A outra face do "Dark Side ou... o regresso da TDM!
Quando
aqui no Motor Atual, testei a Yamaha MT-09, salientei dois aspetos: o
seu comportamento radical e o fantástico motor, que seria ideal para
propulsionar uma moto que se equiparasse à saudosa TDM.
Quase
parecendo que na Yamaha, no Japão, são leitores do Motor Atual (na volta...)
eis que pouco tempo depois, fomos brindados com a MT-09 Tracer que,
sem deixar de ser um membro de pleno direito da gama "Dark Side
by Yamaha", também é a digna sucessora de uma moto com
características tão únicas, como era a TDM.
Com
a Tracer, os designers da marca cujo símbolo é um diapasão,
conseguiram criar uma moto que, tanto tem do radicalismo puro e duro
do "Dark Side" da MT, como faz um paralelismo
quase perfeito com o conceito "two in One" da TDM.
Assim,
estamos perante uma moto com umas linhas bastante agressivas, uma
frente elevada, óticas afiladas muito ao estilo das motos
desportivas da marca e todo um corpo cheio de arestas que, de alguma
forma, transmitem a agressividade e radicalismo "Dark Side",
diferenciando-a de outros modelos supostamente similares.
A "cereja em cima do bolo" a ser dado pelas proteções das
mãos que, se completam de forma quase exemplar o
"pacote" visual da Tracer apenas servem
para isso mesmo, puro design porque, quanto às funções que
supostamente deveriam desempenhar, protegerem as mãos, a sua
nulidade é completa. Estão ali apenas porque ficam bem e não para
que sejam úteis!
Sobressai
na Tracer, com menos funções é certo, o painel de instrumentos
proveniente da XTZ1200 Super Ténéré, bem situado e de ótima
visualização.
É composto por dois quadrantes LCD, onde vamos encontrar toda a informação relativa à moto. No lado esquerdo temos o velocímetro, conta-rotações, indicador do nível de combustível, relógio e ainda a indicação dos modos de condução que temos à nossa disposição e dos quais falarei mais adiante.
É composto por dois quadrantes LCD, onde vamos encontrar toda a informação relativa à moto. No lado esquerdo temos o velocímetro, conta-rotações, indicador do nível de combustível, relógio e ainda a indicação dos modos de condução que temos à nossa disposição e dos quais falarei mais adiante.
No
quadrante mais pequeno, situado à nossa direita, além da indicação
da mudança engrenada – aqui de funcionamento bastante mais rápido
do que acontece na Super Ténéré –, temos acesso à habitual
panóplia de informações onde se incluem:
totalizador de quilómetros e dois parciais, temperatura do motor e
do ar, consumos médio e instantâneo,etc. Tudo isto é comandado
através do comutador do punho esquerdo também da "Tê", onde encontramos os tradicionais botões da buzina, piscas e
acionamento de luzes.
Já
sentado na Tracer, fico espantado com o excelente trabalho
efetuado pela Yamaha. Se não soubesse, diria que esta moto nada tem
de familiar com a MT-09 da qual deriva isto porque, vamos encontrar
uma posição de condução totalmente diferente e... melhor.
Bastante melhor!
Na MT-09 vamos quase completamente pendurados na frente da moto,
numa posição que tanto tem de "ataque" como de desconfortável,
no que é "ajudada" pelo posicionamento das pernas, num
ângulo muito fechado, já na Tracer é completamente diferente,
sobressaindo uma posição de condução equilibrada e até
confortável, conseguida através da excelente combinação
guiador/assento/peseiras, menos radical do que no modelo da qual
deriva.
Se o assento fosse um "poucochinho" menos duro, o conforto seria superior.
Se o assento fosse um "poucochinho" menos duro, o conforto seria superior.
Mas
não se sintam enganados, pois o espírito "Dark Side" está
bem presente. Basta olhar para a sua ciclistíca e
equipamento pneumático, para percebermos que a essência da MT-09
está bem presente.
Antes
de ligarmos o motor e irmos experimentar a Tracer na nossa "pista
de testes", duas considerações: a primeira, é que o
comportamento algo estranho do acelerador, do tipo "on-off",
sentido na MT-09, foi corrigido ou pelo menos, não
está tão agressivo, mostrando que a Yamaha esteve atenta às
críticas.
