatidos, aumentando consideravelmente a capacidade de carga da espaçosa “bagageira” (401 L) – com fundo falso (+ 76 L) –, como também possibilita o transporte de volumes de apreciáveis dimensões na zona destinada aos pés dos, pois a base do assento também recolhe, proporcionando assim diversas opções para a colocação da, muita bagagem, que tiver para transportar.

Segundo a marca, podem assim ser transportadas 3 bicicletas de montanha (com as rodas dianteiras desmontadas) ao mesmo tempo, ou 3 malas de viagem tamanho XXL, ou então três sacos de golfe dos maiores!



Quanto ao equipamento nesta versão Sport, além das já citadas jantes de 17 polegadas, temos o volante e o punho da alavanca da caixa de velocidade – logo ali à mão e de manuseamento suave, curto e muito rápida, fazendo-me lembrar a caixa do saudoso Type R da 7ª geração do Civic, que tive o prazer de ensaiar na altura – forrados em pele, pedais em alumínio, espelhos retrovisores elétricos aquecidos e com recolhimento automático, vidros elétricos nas quatro portas, ABS, VSA (Assistência à Estabilidade do Veículo), sistema de travagem no arranque em subida, ar condicionado automático bi-zona, cruise-control, leds dianteiros e faróis com o sistema automático “coming home” (mantém as luzes do carro acesas durante um período de tempo, depois de desligado) entradas USB e AUX e ainda o Sistema de Paragem Automática ao Ralenti da Honda, vulgo “Start and Stop”.

“Earth Dreams” –  Construído em Inglaterra, para a Europa.



Fabricado em Swindow, Inglaterra – a um ritmo de um motor a cada  2 minutos e dezoito segundos –, o novo motor 1.6 L da Honda foi concebido a pensar no condutor europeu, provavelmente o mais exigente do mundo!

Segundo Tetsuya Miyake, líder do projeto do motor 1.6 i-DTEC, esta foi uma nova abordagem à motorização a diesel, criada a partir de uma folha de papel em branco. A Honda procurou, com o nascimento deste novo propulsor, elevar a fasquia e tornar-se uma referência, estabelecendo um novo padrão entre os motores diesel de 1600 cc.

Construído em alumínio e fazendo uso de peças de peso reduzido, onde se incluem as bielas e os pistões mais curtos (o que também contribui para uma menor fricção mecânica), este motor pesa menos 47 kg que o 2.2 i-DTEC.

Fazendo uso de um turbo Garrett (4ª geração) e com a ajuda de um sistema de injeção da Bosch, capaz de trabalhar até pressões de 1.800 bar, a Honda conseguiu que este propulsor fosse capaz de oferecer, uma resposta imediata logo acima das 1500 rpm, sem o habitual atraso que normalmente existe na entrada em funcionamento dos motores de baixa cilindrada equipados com turbocompressor, proporcionando uma condução mais descansada e… rápida, pois não existe nenhum tempo de espera. 
Não é por acaso que o binário máximo (Nm 300) é atingido logo ali às 2000 rpm. Excelente!



Mas não é apenas ao nível do binário e também da potência (120 cv às 4000 rpm) que este motor surpreende pois, nos dias de hoje, tão ou mais importante que as performances de um motor, é a economia por este proporcionado tanto no que diz respeito aos consumos, como também ao nível da emissão de gases poluentes.
A dar uma grande ajuda neste capítulo, temos uma excelente caixa de 6 velocidades, na qual uma sexta velocidade com uma relação mais longa, permite baixar consideravelmente os consumos, quando circulamos em estrada e para que os consumos nos percursos urbanos também sejam mínimos, o sistema “Start-Stop”, que tem um funcionamento discreto, dá uma ajuda preciosa.


Também ao nível da carroçaria o Civic foi muito trabalhado, possuindo agora defletores dianteiros e traseiros de maiores dimensões e ângulo, para que ajudam a reduzir a resistência ao vento e melhoram significativamente a aerodinâmica.

Cereja no topo-do-bolo é o “Eco Mode” (Assistência à Condução Ecológica), que também já equipa outros modelos da marca, como por exemplo, o Insight, o CR-Z e também o pequeno Jazz.

Lembram-se das tais barras luminosas que ladeiam o velocímetro digital, que referi lá mais atrás?

Quando se aciona o botão “Eco”, estas duas barras luminosas dão uma importante ajuda à condução económica e também ecológica pois permitem que o condutor tenha a noção real se vai a fazer uma condução económica ou não, mediante a transição de cores nas barras luminosas, que variam entre o azul-escuro e o verde.

Carregando com convicção no acelerador as barras mantém-se azuis. Conforme vamos aliviando o acelerador, vão mudando para azul claro até ficarem verde, sinal que o motor vai a consumir a menor quantidade de combustível possível para a velocidade a que circulamos, ou a estrada que estamos a percorrer 
Confesso que fiquei viciado naquelas luzinhas e dei por mim a tentar conduzir o maior tempo possível com as luzes verdes acesas, contribuindo assim para uma condução mais económica e consequentemente menos poluidora, devido à menor emissão de gases poluentes (apenas 94 g/km).


