29 de março de 2016

Em Ensaio: Yamaha MT-09 Tracer 2016


 A outra face do "Dark Side ou... o regresso da TDM!


Quando aqui no Motor Atual, testei a Yamaha MT-09, salientei dois aspetos: o seu comportamento radical e o fantástico motor, que seria ideal para propulsionar uma moto que se equiparasse à saudosa TDM.

Quase parecendo que na Yamaha, no Japão, são leitores do Motor Atual (na volta...) eis que pouco tempo depois, fomos brindados com a MT-09 Tracer que, sem deixar de ser um membro de pleno direito da gama "Dark Side by Yamaha", também é a digna sucessora de uma moto com características tão únicas, como era a TDM.
Com a Tracer, os designers da marca cujo símbolo é um diapasão, conseguiram criar uma moto que, tanto tem do radicalismo puro e duro do "Dark Side" da MT, como faz um paralelismo quase perfeito com o conceito "two in One" da TDM.


Assim, estamos perante uma moto com umas linhas bastante agressivas, uma frente elevada, óticas afiladas muito ao estilo das motos desportivas da marca e todo um corpo cheio de arestas que, de alguma forma, transmitem a agressividade e radicalismo "Dark Side", diferenciando-a de outros modelos supostamente similares. 


A "cereja em cima do bolo" a ser dado pelas proteções das mãos que, se completam de forma quase exemplar o "pacote" visual da Tracer apenas servem para isso mesmo, puro design porque, quanto às funções que supostamente deveriam desempenhar, protegerem as mãos, a sua nulidade é completa. Estão ali apenas porque ficam bem e não para que sejam úteis!


Sobressai na Tracer, com menos funções é certo, o painel de instrumentos proveniente da XTZ1200 Super Ténéré, bem situado e de ótima visualização. 
É composto por dois quadrantes LCD, onde vamos encontrar toda a informação relativa à moto. No lado esquerdo temos o velocímetro, conta-rotações, indicador do nível de combustível, relógio e ainda a indicação dos modos de condução que temos à nossa disposição e dos quais falarei mais adiante.


No quadrante mais pequeno, situado à nossa direita, além da indicação da mudança engrenada – aqui de funcionamento bastante mais rápido do que acontece na Super Ténéré –, temos acesso à habitual panóplia de informações onde se incluem: totalizador de quilómetros e dois parciais, temperatura do motor e do ar, consumos médio e instantâneo,etc. Tudo isto é comandado através do comutador do punho esquerdo também da "Tê", onde encontramos os tradicionais botões da buzina, piscas e acionamento de luzes.


Já sentado na Tracer, fico espantado com o excelente trabalho efetuado pela Yamaha. Se não soubesse, diria que esta moto nada tem de familiar com a MT-09 da qual deriva isto porque, vamos encontrar uma posição de condução totalmente diferente e... melhor. Bastante melhor!


Na MT-09 vamos quase completamente pendurados na frente da moto, numa posição que tanto tem de "ataque" como de desconfortável, no que é "ajudada" pelo posicionamento das pernas, num ângulo muito fechado, já na Tracer é completamente diferente, sobressaindo uma posição de condução equilibrada e até confortável, conseguida através da excelente combinação guiador/assento/peseiras, menos radical do que no modelo da qual deriva. 
Se o assento fosse um "poucochinho" menos duro, o conforto seria superior.
Mas não se sintam enganados, pois o espírito "Dark Side" está bem presente. Basta olhar para a sua ciclistíca e equipamento pneumático, para percebermos que a essência da MT-09 está bem presente.


Antes de ligarmos o motor e irmos experimentar a Tracer na nossa "pista de testes", duas considerações: a primeira, é que o comportamento algo estranho do acelerador, do tipo "on-off", sentido na MT-09, foi corrigido ou pelo menos, não está tão agressivo, mostrando que a Yamaha esteve atenta às críticas.


A segunda consideração e que também tem a ver com "agressividade", diz respeito ao D-Mode, que proporciona ao condutor a possibilidade de alterar o comportamento da gestão do motor em três diferentes formatos: STD ou standard, o Modo A é o mais "Dark Side" (na minha opinião "Dark" demais!) e o modo B, mais suave e o preferido para dias chuvosos ou pisos mais escorregadios.

Resumindo, o Modo STD (Standard) é o ideal, seja qual for a situação ou tipo de condução efetuada, mesmo a mais agressiva/desportiva onde o motor responde sempre de forma convincente e bastante forte, em toda a sua faixa de rotação. 

Quanto ao Modo A, supostamente o que deveria ser utilizado numa condução mais desportiva, na minha opinião de pouco serve pois, torna a resposta do motor tão brusca que retira todo e qualquer prazer que se possa ter na condução da Tracer, o que apenas vem provar que, uma moto com uma ciclística competente e um motor bem afinado, não precisa das "mariquices" de mapas de gestão do motor e outras "esquisitices", para proporcionar grandes momentos de condução, seja onde for. Ok, é giro termos aquilo ali, mais uns botões para mexer, nem que seja para o "style", mas o certo é que na "vida real", de pouco ou nada servem e... sempre se poupavam uns trocos. Infelizmente, parece ser algo em que todas as marcas, cada vez mais apostam e claro se uma tem, a outra também têm de ter.