A
segunda consideração e que também tem a ver com "agressividade",
diz respeito ao D-Mode, que proporciona ao condutor a possibilidade
de alterar o comportamento da gestão do motor em três diferentes
formatos: STD ou standard, o Modo A é o mais "Dark Side"
(na minha opinião "Dark" demais!) e o modo B, mais suave e o
preferido para dias chuvosos ou pisos mais escorregadios.
Resumindo,
o Modo STD (Standard) é o ideal, seja qual for a situação ou tipo
de condução efetuada, mesmo a mais agressiva/desportiva onde o
motor responde sempre de forma convincente e bastante forte, em toda
a sua faixa de rotação.
Quanto ao Modo A, supostamente o que
deveria ser utilizado numa condução mais desportiva, na minha
opinião de pouco serve pois, torna a resposta do motor tão brusca
que retira todo e qualquer prazer que se possa ter na condução da
Tracer, o que apenas vem provar que, uma moto com uma ciclística
competente e um motor bem afinado,
não precisa das "mariquices" de mapas de gestão do motor
e outras "esquisitices", para proporcionar grandes momentos
de condução, seja onde for. Ok, é giro termos aquilo ali, mais uns
botões para mexer, nem que seja para o "style", mas o
certo é que na "vida real", de pouco ou nada servem e...
sempre se poupavam uns trocos. Infelizmente, parece ser algo em que
todas as marcas, cada vez mais apostam e claro se uma tem, a outra
também têm de ter.
No
caso da Tracer aqui em teste e depois de ter experimentado a moto em
todos os modos, principalmente para ver quais as diferenças entre
esta e a MT-09, rodei quase sempre no modo STD e sinceramente, o
comportamento magnifico do seu três cilindros (que maravilha!),
desde as mais baixas rotações, até lá bem acima, dispensa por
completo esse tipo de "gadgets" eletrónicos: 115
cv e 87,5 Nm de binário, são um bom cartão de visita.
Neste motor, a Yamaha, conseguiu juntar as melhores qualidade de um bicilindrico e de um "Four Cylinder".
Do quatro em linha, temos a suavidade de funcionamento, sem qualquer tipo de vibrações nefastas e a forma suave como funciona a baixa rotações, mesmo a baixa velocidade, com a sexta engrenada.
Do quatro em linha, temos a suavidade de funcionamento, sem qualquer tipo de vibrações nefastas e a forma suave como funciona a baixa rotações, mesmo a baixa velocidade, com a sexta engrenada.
Do
dois cilindros, tem aquele "je
ne sais quoi
" único deste tipo de motor, algo que pode ser traduzido entre
o bater compassado dos dois pistons, ao fulgor na transição de
baixas para médias rotações.
Resumindo,
este motor, transmite-os sensações únicas de condução. É um
regalo ouvi-lo subir de rotação, enquanto nos agarramos com vigor
ao guiador, pois o "punch" sentido é tremendo e...
tremendamente viciante!
Com
uma ciclistica à altura – aqui tenho de dar os parabéns à Yamaha
pelo trabalho efetuado pois, com pequenas modificações,
a Tracer resulta numa moto totalmente diferente da MT-09, transmitindo bastante mais confiança. O quero com isto dizer é que, com a MT-09 nunca senti
confiança absoluta para andar a "fundo", muito por culpa
do comportamento nervoso da suspensão dianteira (algo que parece
estar resolvido na versão de 2016). Já nesta MT-09 Tracer, apenas
precisei de alguns km de habituação e depois... o gozo foi total!
A
Yamaha MT-09 Tracer, anda e curva como "gente grande" e não
tenho dúvida que muitos meninos a bordo das suas "RR",
poderão ser surpreendidos por uma máquina destas, quando conduzida por alguém
"inspirado"...
A
maior dúvida que possuía em relação a esta moto, tinha a ver
com um suposto problema. relatado tanto em fóruns como no Facebook.
Ora, segundo alguns proprietários, certas unidades da Tracer
sofriam de problemas de instabilidade a alta velocidade,
principalmente quando se passava dos 180 e principalmente
acima dos 200 km/h.