Quanto à segurança, penso que está tudo dito, quando se sabe que o Honda Civic atingiu as 5 estrelas nos crash-tests realizados pela Euro NCAP, ou seja está lá tudo a que temos direito e viajamos num dos automóveis mais seguros da sua classe.

Ao volante – 



Nos percursos urbanos o Civic é bastante agradável de conduzir, proporcionando uma condução suave e nada cansativa, muito por culpa da voluntariedade do seu motor onde a quase inexistência do “turbo-lag” (o tal atraso na entrada em funcionamento do turbo) faz com que não tenhamos de manejar amiudamente a caixa de velocidades, rodando com grande facilidade em 3ª e 4ª velocidade, mesmo a velocidades “citadinas”. O trinómio, direção, pedais e caixa de velocidades funcionam em uníssono, garantindo uma condução serena e bastante relaxada.

O funcionamento do ar-condicionado é bastante silencioso, mesmo quando “puxamos” por ele, como aconteceu durante os dias em que estivemos na posse deste Civic, onde a temperatura rondou os 40 graus. 

Rodar em estrada com o Civic é um prazer, pois os 120 cv estão sempre prontos a “saltar” sempre que seja necessário, principalmente nas ultrapassagens e mesmo rodando em 6ª velocidade – a tal mudança mais longa para economia de combustível – as retomas são bastante satisfatórias, embora exista no mercado um ou dois modelos de marcas rivais que conseguem fazer melhor. 
Digamos que a potência do Civic é transmitida às rodas de forma linear ao longo da faixa de rotações, enquanto em alguns dos seus rivais, onde existe  um maior atraso na resposta do turbo, enquanto este não “enche”, a potência aparece de forma mais repentina.



Já a curvar “rapidinho” poucos são os rivais da mesma classe que possuem andamento para este Civic Sport, onde as jantes 17 dão uma grande ajuda.

A dianteira garra-se ao alcatrão que nem uma lapa e apenas nos limites, começa a sentir-se algum nervosismo no eixo traseiro, mas nada que não seja perfeitamente domesticado… assim haja kit de unhas!

Logicamente, também tinha de experimentar o Civic numa via rápida e para isso, nada melhor que percorrer aquele troço de “autobahn” alemã que existe ali algures a “caminho do Algarve” onde pude dar rédea solta aos 120 alegres equídeos deste propulsor. 

Com grande facilidade (e tranquilidade) se viaja a velocidades, digamos, acima da lei, isto sem que o motor demonstre ir em esforço e quando apertámos com ele para ver o que dava…o velocímetro digital marcou 216 km/h, em reta! 

Adoro uma boa "autobahn luso-alemã"! :)

Consumos -





Quanto aos consumos reais efetuados, o mínimo foi de 4,8 litros e o máximo de 5,6 L, o que dá a excelente média de 5, 2 L, por cada 100 km percorridos neste test-drive, algo longe dos consumos indicados pela marca que como se sabe são conseguidos em condições de andamento quase perfeitas, o que não acontece no dia-a-dia e principalmente não acontece quando temos às nossas ordens um Civic com um motor tão voluntarioso, como este!

Nada mau para um moto a diesel de 1,6 cc e 120 cv, pois não?

Resumindo e concluindo -

Se o Honda Civic nas versões a gasolina, já era um rival a ter em conta (apesar do seu design não ser do agrado de todos) agora com a entrada em cena do novo motor 1.6 i-DTEC vai, de certeza absoluta, provocar grandes dores de cabeça às marcas rivais. 

Informação Técnica

 Motor – Diesel, 4 cilindros em linha, montado transversalmente, 4 válvulas por cilindro.

Cilindrada – 1597 cc

Potência – 120 cv às 4.000 rpm

Binário - 300 Nm às 2000 rpm

Alimentação – Injeção direta common rail. Turbo Garrett de geometria variável + Intercooler.

Transmissão – Caixa manual de 6 velocidades

Tração – Dianteira

Suspensões
Dianteira – Sistema Macpherson,
Traseira – Barra de torção.
Barras estabilizadoras de série à frente e atrás.

Travões
Dianteiros – Discos ventilados
Traseiros – Disco

Pneus – 225/45 R17
Raio de viragem – 11,8 m (2,5 voltas do volante)
Comprimento – 4285 mm

Dimensões
Largura – 1770 mm
Altura – 1472 mm
Distância entre eixos – 2.605 milímetros

Número de portas – 5

Capacidade da mala – 401 litros (1.378 litros com os bancos traseiros rebatidos)

Depósito de combustível – 50 litros

Peso – 1.385 kg



Agradecimento

Honda Portugal S.A.


- Avaliação -
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Carlos Veiga (2013)

2 comentários:

  1. Bem, ficou aqui provado que quem ouve a RR faz melhor consumos.. Eheh..

    Muito bom, Veiga.... Como já nos habituaste..

    Abraço

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  2. Nem mais... uma pessoa ouve a RR e adormece ao volante, daí os consumos... já com M80, o ritmo aumenta...

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