No caso da Tracer aqui em teste e depois de ter experimentado a moto em todos os modos, principalmente para ver quais as diferenças entre esta e a MT-09, rodei quase sempre no modo STD e sinceramente, o comportamento magnifico do seu três cilindros (que maravilha!), desde as mais baixas rotações, até lá bem acima, dispensa por completo esse tipo de "gadgets" eletrónicos: 115 cv e 87,5 Nm de binário, são um bom cartão de visita. 



Neste motor, a Yamaha, conseguiu juntar as melhores qualidade de um bicilindrico e de um "Four Cylinder". 
Do quatro em linha, temos a suavidade de funcionamento, sem qualquer tipo de vibrações nefastas e a forma suave como funciona a baixa rotações, mesmo a baixa velocidade, com a sexta engrenada.
Do dois cilindros, tem aquele "je ne sais quoi " único deste tipo de motor, algo que pode ser traduzido entre o bater compassado dos dois pistons, ao fulgor na transição de baixas para médias rotações.

Resumindo, este motor, transmite-os sensações únicas de condução. É um regalo ouvi-lo subir de rotação, enquanto nos agarramos com vigor ao guiador, pois o "punch" sentido é tremendo e... tremendamente viciante!


Com uma ciclistica à altura – aqui tenho de dar os parabéns à Yamaha pelo trabalho efetuado pois, com pequenas modificações, a Tracer resulta numa moto totalmente diferente da MT-09, transmitindo bastante mais confiança. O quero com isto dizer é que, com a MT-09 nunca senti confiança absoluta para andar a "fundo", muito por culpa do comportamento nervoso da suspensão dianteira (algo que parece estar resolvido na versão de 2016). Já nesta MT-09 Tracer, apenas precisei de alguns km de habituação e depois... o gozo foi total!

A Yamaha MT-09 Tracer, anda e curva como "gente grande" e não tenho dúvida que muitos meninos a bordo das suas "RR", poderão ser surpreendidos por uma máquina destas, quando conduzida por alguém "inspirado"...


A maior dúvida que possuía em relação a esta moto, tinha a ver com um suposto problema. relatado tanto em fóruns como no Facebook. Ora, segundo alguns proprietários, certas unidades da Tracer sofriam de problemas de instabilidade a alta velocidade, principalmente quando se passava dos 180 e principalmente acima dos 200 km/h.

No caso da unidade aqui em teste, modelo de 2016, tal "problema" não existe pois, posso garantir-vos que, por diversas vezes andei literalmente a fundo (mesmo a fundo!!!!) e... nada de abanões estranhos que, de alguma forma, retirassem confiança à condução ou assustassem! 
Nestas condições, apenas senti uma grande pressão do vento, mostrando que o pequeno ecrã, protege pouco.


Quem anda de moto deve perceber que por vezes, basta levarmos uma top-case (por mais pequena que seja), ou ter uma pressão inadequada nos pneus, para provocar tais sintomas numa moto, seja ela qual for. Aliás, até mesmo o próprio desgaste dos pneus, faz com que por vezes esses sintomas apareçam. 
Dou como exemplo a minha moto, uma Yamaha XJ900 Diversion, uma máquina pesada e que pela sua própria natureza não é dada a grandes velocidades mas que mesmo assim, basta colocar a top-case (cheia ou vazia, tanto faz!), para que a frente abane freneticamente quando retiramos as mãos do guiador. Ou seja, qualquer coisa por menor que seja que altere as características da ciclística, tem grande influência na forma como a moto se comporta.
Em relação a este caso, no problema sentido a alta velocidade, o melhor que têm a fazer é irem ao vosso concessionário da marca e exporem o "problema". 
Se por acaso acontecer o que já li algumas vezes, que o concessionário literalmente se borrifou para o "problema", então apenas têm de enviar um email à Yamaha Motor expor o vosso caso e por certo o vosso problema será resolvido.  
Nestes casos é como costumo dizer: "para quê falar com os anjos, se podemos falar diretamente com "Deus"!?


Voltando ao teste, se em estrada (quanto mais curvas melhor!) a Tracer nos maravilhou, também no dia-a-dia mostra que é uma excelente companheira, devido à sua leveza (210 kg em ordem de marcha), pouca altura e resposta sempre pronta do motor.

Quanto aos consumos, com "jeitinho", conseguimos fazer consumos na ordem dos "quatro e picos". Já em modo "Dark Side", facilmente, ultrapassa os sete litros por cada cem quilómetros percorridos.

Nota negativa em cidade, apenas para o tamanho das proteções das mãos. 


Gosto do seu aspeto mas... são uns autênticos "trambolhos" quando pretendemos passar naqueles locais mais apertados, acrescentando muitos centímetros extra ao guiador.


Os travões, estão plenamente à altura daquilo que esta moto consegue fazer. Dois discos de 298 mm à frente e um de 245 mm, mostrando extrema eficácia, mesmo naqueles momentos mais "loucos". 