No
caso da unidade aqui em teste, modelo de 2016, tal "problema"
não existe pois, posso garantir-vos que, por diversas vezes andei
literalmente a fundo (mesmo a fundo!!!!) e... nada de abanões
estranhos que, de alguma forma, retirassem confiança à condução
ou assustassem!
Nestas condições, apenas senti uma grande pressão do vento, mostrando que o pequeno ecrã, protege pouco.
Nestas condições, apenas senti uma grande pressão do vento, mostrando que o pequeno ecrã, protege pouco.
Quem
anda de moto deve perceber que por vezes, basta levarmos uma top-case (por mais
pequena que seja), ou ter uma pressão inadequada nos pneus, para
provocar tais sintomas numa moto, seja ela qual for. Aliás, até
mesmo o próprio desgaste dos pneus, faz com que por vezes esses
sintomas apareçam.
Dou como exemplo a minha moto, uma Yamaha XJ900
Diversion, uma máquina pesada e que pela sua própria natureza não
é dada a grandes velocidades mas que mesmo assim, basta colocar a top-case (cheia ou vazia, tanto faz!), para que a frente
abane freneticamente quando retiramos as mãos do guiador. Ou seja,
qualquer coisa por menor que seja que altere as características da
ciclística, tem grande influência na forma como a moto se
comporta.
Em
relação a este caso, no problema sentido a alta velocidade, o
melhor que têm a fazer é irem ao vosso concessionário da marca e
exporem o "problema".
Se
por acaso acontecer o que já li algumas vezes, que o concessionário
literalmente se borrifou para o "problema", então apenas
têm de enviar um email à Yamaha Motor expor o vosso caso e por certo o vosso problema será resolvido.
Nestes casos é como costumo dizer: "para quê
falar com os anjos, se podemos falar diretamente com "Deus"!?
Voltando
ao teste, se em estrada (quanto mais curvas melhor!) a Tracer nos
maravilhou, também no dia-a-dia mostra que é uma excelente
companheira, devido à sua leveza (210 kg em ordem de marcha), pouca
altura e resposta sempre pronta do motor.
Quanto aos consumos, com "jeitinho", conseguimos fazer consumos na ordem dos "quatro e picos". Já em modo "Dark Side", facilmente, ultrapassa os sete litros por cada cem quilómetros percorridos.
Quanto aos consumos, com "jeitinho", conseguimos fazer consumos na ordem dos "quatro e picos". Já em modo "Dark Side", facilmente, ultrapassa os sete litros por cada cem quilómetros percorridos.
Nota
negativa em cidade, apenas para o tamanho das proteções das mãos.
Gosto do seu aspeto mas... são uns autênticos "trambolhos"
quando pretendemos passar naqueles locais mais apertados,
acrescentando muitos centímetros extra ao guiador.
Os
travões, estão plenamente à altura daquilo que esta moto consegue
fazer. Dois discos de 298 mm à frente e um de 245 mm, mostrando
extrema eficácia, mesmo naqueles momentos mais "loucos".
Em casos extremos é sempre bom sabermos que podemos contar com o
sistema ABS, pouco intrusivo mas que... está lá para quando for
preciso!
Comentário
Final: A Yamaha MT-09 Tracer é, na minha opinião, a moto que melhor
exprime o conceito "Dark Side". E isto porquê? Porque, conseguindo ao mesmo tempo, mostrar um lado pacato e calmo, devido à
grande facilidade de utilização, quando
"espicaçada", deixa saltar cá para fora o seu "Lado
Negro"e aí meus caros amigos, tudo se transforma e o prazer é total.
Digamos que é como uma TDM, no que diz respeito à versatilidade só que... (muito) mais "venenosa"!
Digamos que é como uma TDM, no que diz respeito à versatilidade só que... (muito) mais "venenosa"!
Experimentem-na
e depois digam-me alguma coisa!
Fatores
Positivos:
- Linhas
modernas e agressivas.
- Posição
de condução.
- Fácil
acesso aos mais baixos.
- Resposta
do motor em toda a faixa de rotações.
- Isenção
de vibrações.
- Comportamento
exemplar da ciclistica.
- Travões
Fatores
Negativos:
- Proteções das mãos que, supostamente deveriam servir para
proteger as mãos e não apenas para embelezar a moto e aumentar a
largura do guiador.
- D-Mode
– Não faz falta. O modo STD, chega para tudo e mais alguma coisa. O resto é apenas uma questão de "moda"!
- Ecrã
pequeno, protege pouco a alta velocidade.
Classificação
Motor Atual
@@@@@@@@@@@
Especificações
Técnicas
Motor
- 3 cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida,4 válvulas por
cilindro.
Cilindrada
– 847 cc
Potência
– 115 cv às 10.000 rpm
Binário
– 87,5 Nm às 8.500 rpm
Alimentação
– Injeção de combustível.
Sistema
de lubrificação – Cárter Húmido.
Transmissão
– Caixa manual de seis velocidades.
Transmissão
final – Corrente.
Quadro
– Tipo diamante.
Comprimento
– 2,160 mm.
Largura
– 950 mm.
Altura
– 1,375 mm.
Distância
entre eixos – 1,440 mm.
Altura
do assento – 240 / 260 mm.
Suspensões
Dianteira
– Invertida, curso 137 mm.
Traseira
– Mono amortecedor, curso 130 mm.
Travões
Frente
– Dois discos, 298 mm.
Trás
– Disco, 245 mm.
Pneus
Dianteiro
– 120/70ZR17M/C
(58W).
Traseiro
-
180/55ZR17M/C
(73W).
Depósito
de combustível – 18 litros.
Peso
(em ordem de marcha) – 210 kg.
Carlos
Veiga (2016)
Olá Veiga, no texto onde diz 210 km, acho que seria 210 kg!
ResponderEliminarBela matéria.
Saudações brasileiras!
Olá Paulo, obrigado pelo reparo. Já está corrigido.
EliminarAbraço
A TDM 900 não está se revirando no túmulo, foi bem substituída!
ResponderEliminarA mota dos meus sonhos sem dúvida apesar de estar a cima das minhas possibilidades, talvez um dia mais tarde um bom negocio em segunda mão talvez... A nível de estética está agressiva somente não gosto daquele farol traseiro (como a mt 09) acho a trazeira da mt 07 mais bonita com o farol embutido... Se saisse ai uma mt 07 tracer acho que ia ter de vender um rim...
ResponderEliminarDiga de sua justiça Sr.Veiga e a VFR 800 vale os 2500€ a mais pedidos em relação a esta tracer?
A minha resposta é fácil: não acho piada à nova VFR800. Acho que algures se perdeu a verdadeira essência da familia "VFR". Comparando a VFR com a Tracer, prefiro a Tracer. Já comparando a Crossrunner 800, que na realidade é uma VFR com pernas altas, a conversa é outra...
EliminarTenho de experimentar
ResponderEliminarOlá Veiga,
ResponderEliminarSó um reparo, não mencionaste que esta "tracer" já vem com controlo de tração e suspensão ajustável, o que é mais um trunfo para deixar a concorrência a léguas :)
Abraço
Tens razão, mas cada vez mais, com motos (e carros!) tão equipados, é difícil escrever sobre tudo, principalmente sobre as resmas de equipamento que hoje em dia trazem.
EliminarSe já assim, existe malta que se queixam que os meus testes são muito longos, imagina se falasse de tudo e mais alguma coisa! ehehehe
Abraço
Lançada na Europa em 2015, aguardei um ano para ver essa motocicleta no Brasil. Chegou na Loja e imediatamente o vendedor me ligou. No dia seguinte estava a comprar. E não me arrependí. É pura diversão e, mais para nosso ego, onde passa todos torcem o pescoço. Sua análise foi exata, o único exagero nessa moto é seu protetor de mãos. Forte Abraço.
ResponderEliminarTenho uma TRACER, a moto tem um ótimo motor!! Agora o banco é MUITO, mas MUITO RUIM ,muito DURO e super DESCONFORTÀVEL, pois fiz uma pequena viagem de 300 km e cheguei todo dolorido, outro pondo negativo foi o motor baixo, pois bati várias vezes o escapamento que passa por baixo do motor em muitas lombadas ou quebra molas e isso me
ResponderEliminarpreocupa muito em grandes viagens!!
tenho uma a moto é maravilhosa
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