Em casos extremos é sempre bom sabermos que podemos contar com o sistema ABS, pouco intrusivo mas que... está lá para quando for preciso!


Comentário Final: A Yamaha MT-09 Tracer é, na minha opinião, a moto que melhor exprime o conceito "Dark Side". E isto porquê? Porque, conseguindo ao mesmo tempo, mostrar um lado pacato e calmo, devido à grande facilidade de utilização, quando "espicaçada", deixa saltar cá para fora o seu "Lado Negro"e aí meus caros amigos, tudo se transforma e o prazer é total. 
Digamos que é como uma TDM, no que diz respeito à versatilidade só que... (muito) mais "venenosa"!
Experimentem-na e depois digam-me alguma coisa!

Fatores Positivos:
- Linhas modernas e agressivas.
- Posição de condução.
- Fácil acesso aos mais baixos.
- Resposta do motor em toda a faixa de rotações.
- Isenção de vibrações.
- Comportamento exemplar da ciclistica.
- Travões

Fatores Negativos:
- Proteções das mãos que, supostamente deveriam servir para proteger as mãos e não apenas para embelezar a moto e aumentar a largura do guiador.
- D-Mode – Não faz falta. O modo STD, chega para tudo e mais alguma coisa. O resto é apenas uma questão de "moda"!
- Ecrã pequeno, protege pouco a alta velocidade.

Classificação Motor Atual
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Especificações Técnicas
Motor - 3 cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida,4 válvulas por cilindro.
Cilindrada – 847 cc
Potência – 115 cv às 10.000 rpm
Binário – 87,5 Nm às 8.500 rpm
Alimentação – Injeção de combustível.
Sistema de lubrificação – Cárter Húmido.
Transmissão – Caixa manual de seis velocidades.
Transmissão final – Corrente.
Quadro – Tipo diamante.
Comprimento – 2,160 mm.
Largura – 950 mm.
Altura – 1,375 mm.
Distância entre eixos – 1,440 mm.
Altura do assento – 240 / 260 mm.
Suspensões
Dianteira – Invertida, curso 137 mm.
Traseira – Mono amortecedor, curso 130 mm.
Travões
Frente – Dois discos, 298 mm.
Trás – Disco, 245 mm.
Pneus
Dianteiro – 120/70ZR17M/C (58W).
Traseiro - 180/55ZR17M/C (73W).
Depósito de combustível – 18 litros.
Peso (em ordem de marcha) – 210 kg.

Carlos Veiga (2016)

11 comentários:

  1. Olá Veiga, no texto onde diz 210 km, acho que seria 210 kg!
    Bela matéria.
    Saudações brasileiras!

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    1. Olá Paulo, obrigado pelo reparo. Já está corrigido.

      Abraço

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  2. A TDM 900 não está se revirando no túmulo, foi bem substituída!

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  3. A mota dos meus sonhos sem dúvida apesar de estar a cima das minhas possibilidades, talvez um dia mais tarde um bom negocio em segunda mão talvez... A nível de estética está agressiva somente não gosto daquele farol traseiro (como a mt 09) acho a trazeira da mt 07 mais bonita com o farol embutido... Se saisse ai uma mt 07 tracer acho que ia ter de vender um rim...
    Diga de sua justiça Sr.Veiga e a VFR 800 vale os 2500€ a mais pedidos em relação a esta tracer?

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    1. A minha resposta é fácil: não acho piada à nova VFR800. Acho que algures se perdeu a verdadeira essência da familia "VFR". Comparando a VFR com a Tracer, prefiro a Tracer. Já comparando a Crossrunner 800, que na realidade é uma VFR com pernas altas, a conversa é outra...

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  4. Olá Veiga,

    Só um reparo, não mencionaste que esta "tracer" já vem com controlo de tração e suspensão ajustável, o que é mais um trunfo para deixar a concorrência a léguas :)

    Abraço

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    1. Tens razão, mas cada vez mais, com motos (e carros!) tão equipados, é difícil escrever sobre tudo, principalmente sobre as resmas de equipamento que hoje em dia trazem.

      Se já assim, existe malta que se queixam que os meus testes são muito longos, imagina se falasse de tudo e mais alguma coisa! ehehehe

      Abraço

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  5. Lançada na Europa em 2015, aguardei um ano para ver essa motocicleta no Brasil. Chegou na Loja e imediatamente o vendedor me ligou. No dia seguinte estava a comprar. E não me arrependí. É pura diversão e, mais para nosso ego, onde passa todos torcem o pescoço. Sua análise foi exata, o único exagero nessa moto é seu protetor de mãos. Forte Abraço.

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  6. Tenho uma TRACER, a moto tem um ótimo motor!! Agora o banco é MUITO, mas MUITO RUIM ,muito DURO e super DESCONFORTÀVEL, pois fiz uma pequena viagem de 300 km e cheguei todo dolorido, outro pondo negativo foi o motor baixo, pois bati várias vezes o escapamento que passa por baixo do motor em muitas lombadas ou quebra molas e isso me
    preocupa muito em grandes viagens!!

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  7. tenho uma a moto é maravilhosa

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